Tic tac toc

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Já havia feito todas as operações matemáticas com todas as combinações numéricas que eram possíveis formar no relógio que estava em minha frente, pendurado na parede nada simétrico ao quadro ao lado em homenagem a diretora recém nomeada ou a estante de troféus abaixo.

Lutei contra a vontade que crescia em mim em levantar e arrumar a decoração, apenas desviei o olhar.

O som do ponteiro já havia entrado em minha cabeça, parecia algo dentro de mim, como uma bomba relógio.

Tic, tac, tic, tac, tic, tac

Meu estômago se embrulhou em pensar ter uma bomba prestes a explodir dentro de meu corpo.

Respirei fundo e estralei meus dedos pela quarta vez, de acordo com minhas contas, em um espaço de tempo de vinte minutos. 

Odeio ficar sozinho, vulnerável aos meus pensamentos, preso em minha própria mente, girando em círculos sem nunca sair do lugar.

Um minuto atrasado, o sinal tocou anunciando o final da aula.

Finalmente!

Dei uma última olhada para a decoração da parede enquanto pegava minha mochila e me levantava do chão, ao passo que as portas do corredor se abriam e vários alunos saiam de suas salas, afobados querendo chegar logo ao refeitório, normal.

Yoongi veio em minha direção, seu rosto aparentava cansaço ou talvez fosse apenas desinteresse, nada novo.

— Por quanto tempo você ficou me esperando? — abriu seu armário que ficava ao lado do meu, guardou seus livros e pegou sua mochila. Observei seus movimentos aleatórios, sem precisar se incomodar com irritantes padrões.

— Hm sei lá, não prestei atenção no relógio ou no estúpido tic tac dos ponteiros. — fechou o armário e o trancou me olhando de olhos semicerrados, era mentira. — Vinte minutos.

— Você esperou por vinte minutos? Teve teste ou algo assim? — pegamos nossas mochilas e fomos para o refeitório, onde se concentrava a maior parte dos alunos, estava uma multidão, quase sem lugares para se sentar.

— Teste de matemática, fiz em dez minutos, os outros dez eu usei para desenhar no verso da prova e os outros vinte foram muito bem gastos pensando em diferentes modos de se destruir um relógio. 

Yoongi hyung pegou seu almoço e eu optei apenas por uma garrafa de água e fomos nos sentar com Hoseok hyung, com Hoseok eu queria dizer: Hoseok, Taehyung e… Jimin, já sentia minha mão suar fria ao entorno da garrafa que segurava.

— E então? Qual foi a melhor maneira? — sai do transe em que entrei enquanto andava.

— O quê? — perdi totalmente a linha do raciocínio.

— De se destruir um relógio. — nos sentamos e automaticamente a atenção da mesa foi voltada para nós.

— Tacar fogo, ou jogar de um prédio, ou passar por cima com um trator. — enumerei as opções. Bebi um longo gole de minha bebida enquanto observava Jimin conversando com Taehyung sobre qualquer coisa que não consegui ouvir.

— Ótimo, vamos tacar fogo em um relógio quando chegarmos em casa. — Yoongi chamou minha atenção com sua ideia inusitada.

— O quê? — Hoseok perguntou em nossa frente. — Qual o propósito disso?

— Aliviar o estresse do Jeon aqui. — deu um tapinha em meu ombro, sorri para ele, não iria ajudar mas confesso que a ideia havia despertado interesse em minha pessoa.

— Não vai dar, minha mãe chega de viagem hoje, inclusive hyung, seu carro tá limpo né? Não quero que minha mãe saiba das coisas que meu querido primo anda fazendo dentro daquela coisa. — falei com meu melhor sorriso malicioso em direção a Hoseok, ele pegou seu guardanapo, amassou e jogou em mim, sem sucesso.

Em teus olhos vi constelações {taekook}Onde histórias criam vida. Descubra agora