Kim Taehyung

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Peguei uma xícara e enchi de café, coloquei três colheres de açúcar e me sentei no sofá confortável da sala da senhorita Seo Yangmi, ela me encarava serena esperando que eu começasse a contar sobre a minha semana.

Dei um longo gole no meu café e observei a pequena fumaça que saia do mesmo, as palavras começaram a sair de forma natural quase como se eu não estivesse fazendo esforço.

— Ontem fiz um teste de matemática. 

Yangmi se recostou em sua cadeira me observando, a pergunta se formulando em sua expressão.

— E como você acha que se saiu?

Bom, eu nunca havia tirado uma nota abaixo de dez na minha vida em matemática, não tinha como ter ido mal, mas explicar isso para a parte totalmente insegura de mim, era uma tarefa um tanto quanto complicada.

— Bem eu acho? Terminei a prova muito cedo, talvez tenha me enganado e feito alguma coisa de errado, estava muito fácil.

Ela retirou seus óculos e os colocou na mesa a frente, propositalmente os deixando tortos, meu olhar seguiu para o resto da decoração, tudo muito, aleatório, nenhum padrão, como?

Minha mente estava trabalhando, quase sentia as engrenagens se movendo dentro de minha cabeça, meu olhar caiu para seu óculos depositado de maneira desleixada, Yangmi seguiu meu olhar até os óculos, então se recostou na cadeira e cruzou os dedos.

Respirei fundo e me sentei mais ereto no sofá.

— Só porque estava fácil não quer dizer que você tenha errado tudo, você sabe, como é fácil e inconveniente para você, os números.

Infelizmente.

— Pois é. — me obriguei a olhar para fora, para as árvores, as folhas sendo arrastadas pelo vento. — Minha mãe chegou ontem de viagem.

— Oh e isso é bom?

Parecia Yoongi falando, quase esbocei um sorriso ao pensar no amigo dizendo tal coisa.

— Sim, quer dizer, eu amo minha mãe sabe? — tinha algo a mais que eu queria dizer, estava dentro de mim a muito tempo. — Eu queria que ela ficasse por mais tempo, mesmo sabendo o quanto isso me faz mal.

Desde que ela começou a viajar, minhas crises tem aumentado e diminuído consideravelmente, não é a presença dela ou a falta de presença dela, totalmente insensível de minha parte dizer que meu psicológico fica melhor quando ela está fora, mas sempre que ela diz estar vindo, meu corpo entra em colapso minha mente não desliga um sequer segundo, nunca sei direito o que fazer, e tudo piora quando ela me dirige o mesmo olhar de pena, como se ela pensasse que eu fosse louco, bem tudo volta ao normal.

Normal, outra palavra que eu sempre tentava encaixar no meu vocabulário, ou na minha vida, em meus pensamentos desconexos e repetitivos, difícil.

— Eu só… eu nem ao menos sei o que ela faz lá! É tudo sobre mim, eu tô cansado de pensar em mim ou falar sobre mim, meus pensamentos, tudo gira em torno de mim, eu quero me permitir entrar em algum local sem ter que pensar se os malditos números na parede são divisíveis ou não por três, e se forem, o alívio que isso me traz, danem-se os números e tudo isso. — sem perceber eu já havia terminado a xícara, me levantei para pegar mais, mesmo sabendo que isso não era saudável, eu não era saudável, que mal faria?

— Nada mudou? Sua mãe ainda insiste em fechar os olhos para seus problemas psicológicos?

Eu sabia que esse tipo de pergunta fazia parte do tratamento: me tirar da minha zona de conforto, e não parecer maldoso, mas era a mais pura verdade.

Em teus olhos vi constelações {taekook}Onde histórias criam vida. Descubra agora