1. As melhores violetas

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Axia atravessou uma floresta inteira antes sequer de se lembrar que não havia escapatória alguma.

— Puf, puf! Não aguento mais... argh! — berra a bruxa feita de vidro, enquanto o vulto cinza pousa em cima da mesma e a despedaça.

— Não! — lamenta a bruxa mais nova, parando para olhar para trás.

— Vamos logo Axia! Não temos tempo! — chama a bruxa mais velha pela jovem que lamentava.

A pequena estava em choque, uma de suas irmãs morrera ali diante de seus olhos e Axia nem teve tempo de se despedir, não tem muito tempo reservado para sua tristeza, pois é interrompida ao ser puxada pela outra que a conduz com toda pressa possível, abandonando as bestas.

— São Gárgulas, nós não podemos fazer nada contra eles. — explica a mais velha, puxando o braço de Axia com toda pressa possível e indicando para cobrir-se com o capuz.

A fuga é frenética, ambas não conseguem parar, a vida de ambas dependem daquilo, mas a corrida é barrada ao ver algo que obrigaria as irmãs a pararem.

Um portão de jardim, metálico que se mostrava trancado.

— Não dá pra passar! O cadeado é magico! — a mais nova diz, tentando destruir o cadeado.

— É, mas sinto que é aqui é o lugar certo, não está sentindo o poder imenso do outro lado? — afirma a mais velha com total certeza em sua voz.

Uma sombra paira por cima das duas.

Rugidos sopram das árvores anunciando a presença das gárgulas que em instantes a encurralam.

Axia em um impulso de sobrevivência atravessa o portão se tornando intangível, um alívio imenso toma conta de si, mas aquela sensação não iria durar muito, pois ao olhar para trás, percebe a irmã do lado do fora, cercada pelas feras.

Naquele momento, Axia se arrependeu do que tinha feito, um frio tomou conta de toda sua espinha, desesperada ela tenta repetidamente derrubar o portão enquanto a mais velha calmamente sussurra, para acalmar a irmã.

— Você conseguiu passar irmãzinha, aproveite sua liberdade — lágrimas silenciosas rolavam em sua face.

— O que!? Cynthia... o que você pensa que está fazendo!? — seus gritos são ignorados por Cynthia, que com serenidade tira suas mãos das grades e vale torna para a frente, se deixando ser vista pelos olhos alaranjados das criaturas que já se preparavam para atacar.

— Se eu deixar você aí, você vai...

- Não se preocupe comigo. Lembre-se que o destino deste país está em suas mãos! - Cynthia cerra seus olhos, sua respiração se torna branda, quando as bestas saltam para atacar, a bruxa entra em auto-combustão, chamuscando a todos e se tornando pó.

— Cynthia! — Axia percebeu que era tarde demais, quando as cinzas já voavam em sua direção.

Axia agora se encontrava em um misto de emoções que a deixava entorpecida, solidão e arrependimento era o que inundava sua alma naquele momento para o qual ninguém está preparado: a perda de alguém querido. Por um instante, Axia pensava em desistir da missão, se devia ou não entrar em auto-combustão como Cynthia.

" Se eu tivesse conseguido quebrar o portão, ela ainda estaria aqui" Axia duvidava de si mesmo, mas no momento não tinha escolha a não ser voltar logo a realidade, repetindo mentalmente um não com toda sua fé.

"Não! Eu não vou desistir, senão o sacrifício de milhares de bruxas terá sido em vão! Tenho que prosseguir se quiser honrar a memória de Blanche e principalmente a de Cynthia".

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