Um Romance Inesperado

Inusitado???

Acordo com a maior ressaca, mas não só com a dor de cabeça infernal e vontade de morrer, com ressaca moral também depois da vergonha que foi aquilo com o Aron, eu com meus 26 anos, graduada dando o maior pt?? Agora mesmo eu aprendo a não passar dos limites, a vida também não precisava ser tão cruel assim comigo né, bem na hora que eu ia beijar o cara, quais as chances que eu teria de beijar um ator famosão desses?? Levantei para beber muita água e tomar um remédio para tentar me ajudar, com essa dor insuportável eu não levanto mais hoje nem que me paguem, muito menos para ir dar uma caminhada, já são umas 10 horas até e só acordei por causa da dor de cabeça torando, mas vou voltar a dormir porque ninguém merece. Agora medicada com um sono menos conturbado, meus sonhos voltam ao acontecimento de ontem mas de uma maneira menos trágica, cá estou eu linda e bela beijando ele, a música some, a multidão some, sobramos só eu e ele, mais nada. Mas alegria de pobre dura pouco e eu já acordo logo triste, com fogo no rabo e, principalmente, muito arrependida. Igor, Feital, Ana e Duda vieram checar se eu ainda estava viva respirando e me encontram acordada, com a pior cara possível, meu cabelo todo embolado e o que ainda sobrou do meu corpo jogado na cama. Dão graças a Deus porque realmente imaginavam que eu tivesse morrido aqui sozinha, já são 14:30, eles querem sair para almoçar mas eu não aparecia. Me levanto então cheia de várias dores no corpo que nem sei como arranjei e eles saem para que eu possa me arrumar, tomo um banho gelado que espero que me ajude um pouco e coloco a primeira roupa que eu encontro, um short e uma blusa larguinha, calço meu tênis e não me preocupo nem de cobrir alguma coisa com maquiagem na minha cara de defunto morto há 48 horas. Saio para encontrá-los na entrada um pouco preocupados mas, apesar de tudo, já estou bem melhor do que antes, a dor diminuiu bastante e estou morta de fome mesmo. A gente cansou de restaurante e resolveu ir até um shopping com praça de alimentação para comer o bom e velho fast food, MC Donald's, Burger King e essas coisas, eu escolhi e comprei minha comida e sentamos a mesa. Peguei o celular e comecei a mexer no twitter, vendo atualizações de tudo que está acontecendo no Brasil agora, o mesmo caos de sempre, Panic! at Brasil, etc. Então mudo para o Instagram e me deparo com uma foto do Omar e do Aron na festa de ontem, o que só me lembra o vexame que passei, socorro meu pai do céu porque me fizeste otária desse jeito... Meus queridos amigos finalmente reúnem coragem para falar sobre a cena de ontem (rindo muito como os filhos da puta que são) e eu conto cada detalhe da situação com o Aron, o que faz as meninas pirarem e darem um ataque de histeria no meio da praça de alimentação do shopping, micos na Espanha leves e tênis. Depois de um tempo de conversa, nós levantamos para dar uma volta pelo shopping porque nem só de turismo vive o viajante né, entramos em algumas lojas, experimentamos roupas, usufruímos do capitalismo, tomamos sorvete e resolvemos ir ao cinema, voltando aos antigos rolês típicos de adolescente que dávamos anos atrás. Todos nós nos conhecemos na escola, estudávamos na mesma sala, alguns entraram na escola pequenininhos e outros foram entrando mais para frente como eu, nosso grupo (os "Focados") se formou no primeiro ano do ensino médio quando numa aula de sexta-feira só nós 7 da turma fomos à escola e então combinamos de ir a um rodízio de japonês na hora do almoço e começou uma pequena richa na turma e foram os outros colegas que começaram a zuar esse nome, que acabou pegando e viramos esse grupo que persiste até hoje, tenho muitas saudades dessa época inclusive. Mesmo após a formatura, que cada um seguiu seu caminho, continuamos muito amigos e hoje estamos simplesmente viajando juntos na Espanha. Agora acabou o momento historinha flashback, estamos voltando pra hospedaria porque hoje o dia é mais descanso mesmo, no máximo vamos nos juntar em um quarto para jogar alguma coisa (sem bebida dessa vez né). No fim foi um dia muito bom, ficamos quietinhos no quarto conversando e contando fofoca, uma boa pausa nessa vida agitada que estávamos levando.

Os dias seguintes foram passando normalmente sem muita farra até que chegou a semana seguinte que Ana e Igor começariam as gravações daquela série com os meninos que eles falaram, no primeiro dia fomos todos juntos acompanhar os dois, até porque né chance única de conhecer um set de filmagens da Netflix e poder apoiar nosso amigo que até então nunca tinha feito um trabalho desses na vida e nos pegou totalmente de surpresa. É algum tipo de drama médico ou sei lá, mas acabamos esbarrando com os meninos e ver o Aron pessoalmente acabou me fazendo suar de nervoso, um misto de calor e vergonha. Cumprimentei os dois olhando pro chão, pra parede, qualquer outra coisa. Omar pareceu achar graça, provavelmente porque o amigo deve ter contado para ele a piada que eu era, e vamos de perder a chance com os dois boys ao mesmo tempo né. O cenário era num prédio que foi feito de hospital, tudo muito profissional, era minha primeira vez vendo aquilo e foi incrível para mim já que na época do colégio até considerei fazer cinema ou rádio e tv, era do tipo cinéfila, gostava muito desse tipo de coisa e de quebra ainda ia poder conhecer os crushs famosos, mas minha paixão por geografia falou mais alto e segui por isso mesmo, hoje tenho um instagram das viagens que faço e até que faz bastante sucesso, não sou blogueira mas pelo menos recebo muitos feedbacks bacanas e até várias dicas. Mas enfim, eu me disperso muito nos pensamentos, o assunto agora é outro, estou vendo algumas cenas com meus amigos e nem da para imaginar que no final isso tudo vai virar uma superprodução. Já é 13:30 e eles dão uma pausa para o almoço e antes que eu consiga sair com os meus amigos para comer em um lugar aqui perto, Omar me chama:

-Ei, Yasmin - ele me para - Eu tava querendo conversar com você um pouquinho, podia ser lá no terraço mesmo, tranquilo?

- Ah, sim, tudo bem. - eu respondo meio incrédula sem ter a mínima ideia de qual pode ser o assunto.

Nós subimos de elevador até o terraço, onde da para ver o céu de Madrid bem claramente, o sol no começo da sua descida do pico e apenas algumas poucas nuvens no vasto azul claro. Nós nos sentamos em um banco de pedra que se encontra bem perto da borda, encostados em uma parede.

-E aí, sobre o que você quer falar? -eu pergunto ainda sem ideia nenhuma.

- Então, é meio sei lá vergonhoso mas enfim, eu meio que tava notando você naquele dia e tal e eu sei que você ia ficar com o Aron mas eu só queria deixar bem claro que eu também tenho interesse.

Gente??? Eu fico completamente sem reação porque ele foi super direto e eu não sou muito do tipo boa com palavras e eu simplesmente não sei como responder isso, tipo claro eu ficaria com ele super mas e aí, eu falo isso e acabou? Ele vai ficar o que, olhando pra minha cara? Vai me beijar? Mas eu não tava preparada para isso agora, sei lá não rola nem um chicletinho? Sim, entrei em pânico e meu cérebro tá tendo tilt nesse momento.

-É-é eu é, tipo tá ok entendi mas tipo eu é assim, claro é eu sim ficaria super com você sim eu acho né sei lá se você quiser, mas tipo claro que você quer né, acabou de falar mas tipo você entendeu o que eu quis dizer, desculpa tô nervosa - eu dou uma pausa para respirar e tentar controlar a pane no sistema - o que quero dizer é: sim eu também tenho interesse, independente da história com o Aron, até porque sou uma mulher solteira e livre né, sem problema nenhum.

Falei e esperei alguma reação porque não conseguia imaginar o que ele ia fazer, se ia me beijar ou falar "é, maneiro".

-Entendi... Claro que eu poderia te beijar agora mas não sei se é o clima ideal e também a gente meio que tá perdendo o horário de almoço então acho melhor descermos logo - ele diz meio sem graça e perdido, pelo visto ele também não planejou muito bem isso tudo, o que só torna tudo mais fofo meu deus esse homem é tudokkk.

Descemos e o clima no elevador foi aquele silêncio meio desconfortável, cada um em uma parede oposta, os andares parecem que não acabam nunca, estamos aqui dentro há uma eternidade, eu me mexo desconfortável e tento tentar puxar algum assunto mas só sai uma letra antes que eu esteja com as costas espalmadas na parede, foi tudo muito de repente mas em um piscar de olhos os braços dele estavam na minha nuca, sob meus cabelos me puxando para um beijo intenso e inesperado, mas não por muito tempo fiquei sem reação pois logo correspondi o beijo, passando meus braços sobre seus ombros, a tensão que vinha com a possibilidade de alguém nos pegar ali dentro só deixava tudo mais excitante...