Centuries

Cap.1

O som das fortes batidas na madeira endurecida nunca sairiam da mente de Violet. No mesmo instante, soube que seriam péssimas notícias. Quando correu até a porta e viu o rosto marcado por cicatrizes de um homem uniformizado, soube que estava tudo perdido.
—O seu pai... se feriu numa batalha e não resistiu. Fizemos de tudo, mas era tarde demais. Não se pode curar uma infecção tão facilmente. Isto pertenceu a ele, foi de sua família por gerações."
Aquelas palavras se repetiam na mente dela, dia após dia, hora após hora. Ela sentia o frio do metal em sua mão quando a segurava. A espada de sua família. Em seu reflexo, podia ver os olhos inchados e vermelhos por causa do choro. Podia escutar sua mãe chorando enquanto suas irmãs tentavam a consolar. Precisava fazer algo. Não podia ficar ali vendo os que amava sendo destruídos.
Sua família sempre fora de homens valentes. Pouco reconhecidos em meio a tantos ricos que não saíam de suas casas. Mas eram grandes guerreiros. Seu pai fora um dos mais bravos e corajosos que existira. Treinou suas filhas da mesma maneira que seu filho mais velho. O rapaz tinha sido escolhido para lutar também, entretanto, as moças tinham ficado para trás. Mulheres não eram aceitas no exército. Bem, isso não iria impedi-la.
Levantou-se, deixando a espada no chão, e foi até o quarto de sua mãe. Ajoelhou na frente da mulher e segurou suas mãos, dizendo:
- Não podemos trazê-lo de volta, mas podemos mudar o que faremos sem a sua presença. Ele não gostaria que chorassemos sua morte em vão. Temos de transformar em algo bom.
- O que quer dizer, Violet?
- Não se preocupe, mamãe. Durma essa noite, cuidarei de tudo para que não precise se preocupar conosco.
- Minha filha - passou a mão no rosto da garota, secando uma lágrima que escorria por sua bochecha pálida.
- Durma, mamãe. Tudo vai ficar bem.
As três meninas deixaram o quarto em silêncio. Quando chegaram ao seu quarto, a mais velha as reuniu.
- Prometam que cuidarão dela.
- O que está dizendo, Violet?
- Apenas preciso que me prometam. Sei que são novas, porém, acredito no que podem fazer.
- Nós prometemos.
- Ótimo. Agora vão dormir. Passarei a noite arrumando a casa para a mamãe.
Depositou um beijo na testa de cada uma e voltou para onde havia deixado a arma branca. Como havia dito, arrumou tudo que podia até a noite densa chegar e ter certeza que todas estavam adormecidas.
Usando a luz da lua, fitou seu reflexo na lâmina. Iria lutar. Por seu pai. Por seu irmão. Por todos que haviam perdido alguém.
Sem hesitar, cortou seus longos cabelos. Se era um homem que queriam no exército, era um homem que teriam.
Deu um último adeus à sua casa, suas irmãs e sua querida mãe, pegou um dos cavalos de seu irmão e saiu.
A noite a envolvia completamente, mas não tinha medo. Tinha uma batalha a enfrentar. A espada pesava em sua cintura, contudo, não iria desistir. Tinha sido feita para lutar. Mas nunca para desistir.