Cap. 11

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Depois da bronca que levaram de Joe no dia anterior, eles tentaram se concentrar melhor. Por mais que Patrick não conseguisse pensar em outra coisa além dos lábios macios de Victor, fez o seu treino de maneira séria. Bem, até o ponto em que foi possível, já que logo um homem adentrou no local. Todos os olhares se voltaram para ele, inclusive o do general e especialmente o do antigo companheiro de treino.
Violet sentiu que iria vomitar quando viu Andy entrar no local. Tinha sentido tanta falta dele que parecia capaz de explodir. Mas tinha a questão de estar ali. Fingindo ser um soldado. Tentou se esconder o máximo possível. Felizmente, o ruivo estava distraído, por enquanto.
Foi a primeira vez em que viu a expressão de Joe mudar. Podia jurar que tinha visto uma lágrima escorrer.
- Esse é o soldado Andrew Hurley, que lutou bravamente e foi ferido em combate - o homem anunciou, fazendo com que todos batessem palmas - Por hoje, estão liberados do treino. Temos alguns assuntos com os quais precisamos lidar.
Todos saíram, inclusive a amedrontada Violet. Queria ter corrido e abraçado seu irmão, porém, não podia. Então, apenas ficou parada ali, desejando ser invisível.
Enquanto ia para o alojamento, Patrick ficou ao seu lado.
- Como vai? - questionou.
- Muito bem... depois de ontem.
- Não consegui parar de pensar em ti. Acho que devíamos repetir.
- Claro - olhou ao redor - mas não aqui.
Saíram juntos, em busca de um lugar secreto em que pudessem se beijar sem preocupações.
No entanto, enquanto caminhavam, passaram em frente à sala de Joe e, sem querer, viram que não eram os únicos em busca de algum tipo de intimidade. Violet nunca esperou ver seu irmão beijando um homem, até aquele momento.
Sem querer soltou uma exclamação de surpresa, o que chamou a atenção de ambos. Era tarde demais, o general tinha visto-a. Em segundos, se viu dentro  da sala, encarando os dois homens.
- Estava espionando, Hurley? - o rapaz de cabelos cacheados praticamente gritou.
- Não, estávamos apenas passando. Juro que não tinha a intenção.
- Nunca vamos falar uma palavra, senhor. Perdoe-nos, por favor - Patrick suplicou.
Ela sabia que Andy estava fitando-a intensamente. Sabia que tinha descoberto. Só esperava que não contasse.
- Ninguém deveria saber disso, era para ser nosso segredo... como pudemos ser tão idiotas?
Parecia que estava prestes a chorar, algo que nunca tinha sequer passado na cabeça deles que fosse possível.
- Não contaremos, senhor. O segredo está seguro conosco, prometo.
- Você não faria isso com seu irmão, certo?
A menina travou naquele momento, mas conseguiu assentir. Foi quando o Hurley mais velho interferiu.
- Posso falar com meu... irmão?
- Claro...
-  O que está fazendo aqui? Está louca? - perguntou ao estarem do lado fora.
- Por favor, meu nome é Victor aqui. Não pode me dedurar.
- Estávamos mortos de preocupação por ti.
- Me desculpe, precisava fazer isso. Depois que o papai morreu não podia ficar sem fazer nada. Ele me ensinou a ser corajoso. A lutar pelo que acredito.
- Vio... Victor, eu te amo. Não posso te perder.
- Eu sei me cuidar.
- Vi que pegou a espada dele...
- Precisava disso. Me perdoe, Andy, eu...
Antes que pudesse completar, foi puxada para um longo abraço.
- Estou orgulhoso.
Ficaram por alguns segundos, até que ela se afastou, questionando:
- Então, você e o general Trohman?
Ele sorriu, ficando com as bochechas levemente coradas.
- Nós acabamos nos apaixonando quando estávamos juntos na batalha. Só que ele veio para cá cuidar dos treinamentos porque nós tivemos perdas tão grandes de generais que ele teve que assumir. Fiquei para trás e depois fui mandado de volta. Não nos vemos há meses.
- Você realmente gosta dele.
- Ele é o amor da minha vida. Nós estamos noivos. Estamos esperando as coisas melhorarem para podermos casar. Viver em um lugar calmo longe de toda essa guerra. Construir uma família. Eu... amo o Joe mais do que tudo nesse mundo.
- Estou muito feliz por vocês.
Sorriram, deram mais um abraço e voltaram para a sala.
- Eles não contar a ninguém. Não há razão para se preocupar.
- Tudo bem... Confiaremos em vocês. Se contarem a qualquer um, estão mortos.
- Sim, senhor - responderam ao mesmo tempo.
- Eu jamais aguentaria perder o amor da minha vida. A palavra de vocês significa muito para mim.
- Tem a nossa palavra, senhor. Jamais contaríamos.
- Obrigado.
Saíram da sala, trocando olhares estranhos. Aqueles dias tinham sido estranhos. Mais do que podiam ter imaginado. Estavam ansiosos para o que estava por vir. Agora era totalmente imprevisível.

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