Patrick sentia que tinha algo de errado. Com o casamento arranjado, era normal que o pai de Diana quisesse falar com ele. No entanto, já conhecia tudo a respeito do garoto. Não precisava mais ter conversas para descobrir se seria bom para sua filha. O dote que oferecia já lhe dizia tudo. Então, quando foi chamado, soube que tinha alguma coisa estranha. Precisaria sair no dia seguinte ao anoitecer, para um belo jantar na residência. Queria pensar em qualquer coisa além daquilo.
No treino, Violet parecia estranha. Olhava-o como se precisasse muito dizer algo, mas não tivesse coragem para falar. Ela estava diferente. Por que diabos tudo parecia tão estranho naquele dia?
Assim que foram liberados, tentou demorar o máximo que podia e a presença da garota ao seu lado só o motivou. Eles conversavam, mas ela ainda parecia incomodada com algo. Antes de saírem, ela o puxou para um local afastado, parecendo tensa e com medo.
- Eu... descobri uma coisa sobre a familia da Diana e gostaria que soubesse. Não ache que estou inventando mentiras para acabar com seu noivado, jamais poderia fazer isso.
- Não se preocupe, Violet, sei que não é má intenção.
- Você sabe que o pai dele teve várias esposas, certo?
- Sim. Todos as conheciam.
- Olha, o que eu descobri foi...
- Espera, não sei se quero saber. Eu... já não tenho mais esperanças de escapar desse casamento.
Aquilo foi como uma facada em Violet. Por mais que soubesse, ouvir dele era muito pior. Talvez ela ainda alimentasse esperanças de que poderiam ficar juntos.
Percebendo a mudança em sua postura, o garoto se aproximou, colocando a mão no rosto dela.
- Eu... te amo. Com todas as forças do meu coração, eu te amo. Pertenço a ti, em corpo e alma. Mas não tenho escolha. Meus pais já se decidiram que devo me casar com Diana. Se pudesse, largaria tudo e fugiria ao seu lado. Nunca vou te esquecer, mesmo que nossos caminhos tenham que ser separados. Eu não amo e nunca irei amar ninguém além de ti.
Ele a beijou delicadamente. Poderiam passar o dia inteiro ali, apenas sentindo o sabor um do outro. Era viciante, intenso e tudo que haviam sonhado.
No entanto, foram interrompidos por um grito. Separados cedo demais, encararam a dona da voz.
- Traidor! Você é meu noivo!
Diana estava berrando, parecendo em nada com a mulher nobre que conheciam.
- O que está fazendo aqui?
- Vim fazer uma surpresa para irmos à casa de meus pais, mas acho que a surpresa foi da minha parte.
- Posso explicar...
- Não! Irei levar essa traição ao meu pai! Ele irá decidir o que fará contigo!
- Diana, peço que não fale.
- Você deve se casar comigo. Não com um... soldado medíocre.
- Podemos conversar...
- Não quero ouvir suas mentiras.
- Só alguns minutos, é o que peço.
- Desde quando?
- O que?
- Desde quando você se relaciona com esse... garoto?
O desprezo estava evidente em sua voz e postura. Ela desprezava totalmente ambos.
- Faz alguns dias...
- O que aconteceu entre vocês?
- Como assim?
- Quero saber... se levou esse homem para a sua cama.
- Não! Não, Diana, claro que não.
- Eu sabia que não seria capaz disso, meu amor.
Ela se aproximou, colocando as mãos no rosto do rapaz.
- Sei que jamais se entregaria a um imundo como esse.
- Não fale assim dele. Por favor.
- Por que? É a verdade. Ele não passa de um soldadinho sem valor. Não é como nós, querido. Somos importantes. Somos poderosos. Se você morrer em uma batalha, será lembrado como o filho valente da família Stumph. Se ele morrer... bem, os únicos que vão se lembrar serão os pais dele.
- Eu vou me lembrar.
- O que ele faz de tão bom para você estar tão seduzido assim? Me diga.
- Ele é uma pessoa decente.
- Ah, querido, isso não é necessário. Posso fingir ser uma também. O que tem de tão especial nele, no corpo dele, que te faz não querer deixá--lo?
- Você está sendo má, Diana.
- Bebê, eu não me importo. Quero que me beije.
- O que?
- Mostre que está disposto a casar comigo e esquecer desse imundo. Beije-me. Ou contarei tudo isso para meu pai. O único que vai sofrer é ele. Vou garantir que sofra. Diga-me... como é seu nome mesmo? - ela se virou para Violet.
- Victor.
- Diga-me, Victor, tem irmãos?
- Um irmão e duas irmãs, senhora.
Mesmo que estivesse fervendo de vontade de chorar e nater na mulher, ela se controlou e respondeu as perguntas com calma.
- Algum deles está casado?
- Meu irmão está noivo, senhora.
- Bem, sabe o que vai acontecer com eles, Patrick, se não o largar? Vou fazer com que nunca se casem. Meu pai vai destruir a vida deles de tal maneira que jamais vão encontrar alguém disposto a casar com esses imundos. O que está noivo, bem, não posso fazer nada a respeito. Agora as pobres meninas vão ver o que é. Não ligo se quiser manter um caso com ele, afinal, é para isso que pessoas como ele servem. Mas devemos nos casar. O que fará fora de nossa residência não é de meu interesse. Agora, me beije.
Lançando um olhar como se implorasse por perdão, Patrick se aproximou de Diana. Os lábios dela eram macios, mas não chegavam perto dos de Violet. Tudo que sentiu ali foi nojo. Queria vomitar.
Mas não podia. Ela era poderosa. Mais do que todos ali. Não podia correr o risco de deixá-la machucar alguém. Por isso, permaneceu naquele beijo. Era o fim para ele. Seu futuro estava decidido. Iria se tornar esposo de Diana e um dia esqueceria aquela que realmente amava. Era assim que as coisas funcionavam. E não adiantava lutar contra isso. Seu destino estava selado.
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Centuries
FanfictionViolet é uma garota que perdeu o pai em uma guerra e determinada, decide se alistar no exército grego para fazer jus ao nome do pai. História conjunta com a @Stumped_