QUERER NÃO É PODER

PRÓLOGO

[New York, 11:23 PM]

Olho para a televisão que está passando "Uma linda mulher" e observo Edward subir as escadas de incêndio para beijar Vivian, enquanto estou com meu pijama de Unicórnio todo melecado de sorvete e várias besteiras que comi há três dias atrás.

Por que estou nessa situação deplorável?
Pelo simples fato de flagrar meu ex namorado transando com sua assistente. Mas isso nem é o pior, o lance é que essa é a nona vez que sou traída e iludida.

NONA VEZ.

Como eu consigo? Eu não sei. Devo ter um imã (um imã não, um super estrondoso magnetoso imã) para homem ruim.

Nasci com isso.

É sempre assim, confio meu coração a eles e o mesmo sai machucado todas as vezes.

Como foram os meus namoros?

Foram ótimos...

No último ano do ensino médio, tudo estava a mil maravilhas, encontrava-me namorando o capitão do time de futebol, e sentia-me completamente apaixonada por ele, até achava que íamos se casar (quem me derá ele era muito gostoso), mas acabou não dando certo, deparei-me com ele transando com a minha melhor amiga da época. Acabei sem namorado e sem uma amiga, mas tudo bem, ela era uma vaca mesmo.

Também teve a vez do Robert, namorei com ele na faculdade, era um cara bem engomadinho, quase nunca me tocava, pensava até que tinha nojo, foi quando descobrir que ele era gay, poxa, parei de pegar os populares pra ficar com nerd bonitinho pensando que eles que distribuíam o amor, estava mais uma vez enganada.

Mas a pior parte foi ele falar que se descobriu gay depois que transou comigo.

Aí é SACANAGEM.

Já na terceira vez, eu estava namorando um cara super bacana (aparentemente), que conheci em uma festa da faculdade, a gente passou uns quatro meses juntos, mas a vida olhou para mim e disse: "não querida, você vai sofrer mais um pouquinho" pois é, a vida estava certa! Fiquei sabendo que ele falava para as pessoas que estava comigo por pena.

E mais uma vez achava que tinha encontrado o cara certo.
Iludida eternamente.

Continuando nessa onda de azar, tinha o Steve que sempre arrumava alguma desculpa pra que os seus amigos e familiares não me vissem com ele, eram todos muito quietinhos, engomadinhos e eu a quem tem formiga na bunda, falante e louquinha não era a garota ideal.
Sim, ele tinha vergonha de mim, mas ele que tinha que ter vergonha do seu pintinho.

Se você acha que acabou?
Bem...

O outro que nem quero me lembrar do nome, era muito grudento, estranho, criança... tinha até uns fetiches estranhos, gostava na hora do sexo de ser tratado como um bebê, incluindo usar fraldas e chupar chupeta.

MAS ESSE FOI EU QUEM TERMINEI, OUVI UM GLÓRIA? 

Já lhe contaram que namorar o melhor amigo não dá certo? É verdade esse bilhete. (Claro, se você for uma merda no amor que nem eu).

Pensando que iria entrar em um livro de romance de melhores amigos, acabou sendo a porra de uma urucubaca. Eu era a única que queria algo sério. Sem mais detalhes.

Vamos para o próximo.

Ah o Edward, pensava que encontrava-me no filme crepúsculo (estava até indo ao cartório mudar meu nome para Bella), ele entrou tanto no papel que um dia para o outro sumiu com a família sem avisar.

Do nada.
DO NADA.

Drake, oh aquele negão só de lembrar sobe um fogo, ele sabia atiçar-me de todas as formas, porém era muito chato, um porre para ser mais exata, mas eu era apaixonada por ele. Foi quando eu soube que o mesmo era gay. O pior foi saber que ele transava era com o Robert.

Sim, o meu ex que se descobriu gay depois que ficou comigo.

E por último, o mais clichê de todos: peguei meu ex comendo a secretária em sua sala.
Há três dias atrás íamos fazer um ano de namoro, digamos que nosso relacionamento também não era um dos melhores, muito abusivo.

Mas fazer o quê , o amor cega né? Ou será que eu que sou a cega?

Não respondam.

Começo a procurar outro filme romântico, porque acho que não sofri ainda o bastante.

Eu só tinha mais dois dias de recesso, e sucessoriamente iria voltar para o trabalho.

Ótimo, não aguentava mais ficar morta em casa.
Tinha que voltar a rotina, encher a cabeça com trabalho para esquecer.

Pego um papel qualquer e uma caneta que estava na mesa de centro, escrevo em letras garrafais: 10° azar e logo após uma interrogação.

Se eu vou desistir do amor?

Ainda não, vou lhe dar-me mais uma chance.
A última chance.
Quem será o meu 10° azar? Será que vai ser o cara certo?
Já quebrei tanto a cara porque não quebrar mais uma vez?
E essa vez vai ser como nos livros, com direito a tudo. Se não for naturalmente vai ser na base da força.

Ou da porrada.