Capítulo 2 ❀ Falando com uma deusa

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Nunca me considerei bom em fazer rituais ou invocar coisas, seja lá o que, eu jamais havia tentado.

Entretanto minha sala de estar estava uma bagunça aceitável desde que coloquei os itens que comprei de forma organizada como pedia o tutorial.

Haviam velas aromáticas de pêssego por todos os lugares nas cores amarelo e laranja que só de emanar o cheiro da fruta já estavam me deixando levemente enjoado.

Um círculo meio torto se encontrava no centro do cômodo, que fiz com pétalas de rosas vermelhas. No meio do círculo — que deveria parecer um coração — uma escultura delicada e bonitinha de um cupido feito em porcelana também podia ser visto.

Algumas flechas foram depositadas no chão apontando para o coração e eu me encontrava no meio de tudo com as luzes da sala apagadas e com o tutorial em mãos.

Ainda não sei como não me surpreendo com as coisas que podemos encontrar em lojas de artigos de decoração antigos. O pessoal de antigamente tinha gostos bem questionáveis. Mas graças a isso pude comprar tudo que pedia no tutorial.

A parte mais vergonhosa de tudo estava por vir.

Se eu acreditasse na teoria em que dizia que haviam câmeras vinte quatro horas nos nossos eletrônicos, com certeza estava ferrado. Lá vou eu ser divertimento para os hackers.

Me coloquei na posição da árvore e recitei um pequeno poema que dizia atrair a deusa.

Oh, grandiosa divindade

Gloriosa e cheia de sabedoria és tu

Aceite meus pequenos feitos

Como o mero humano solitário

Não cobiçado, Nem desejado que sou

Ajudai-me a sair das secas

Fertilize meu pobre corpo e alma

Imensamente agradecido ficarei

Se me agraciar com tua presença

Em frente a um mero humano como eu

Continuei a recitar os versos com o rosto indo para um tom muito além do vermelho. Pensando que se eu fosse uma deusa estaria de saco cheio e viria só para ver o que a coitada da alma quer.

Nada aconteceu, infelizmente.

Esperei mais um pouco.

Nada.

Absolutamente nada.

Deus, que vergonha.

Cansado dessa palhaçada toda me virei pronto para começar a apagar as velas, e acabei por soltar um grito esganiçado e pular de susto ao me deparar com uma mulher sentada no meu sofá.

Ela possuía cabelos rosa avermelhados longos que se estendiam até suas coxas, pareciam sedosos e brilhavam assim como o restante do seu corpo. Trajava um vestido rosa tão claro que parecia branco também longo e com mangas folgadas. Seus olhos brilhavam num esfumado dourado e seus lábios naturalmente rosados se abriram em um sorriso. Havia uma aura sutil a sua volta que a fazia parecer mais mística e celestial. Definitivamente dona de uma beleza surreal demais para ser humana.

— Por que parou, querido? — perguntou, com uma voz tão suave quanto uma canção de ninar.

— An… Eu não… — acabei me perdendo nas palavras.

Love of my dreams ⭑ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora