Capítulo III - O Encontro

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 - Se aquiete, JongIn! – o maior falou para seu reflexo no espelho. – Isso é só um encontro! Você vai casar com o homem, pelo amor de Deus, o que é um encontro perto disso?! – balançou a cabeça concordando consigo mesmo e decidiu sair do seu quarto, deixando as inúmeras roupas que tinha experimentado antes atiradas pelos cantos. Andou pela sala de um lado pra o outro, cuidando do relógio. Faltava duas horas ainda para a hora marcada.

Assim que tomara sua decisão, o moreno tinha se ajoelhado e rezado de forma quase tímida em pensamento o seu "Sim.", uma parte dele esperava que o alvo não conseguisse o ouvir. No entanto, assim que pensou na palavra a voz aveludada do Deus da Morte veio em sua mente com uma resposta agradecendo e lhe dizendo o dia e a hora que passaria para buscá-lo para o encontro.

JongIn estava se perguntando como o Deus Guardião iria buscá-lo, mas sua mente criativa ficou um pouco decepcionada ao ver que o mais velho tinha vindo simplesmente de carro, e claro, era preto. Talvez fosse loucura demais imaginar que o outro chegaria montado em um lobo gigante, ou numa carruagem comandada por testrálios. Embora, ele nem conseguisse ver os testrálios mesmo. De qualquer jeito, as divagações do maior foram cortadas quando o menor desceu do carro. JongIn não podia negar como o Deus do Submundo era lindo. Talvez preto realmente o favorecesse.

- Boa noite, JongIn. – o mais velho disse se curvando respeitosamente e logo lhe entregando uma rosa com um sorriso no rosto.

- Obrigada. – mais novo agradeceu, ficando de alguma forma constrangido por esse gesto simples.

O Deus o levou para jantar em um restaurante que parecia muito lindo por sua decoração e eles foram encaminhados para uma sala privativa. O que aumentou o nervosismo do moreno, porque se ele ia ficar sozinho com o outro em uma sala não teria como prestar atenção em mais nada além do menor, assim como o outro prestaria mais atenção nele também.

- Eu reservei esse espaço para que pudéssemos conversar confortavelmente sobre os tópicos diferentes que envolvem nosso acordo. Achei que você podia se sentir mal ao falar disso perto de outras pessoas, mas se prefere algo menos intimo posso mudar. – o mais velho disse ao notar o incomodo do maior depois do garçom sair com seus pedidos.

- Não, não. Não precisa. – o mais velho foi rápido em responder, se atrapalhando um pouco. Parecia surpreendente como o Deus conseguia lhe entender facilmente com um olhar. "Será que ele pode ler mentes?" o pensamento assustador assolou o maior. "Deus do Submundo? Deus Guardião?!" ele pensou com toda sua força, mas o menor não demonstrou qualquer reação fora do normal.

- Bem, se você não se importa, eu gostaria de saber mais sobre a sua vida. – o alvo perguntou e JongIn detestou não ter alguma comida ou bebida que o pudesse dar pretexto de desviar o olhar.

- Hmm, eu não acho que a vida simples de um mortal seja muito interessante para um Deus. – o moreno respondeu acanhado.

- Você ficaria surpreso. – o outro respondeu com um sorriso provocante. – O mundo vivo é bem mais agitado do que o Submundo. Pelo menos para mim, por ser o guardião daquele lugar ele se assemelha mais a trabalho do que diversão, então eu raramente desfruto das alegrias que os mortos aproveitam no meu domínio.

JongIn ainda ficava fascinado por o outro falar tão calmamente sobre uma assunto que até ontem era praticamente de "faz de conta" para si. Mas para ser justo, o mais velho era parte desse mundo novo, ele era um Deus sobrenatural, claro que aquilo era o seu natural. E agora o moreno precisava se adequar a esse novo mundo.

- Eu não pensei que os mortos podiam aproveitar seu tempo no Submundo.

- Oh, eles aproveitam bastante dependendo do julgamento que lhes foi dado. Há várias subdivisões no Submundo. Quanto mais boa virtude você acumular em sua vida, melhor será o lugar onde irá ficar. Porém, mesmo se você viver uma vida simples sem grandes ações boas ou más, você ainda pode gozar de uma morte tranquila. Assim como também seu castigo e anos que passa nele aumentam quanto pior foi seu crime em vida.

O Deus do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora