Após ouvirmos aqueles barulhos que pareciam passos esmagando as folhas e galhos secos, ficamos olhando fixamente para a entrada da trilha, sabíamos que algo ou alguém nos observava, ficamos esperando para ver se alguma coisa saia de lá, esperamos pacientemente durante alguns minutos e nada aconteceu, os barulhos pararam completamente e decidimos então que era melhor irmos embora, quando estávamos quase descendo da roda gigante, ouvimos um rosnado e aquele barulho de passos novamente, o Lucca falou:
- Me espera aqui, vou ver o que diabos é isso. - Ele fala e começa a descer.
- É melhor você ficar aqui, pode ser perigoso. - Falo e seguro a mão dele e a acariciei lentamente. - Melhor não arriscar.
Ele retorna para o banco onde estava e se senta ao meu lado, coloca as suas mãos que estavam quentes em minhas bochechas, o que faz um calor agradável se espalhar pelo meu rosto e fala olhando em meus olhos:
- Não precisa se preocupar com isso, tenho certeza que não é nada além de algum animal assustado, vou apenas confirmar que você está segura e iremos embora, confia em mim? - Ele fala exalando confiança.
- Confio. - Após minha resposta ele dá um beijo carinhoso em minha testa e desce da roda gigante com habilidade e vai caminhando cuidadosamente em direção a trilha.
Quando ele se aproxima da trilha vejo ele parar abruptamente e se abaixar olhando para o chão a sua frente, ele levanta e acena com a mão para eu ir até ele, faço isso rapidamente e ao chegar aonde ele estava me esperando, percebo uma enorme poça de sangue, fico assustada com aquilo, já que o sangue ainda está fresco.
- Lucca, o que aconteceu aqui? - Pergunto dando um passo para trás. - De quem é esse sangue?
Ele se aproxima e fala: - Não sei, mas acho melhor a gente sair daqui depressa.
Quando nos viramos pra ir embora escuto um barulho de choro de filhote de cachorro, logo eu paro e seguro o braço de Lucca.
- Ei, o que aconteceu? - Ele fala olhando para mim.
- Tem um filhote de cachorro aqui perto, eu ouvi. - Falo olhando pra mata.
- Você tem certeza? - Aceno em confirmação e ele continua. - Então vamos achar ele.
Entramos na trilha e começamos a procurar o filhote, depois de alguns minutos de busca eu encontro um pequeno labrador chorando escondido dentro de um buraco no chão, ele está visivelmente assustado mas vem para o meu colo com facilidade, percebo que suas patinhas estão meladas de sangue, mas ele não está ferido, procuramos um pouco mais para ver se tinham mais filhotes, mas não havia mais nenhum no local.
- Ele gostou de você. - O Lucca fala acariciando a bolinha peluda em minhas mãos.
- Eu também gostei muito dele, mas como esse pequeno veio parar aqui sozinho? E de quem era aquele sangue? - Falo olhando para ele.
- Talvez ele tenha fugido de algum lugar e passou pelo sangue e melou as patinhas, você vai ficar com ele? - Ele olha pra o filhote.
- Claro que vou, essa coisinha fofa já ganhou o meu coração. - Falo olhando pra o pequeno filhote que está tranquilo em meus braços.
Saímos do bosque com o filhote conosco, quando estamos a uns 50 metros da trilha eu olho para trás e vejo um coiote completamente ensanguentada correr para dentro da floresta pela trilha.
- Lucca tinha um coiote ali, ele estava coberto de sangue. - Eu falo.
-Precisamos sair daqui o mais rápido possível. - Continuamos a caminhada.
Chegando em casa, dou um banho no cachorrinho e fico sentada na grama com o Lucca.
- Qual nome vai dar pra ele? - Ele fala olhando pra o filhote que brinca no gramado.
- Pensei em Scott. - Eu falo. - Tipo o alfa de Teen Wolf.
- Você quer batizar um labrador com o nome de um lobisomem? - Ele começa a rir.- Sim, é uma má ideia? - Eu questiono.
- Sei lá, ele não tem cara de Scott, ele tem cara de Zeus ou Thor, algo assim. - Ele fala alisando o pequeno que se aproximou dele.
- Você tem razão, ele é fofinho demais pra ter nome de lobisomem. - Pego o pequeno e começo a lhe acariciar. - Seu nome é Thor.
Nesse momento, minha mãe estaciona o carro e vem falar conosco. - Oi filhota, olá Lucca e quem é essa fofura? - Ela fala acariciando o filhote.
- Então mãe, a gente achou ele quando estávamos passeando, ele estava sozinho e assustado, eu não podia deixar ele lá, podemos ficar com ele? - Faço uma carinha fofa.
- E eu consigo dizer não pra você? Pode ficar com ele, mas vai ser responsável por cuidar dele e da bagunça que ele fizer. - Ela fala me entregando ele.
- Obrigada mãe, você é a melhor. - Ela entra e eu volto a conversar com o Lucca. - O que você acha que aconteceu na floresta? Todo aquele sangue e o coiote machucado?
- Não sei, pode ter sido apenas uma briga entre eles, ou pode ter sido algo pior. - Ele fala.
- O que seria pior? - Eu pergunto intrigada.
- A algum tempo, 10 anos atrás sendo mais específico, alguma coisa estava fazendo um verdadeiro massacre na floresta, tudo que saia depois do pôr do sol era estraçalhado por alguma criatura, ninguém saia após as 19 horas, as portas eram fechadas, janelas trancadas e não se via absolutamente ninguém nas ruas, era um verdadeiro deserto, apenas se ouviam os gemidos de dor e grunhidos desesperados dos animais da floresta, ninguém sabia o que fazia aquilo, foram 3 meses de ataques, foram organizadas equipes de caça ao que chamaram de besta, apenas um caçador sobreviveu, o seu vizinho. - Ele fala enquanto brinca com o cachorrinho.
- Espera, você tá dizendo que o Sr. Peter é um caçador de bestas? - Eu o olho incrédula.
- Sim, e um dos mais conhecidos, ele se aposentou quando a dona Ruth faleceu, agora ele mal sai de casa. - Ele fala olhando a casa do Sr. Peter. - Agora preciso ir pra casa, já está anoitecendo.
- já? Fica mais um pouco. - Falo segurando a mão dele.
- Você sabe que eu preciso ir, nos falamos depois. - Ele fala e me dá um beijo na testa de forma gentil e sai.
Entro em casa e vou para o meu quarto, assisto um filme e decido ir dormir, mas algo me diz que a noite vai ser longa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
City Of Mysteries
FantasyAs vezes, as aparências podem enganar, nem sempre o que aparenta ser uma pequena e pacata cidade realmente é, pode muitas vezes esconder segredos e mistérios muitas vezes inimagináveis ou que se conheciam apenas como lendas, mas até que ponto chega...