P.o.v Marine
Encaro a balada de longe, os policiais ainda não liberaram o acesso para que a balada voltasse a funcionar normalmente
Decido ascender um cigarro para ajudar a aliviar esse sentimento, um sentimento que pesa um pouco o peito, sei que não é arrependimento ou a tão dita consciência, já fui parabenizada por não ter nenhum desses
Mas o Diego foi egoísta, correu para bancar o herói, o santo
Ele é tão fudido quanto eu e justamente por sermos tão parecidos foi fácil ser a "namorada" dele, foi divertido e vivo
Mas ele tinha que tentar impedir o inevitável, justamente quando eu queria que as coisas fossem reais
Sinto uma vibração no meu bolso direito e retiro meu celular enquanto me preparo para ligar a moto alugadaD.E : Venha até aqui, precisamos conversar sobre a sua missão
Guardo o celular e apago o cigarro com o sapato
Vamos ver o que esse velho quer agora.Alguns minutos depois
Me vejo na frente de um grande prédio empresarial, nunca entendi estas construções elas não servem para nada além de empilhar um bando de escritórios fechados mas ainda sim eram muito bonitos por fora
Vou até o andar do velho e espero até a recepcionista abrir a porta
Quando ela abre a porta e entende a situação ela me leva até uma sala escondida atrás das salas dos funcionários e lá está ele
Com uma postura levemente inclinada e cabelos ralos e grisalhos banhados de gel
Ele parece um boneco velho, desfalecendo, caindo aos pedaços mas ainda assim faz um esforço para parecer jovem mas é em vão
- Marine, querida, sente - ele diz enquanto faz um sinal na direção da cadeira, me sento e ele continua: - Como foi a missão? Onde está o garoto?- respiro fundo para não me estressar com o cheiro de vodka que ele exala - Não consegui concluir, faltam os garotos, a essa altura eles já entraram em Ditero-
Vejo frustração no seu rosto então continuo: - Aliás, por que o interesse nessas crianças? Não é uma tentativa de trazer os seus "fetiches" para a missão, é?- digo com um sorriso sarcástico e ele ri
Por que ele está rindo?
- Não é sobre os meus fetiches, você sabe o por que deles serem interessantes...mas você está com ciúme?- ele diz enquanto toca no meu ombro, todo o meu corpo sente uma repulsa amarga ao toque
- Até onde eu me lembro a polícia chamava esse fetiche de pedófila, não é?-
Digo enquanto me levanto com um sorriso triunfante
- Só me traga a porra dos garotos ou você perde a garganta-
Claro, como se você conseguisse dar um passo sem cair morto-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-
P.o.v DylanAlex me explicou onde eu estava, o porquê de eu estar aqui e quem são eles
A única coisa que ele não me responde não importa quantas vezes eu pergunte é o porquê do Diego ter morrido e também do que era aquela tal de C.I.V
Não quero pensar no que aconteceu com os meus pais
Diego sempre foi calmo e não tenho nenhuma memória dele brigando seriamente com alguém, se ele morreu os meus pais devem estar piores ainda
Me sinto culpado por saber que parte de mim sente alívio por saber que eles não vão mais me odiar por não ser o meu irmão...nem o meu irmão vai estar lá
Sinto um nó se formar na minha garganta e lágrimas começarem a se formar no canto dos meus olhos
Alex coloca a mão no meu joelho me fazendo encara- lo
- Olha, se você quiser chorar, eu-- interrompi a frase dele quando comecei a chorar
- Calma, é...quer que eu...jesus..- sinto ele me abraçar, meio sem jeito
Ele claramente não sabia lidar com pessoas chorando
Ficamos ali por algum tempo, não tenho idéia de quanto tempo
Mas só me desvencilhei do abraço quando já tinha terminado de chorar
Me afasto dele e esfrego o rosto um pouco
- Desculpa, eu não queria te prender assim, eu só...- não consigo achar as palavras, parece que o meu corpo ainda não se recuperou do tanto de água que eu perdi só chorando
O silêncio constrangedor foi quebrado por Alex
- Tá tudo bem, eu não me importo- disse enquanto se levantava e ia em direção a porta
- Espera! O que você ia falar antes de eu começar a chorar?- ele se vira e dá um sorriso
Ele deveria fazer mais isso, o rosto dele muda de uma forma drástica quando ele faz
Parece menos assustador fica até fofo
- Bem, eu ia dizer que ia embora mas não consegui depois que você tirou uma cachoeira dos olhos- ele diz e vai emboraEm outro ângulo ele não é ruim, não é ruim mesmo
Principalmente de costas
Meu deus oque tá acontecendo comigo?
Me pergunto por que Diego não nos apresentou antes...Diego...
Eu queria poder me desculpar com ele por tudoSinto um cansaço repentino, mesmo que eu não tenha saído da casa
Me deito e apago quase que na hora-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-
P.o.v Alex
Nossa, aquele garoto realmente precisava chorar, uma pena que era eu que estava lá...nunca me dei bem com as pessoas, principalmente com pessoas emotivas
Porra, Diego, você só tinha um trabalho...
Você só tinha que voltar vivo, você ia saber lidar com isso
Afasto a memória de Diego, já tenho uma boa contagem de corpos
Não quero sentir culpa pela morte dele também
Vou até a cozinha e dou de cara com a minha irmã revirando os armários
- Tá procurando o que?- pergunto enquanto pego uma jarra na geladeira
-Comida- ela diz sem tirar a cara de dentro dos armários - Não diga, Sherlock, que comida você está procurando?- ela joga um pacote de biscoito na minha cara
- Achei- diz ironicamente enquanto pega o pacote que agora se encontra no chão
Revirei os olhos e fui pegar um copo no armário suspenso
- Demorou tanto lá em cima por que?- ela pergunta enquanto abre o pacote de biscoito
Sinto um calor em minhas bochechas ao lembrar do abraço
Por que eu fiz aquilo? Eu não tenho esse hábito nem com a minha irmã
Mas ele parecia tão assustado, tão perdido
Eu só senti que deveria e não foi um sacrifício, ele é lindo
Os olhos dele são profundos, eu poderia me perder ali
- Tá vermelhinho tá?- Isa perguntou com um sorriso maldoso
Dei o dedo do meio para ela e enchi o copo com o líquido da jarra antes de guardar a mesma
Isa estava cantarolando a marcha nupcial
Eu a ignorei e fui dormir
Estou sem tempo para esse tipo de coisa e sem psicólogico para sonhar com a possibilidade
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Perdendo Altitude
General Fictionem uma sociedade na qual você nasce com um número em seu pulso que determina seu valo ele tem que lidar com ter nascido com um número baixo e as consequências de seu azar enquanto tenta terminar a faculdade... mas algo acontece e ele perde tudo a so...