Capítulo 1 - Tormento

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  Lágrimas ocupavam a minha face me fazendo questionar se a minha hora havia realmente chegado. Mesmo não sentindo muita dor, eu ainda sentia ele rasgar a minha pele, sentia os meus dentes quebrarem e perfurarem a minha gengiva, devido a força que eu mordia as amarras em minha boca, sentia o gosto do meu sangue e pensei se seria demais desejar que eu me engasga-se com ele e tivesse uma morte trágica.
  Desde que nasci, fui renegado, pisado e maltratado, era eu mais eu, até que um homem me arrastou para longe das ruas quando eu tinha 6 anos, lembro-me até hoje do som das outras crianças nas jaulas, elas gritavam socorro e eu não entendia o porquê, mas agora eu entendo. Aquele homem que me aprisionou em uma jaula e me chamou de 003, não me dava comida e água todos os dias porque queria me salvar das ruas, ele apenas queria me usar, e usou. Antes, os experimentos eram a cada ano, depois a cada seis meses até que agora, a cada três meses eu sou colocado nessa mesa, enquanto o homem que se chama de cientista, me cortava e me modificava, cada vez mais. Hoje eu conto 13 anos desde que fui trazido aqui e forçado a suportar essa dor...
  Assim que ele faz o último corte, ele me injeta com três seringas, substâncias que me davam agonia durante a noite, como se elas queimassem o meu sangue por dentro, me contorcia ao sentir elas entrando em meu corpo, aquilo me rasgava de dentro para fora.

  -Relaxe Três, que logo voltará para a sua jaula. -Ele disse guardando as seringas e pegando a arma com dardos de sonífero. -Pensando bem, acho que seus dentes não serão mais necessários.

  Assim que ele disse isso eu comecei a mexer a cabeça de um lado para o outro incessantemente, como forma de representar um não. Mas de nada adiantou, porque ele guardou a arma e pegou um alicate grande e o colocou próximo a mesa de metal em que eu estava. Ele pegou outras duas amordaças, colocou uma em minha testa e a outra em meu queixo, por mais que eu me mexesse eu não conseguia impedí-lo.
  Quando ele terminou de ajustá-las ele retirou a amordaça da minha boca me dando a oportunidade de dizer.

  -Não, por favor. -Eu supliquei com a boca cheia de sangue e com meus olhos lacrimejados.

  -Três eu já te disse, você foi escolhido por mim, e até agora se provou uma boa escolha, afinal você ainda respira. -Ele disse animado, como se a vida das crianças que não sobreviveram não fossem nada.

  Ele pega um espaçador bucal de metal e o coloca a força em minha boca, me fazendo entrar em pânico. Comecei a me remexer mas era muito difícil, pois as amordaças eram muito apertadas. Minha boca estava aberta e meu coração acelerado, logo eu começo a sentir o alicate encostar em meu dente e em seguida a dor do meu dente sendo arrancado.

  -AHHhg! -Eu gritei estremecendo o meu corpo.

  Ele arrancou dente por dente até que não restasse um em minha boca. Tudo o que eu sentia era uma dor imensurável que me fazia gritar sem parar por cada dente arrancado. Eu já não enxergava mais devido as lágrimas incessantes que saiam de meus olhos.
  Quando ele acabou, ele atirou dardos em mim e em poucos minutos eu adormeci por completo.

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