As coisas não são como parecem

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Débora
- É que eu não quero que você fique nesse trabalho Laís, eles vão te levar pra longe de mim

Foi o que Laís ouviu às 22:30 da noite, assim que Débora chegou do trabalho e a acordou. As coisas não estavam bem, Débora cobrava que Laís fosse mais presente, mas ela não entendia que faziam apenas duas semanas que sua namorada havia conseguido um emprego e que no começo é difícil a fase de adaptação, principalmente de horários. Laís não podia dormir tarde pois às 6 tinha que estar de pé.

- O que tá dizendo amor?

- Eu não quero que você fique lá, eu arrumo outro emprego pra você

- Mas Débora, eu vou ganhar bem e a chance da gente conseguir as coisas mais rápido é melhor, eu gosto de lá, não quero sair
Laís falou se sentando na cama ainda bocejando de sono.

- Escuta uma coisa: se você for viajar pode ter certeza que eu e você vamos nos separar
Débora falou já alterada.

- Eu não entendo porque age assim! Eu não posso escolher emprego Débora, se toca! Você conseguiu ele pra mim.

- Tá bom Laís, eu não vou te dizer mais nada!

Débora saiu direto pro banheiro estressada, passou horas no banho e Laís, deitou-se do modo que deitava quando estava chateada e depois de um tempo pegou no sono.

Os dias foram se passando e as coisas piorando. Elas brigavam todos os dias, até pelo celular quando Laís estava no serviço. Estava ficando difícil aguentar as reclamações de Débora sobre o emprego de Laís.
Débora mostrou seu lado ciumenta e insegura quando Laís começou a trabalhar e conhecer outras pessoas, pois em dois meses Laís não conhecia ninguém além de Débora na cidade. Ela se tornou ignorante, possessiva, criava coisas na cabeça e culpava Laís por isso. Um dia, depois de já ter terminado de estudar no trabalho, Laís foi até a porta da loja e ficou olhando o céu, admirando e pensando várias palavras, até chegar a hora de juntá-las numa frase, até que, passou alguém que chamou complemente a sua atenção e fez seu coração bombear mais forte. Era uma moça linda, de cabelos lisos, loiros, que estavam soltos, iam até o ombro. Na boca um batom vermelho(cor favorita de batom da Laís) que chamava a atenção de longe, e no meio de tanta gente passando, Laís só teve olhos para ela. A admirou passar e nem percebeu que não tinha disfarçado.
No dia seguinte, sem que esperasse, a moça passou novamente e novamente, Laís então correu e viu onde ela trabalhava. Perto do seu emprego! Uma loja ao lado e lá estava a moça do batom vermelho. E conforme os dias foram se passando, sempre que dava, Laís olhava a moça passar. Até que em duas semanas ela não a viu, aconteceriam mudanças no seu trabalho e Laís se dedicou ao máximo. A situação com Débora não favorecia e estar na loja era o que lhe fazia sentir bem naquele momento. Ninguém imaginava o que Laís estava passando pois ela não contava para ninguém, só se afastava quando os estudos terminavam, e dia após dia, uma tristeza foi começando a inundar seu coração. Ela já não sorria com frequência, não conversava e ficava sempre encolhida num cantinho, pensando nas coisas que falara e ouvira de Débora no dia anterior.

- Eu tô tentando relevar tudo o que você me fala pra nós duas não brigar, mas você parece que não colabora Débora

- Mas é porque eu tenho medo! Você sabe que a qualquer momento uma pessoa mais interessante do que eu pode aparecer e te conquistar

- Para Débora, as coisas não funcionam assim, eu vim pra cá por sua causa

- Me desculpa amor... Eu sei que falo muita besteira e te chateio... Eu vou mudar

- Eu preciso que você confie em mim, porque eu confio em você ou então já teria surtado por saber que trabalha no mesmo lugar que sua ex estuda

- Eu vou confiar, prometo

- Tudo bem... Ah, eu vou sair com as meninas da loja. Nossa treinadora tá indo embora e vamos fazer uma despedida pra ela.

- O que Laís? Tá doida? Quem é que vai?
Débora falou se levantando completamente alterada.

- Calma amor, só vai as meninas da loja. É apenas uma despedida.

- Eu quero ir junto.

- Mas não tem porque você ir Débora, são minhas colegas de trabalho

- Por que você não quer me levar? Vai fazer alguma coisa que eu não possa estar lá pra atrapalhar?

- Eu juro que odeio quando você fala assim comigo, vou me arrumar porque pra mim você já deu por hoje.
Laís pegou a toalha e foi pro banheiro.

Débora abriu a porta de uma vez e falou:

- Se você sair por aquela porta, nem precisa voltar Laís, porque eu odeio quando você não me obedece

- Eu não te obedeço??? Me poupe Débora, me poupe!!!!

A discussão rendeu por muito tempo. Laís acabou levando Débora, as duas foram completamente de cara fechada e todos perceberam. Laís bebeu, dançou e se divertiu com suas colegas de trabalho, enquanto Débora ficava observando quem estava de olho na sua garota. As duas foram embora quase de manhã, e Laís bêbada pediu desculpas por não ter convidado Débora antes, e que foi bom ter sua companhia naquela festa.
As coisas pareciam ter ficado bem.

Bruna Onde histórias criam vida. Descubra agora