Uma semana

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Passou uma semana, e lá estava Laís enviando outro presente anônimo para a garota que fazia seu coração palpitar. Ela comprou chocolates, escreveu outra carta e pediu para Vinícius entregar.

"Olá Bruna, tudo bem? Espero que sim. Sou eu te escrevendo de novo, mas dessa vez para dizer algumas coisas diferentes da carta anterior. Eu começo pedindo perdão por ser anônima, eu sei que tudo parece incerto e duvidoso, principalmente sobre mim. Mas eu não quero chatear e nem assustar você, porque talvez não seja o que você esperava. Mas gostaria que soubesse que adoro entregar os presentes para você, e que estou ciente de que um dia eu terei que revelar quem sou. Espero ter a oportunidade de contar como tudo aconteceu, como comecei a admirar você, e se puder, fazer nascer uma amizade, pois o que sinto vai além do extremo. É uma vontade de te ter por perto como pessoa.
E seja qual for sua decisão, eu vou sempre admirar você."

Laís
Enquanto ele foi entregar a carta, meu coração sentia uma palpitação diferente e perceber a demora dele me fazia ter certeza do que eu já esperava desde o início. E quando ele chegou, vi no olhar dele que a resposta não era boa.

- Ah amiga, ela quase não aceitou o presente. Eu disse pra ela que a entendia e insisti pra ela ficar porque eu queria muito que ela lesse a carta, e falei que se caso ela não gostasse, ela poderia me devolver amanhã

- Tá tudo bem... Eu já esperava isso mesmo
Laís disse com lágrimas nos olhos.

Aquele dia havia se encerrado ali para ela, não tinha cor, não tinha nada, somente a resposta que balançou muito seu coração. E quando chegou em casa, ficou quieta, se deitou e colocou o fone de ouvido para evitar brigas com Débora enquanto escrevia sobre aquele momento que não saía da sua mente. Débora insistiu muito para ela dizer o que tinha acontecido, mas Laís se recusava a falar.

- Foi ela né, a Bruna?
Débora perguntou olhando para Laís, que se sentou imediatamente na cama com uma cara de assustada.

- Como você sabe dela?

- Eu fui arrumar suas roupas e achei as cartas Laís, me senti um lixo quando li

- Você não deveria ter mexido nas minhas coisas, não era pra você saber sobre isso

- Eu fiz uma surpresa pra você no dia do seu aniversário e você escreve que o melhor presente que ganhou foi ela ter aceitado seus doces, você tem noção disso Laís?
Débora falou com um tom baixo de irritação.

- Eu sei, eu errei e feio.. mas aconteceu Débora e eu não pude conter, e nós duas não estávamos juntas, não estamos juntas...

- Eu sou uma idiota mesmo por achar que você me ama e que...

E antes que Débora terminasse de falar, Laís a interrompe

- Não começa, por favor. Eu tô péssima hoje. Tive um dia muito difícil e cansativo, parece que tudo resolveu despencar sobre mim. Eu preciso dormir

- Laís para você! Você sempre diz que quer dormir quando quer fugir de uma briga

- Deve ser porque eu tô cansada de brigar!
Laís diz alterada.

- Quer saber? Bem feito que você tá sofrendo. Bem feito que ela te disse não. Assim você sente na pele o que eu estou sentindo!

Laís não consegue contar as lágrimas, chora como uma criança.

- Me desculpa falar isso, você quer um abraço?

- Não Débora, não me toque. Você já disse tudo o que eu precisava ouvir. Obrigada.

- Para com isso Laís, você sabe que não foi o que eu quis dizer

- Mas foi exatamente o que você disse. Tá tudo bem. Eu vou deixar isso pra lá. E eu quero dormir sozinha hoje de novo. E eu só te digo mais uma coisa, eu tô cansando... Não me deixa cansar Débora

Laís guardou suas coisas, colocou seu fone de ouvido e deitou. Chorou um bom tempo baixinho, com receio de ser escutada. Sentia seu peito rasgar, até que pegou no sono. E no outro dia, estava radiante, diferente. Tinha decidido que as coisas mudariam dali pra frente.

"Mas as coisas não podem mudar se você não mudar, se não tomar uma atitude."

Laís ainda sentia que as coisas com Débora poderiam mudar, ela decidiu que iria mudar e fazer as coisas melhorarem. Levantou a bandeira da paz e ambas tiveram um fim de semana incrível. Comeram, assistiram filmes, riram e brigaram por quem havia comido mais besteira. Foi um fim de semana calmo e bom. Mas na segunda-feira, as duas voltaram a brigar novamente. Tudo era motivo de desconfiança para Débora. Ela não aceitava de jeito nenhum o fato de Laís permanecer naquele trabalho, ainda mais agora que sabia sobre Bruna. Laís se decepcionou mais uma vez, quando Débora a expulsou de casa quando soube que ela iria comemorar o aniversário com seus amigos da loja no fim de semana. Ela quis ir, mas ninguém da loja apoiava as duas quando souberam de tudo que Laís estava passando. Era a quinta vez que Débora a mandava embora e que as duas terminavam. Laís estava farta e disse que iria sair sim, e foi. Lá na festa conheceu Micaelle, uma moça muito bonita e atraente, que logo se aproximou de Laís. As duas tiveram uma noite longa de conversa e antes que Micaelle a beijasse, ela contou sobre tudo o que passava e sentia. Laís foi pra casa de Micaelle e as duas ficaram. No dia seguinte Laís acordou com dor de cabeça e não sabia onde estava. Se levantou rapidamente e Micaelle a levou embora. Quando chegou em casa, Débora estava furiosa e durante todo o dia as duas conversaram. Laís percebeu que não tinha mais amor e que precisava aceitar esse fato. Ela tinha medo pois não sabia o que fazer e nem como fazer, estava sozinha numa cidade ainda desconhecida. No decorrer das semanas, Micaelle e Laís se tornaram amigas, conversaram sobre o que aconteceu e sentiam sim a mesma atração uma pela outra. Mas Laís deixou claro sobre Bruna, porque era ela que fazia seu coração palpitar ainda. Micaelle passou a ser muito próxima, mas logo as coisas mudaram, como sempre.

Bruna Onde histórias criam vida. Descubra agora