O acaso

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Já tinham se passado 10 meses... Laís subiu para o cargo de gerente na loja que trabalhava, estava na faculdade que tanto sonhou, já tinha se mudado para uma casa maior, estava terminando de tirar sua habilitação e se preparando para dar entrada no carro que iria comprar. Durante esse tempo ela se envolveu com muitas pessoas, mas nada sério. Só foram casos e momentos. Parou totalmente de olhar a Bruna, e não ouvia mais quando seus colegas diziam que a mesma tinha olhado para ela de baixo a cima. Com o tempo Bruna parou de olhar e até de passar lá na frente da loja, quando percebeu que já não fazia mais tanta diferença. Laís estava empolgada para viajar e ver sua família nas férias, isso era tudo o que importava.
Até que em um dia de trabalho, depois que o movimento da loja parou e ela pôde respirar um pouco antes de fazer a próxima negociação, foi caminhando devagar até a porta, querendo sentir o vento da cortina de ar e louca para admirar aquele céu que estava tão ensolarado. Num piscar de olhos, quando ela estava se aproximando da porta, viu ela atravessando a rua. Laís quis recuar e entrar para dentro do estoque, mas a olhou por mais um segundo e percebeu que ela não estava bem. Foi se aproximando da calçada, e quando viu um carro em alta velocidade vindo em direção da mesma, que parecia tonta e fazia menção de desmaio. Ela saiu de si naquele instante, e sua úncia reação foi correr e puxá-la para onde ela estava. Ela não sabia quem eu era e me perguntava o tempo todo.

- Vem comigo, senta um pouco
Falei levando ela para dentro do estoque da loja.

- Vinícius pega um copo com água para ela enquanto eu vou pegar um pano úmido, ela tá suada

- Certo Laís, vou trazer
Disse ele saindo correndo para ir atrás da água.

- Bruna, você tá se alimentando direito? Isso acontece comigo quando passo muito tempo sem me alimentar, é pressão

- Quem... Pera... Como sabe meu nome?
Disse ela ainda meio tonta enquanto eu passava o pano úmido na sua testa.

- Eu sei muita coisa sobre você, que nem imagina. Mas não é isso que vem ao caso

- Era você né, eu sempre soube que era voc...

- Laís está aqui o copo com água
Disse o Vinícius interrompendo o que ela estava dizendo.

- Toma, bebe um pouco de água e você vai melhorar

Laís
Ela bebeu e foi melhorando. Seu semblante foi mudando e percebi que ela já estava ficando bem. Não queria que ela tocasse naquele assunto que eu já havia enterrado. Não era justo depois de tanto tempo.

- Obrigada por ter me ajudado, mas eu preciso voltar pro trabalho

- Quer que eu te acompanhe?

- Não precisa se preocupar, eu tô bem

- Da última vez que não te observei quase vi um carro passar por cima de você, eu não vou te deixar ir sozinha

Ela olhou sem entender o que Laís havia dito, mas deu a mão para a mesma que a levou até o seu trabalho. Laís sentiu seu corpo arrepiar inteiro como da primeira vez, quando sentiu suas mãos se tocando. Ela ajudou Bruna a subir as escadas do consultório e ao chegarem lá, estavam as suas duas amigas de trabalho, Baby olhou com grande cara de espanto e Jana com uma cara de quem não estava gostando nada daquilo. Laís explicou o que acontecera.

- Oi, boa tarde. Eu vim trazer ela pois quase uma tragédia acontece agora pouco
Laís disse ajudando a Bruna a sentar numa das cadeiras de espera do consultório.

- Como assim? O que aconteceu com ela?
Perguntou Baby aflita.

- Ela passou mal no meio da rua, estava tonta e quase um carro que estava em alta velocidade a atropela. Eu corri e consegui puxar ela pra calçada. Levei ela pra loja e quando ela já estava melhor, achei melhor trazê-la.

- Bruna, como assim?? Meu deus!!
Falou Baby enquanto Jana não disse uma palavra e abraçou Bruna.

- Eu vou indo. Cuidem dela e diga a ela que precisa comer, pois isso parece ser a pressão que caiu. Já passei por isso por falta de me alimentar.
Laís disse sorrindo de lado e saindo do escritório.

- Obrigada! Mesmo. Você salvou a minha vida.
Laís escutou Bruna dizer isso e virou-se de costas, acenando com a mão e dizendo que não precisava ela agradecer. Quando desceu as escadas e estava perto de chegar na loja, ouviu alguém lhe chamar.

- Ei Laís! Espera
Era Baby acenando com a mão.

- Oi
Ela respondeu parando sem entender.

- Me conta como aconteceu. Bruna não tá bem faz um tempo...

- Bom, como eu disse, eu a puxei com tudo quando vi o carro vindo na direção dela. O mais louco disso tudo era que fazia muito tempo que eu não saía na porta da loja e não a olhava. Justamente quando resolvo fazer, acontece isso.

- Então era você, não é? Que mandava os presentes anônimos.

- Ela pediu para você perguntar isso?

- Não. Mas é que eu sempre apostei que era você.

- Bom, isso já passou e não tem mais importância mesmo, então eu confesso, era eu sim.

- Como assim não tem mais importância?

- Eu fiz e passei por muitas coisas pra esquecer a Bruna depois da resposta que ela me deu. E como eu disse na última carta, independente da decisão dela, eu jamais ia deixar de admirá-la, mas resolvi me recuperar disso e tô muito bem agora.

- Mas Laís... Espera, vai com calma, você precisa entender o lado dela

E antes que Laís respondesse, foi surpreendida com outra pessoa que se aproximara.

- Oi... É... Eu gostaria de agradecer por ter feito o que fez pela Bruna. Se não fosse por você eu nem sei como ela estaria agora. Obrigada mesmo.

- Não precisa agradecer. Eu faria por qualquer pessoa que precisasse.

Laís sorriu fraco sem entender nada enquanto via Jana indo de volta para o consultório. Ela e Jana não se gostavam. Jana era cristã e não gostou quando soube que era uma mulher que presenteava a Bruna. E Laís pensou que Jana havia colocado coisas na cabeça de Bruna e a fez tomar aquela decisão. Uma inimizade boba nasceu desde aí e Jana indo falar com Laís, a deixou completamente sem chão.

- Laís?

- Ooi...

- Enfim, eu só queria entender as coisas mesmo e agradecer por ter salvado ela.

- Tá tudo bem agora Baby, sério.

- Preciso voltar, bom trabalho

- Pra você também

E ambas voltaram para o seu trabalho e Laís não conseguia parar de pensar no que acontecera. Passou o resto do dia comentando com Vinícius.

Bruna Onde histórias criam vida. Descubra agora