O amor é o princípio da dor

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Como se tudo antes fosse um sonho, Lukas tem enfim seu despertar. Como puderam deixar despercebido que o contato de aterrissagem estava atrasada há um dia?

Ligou todos os equipamentos e encontrou os sinais das sondas. Não havia nada. O planeta não recebeu a espaçonave. Algo com toda certeza estava errado, e era sua responsabilidade resolver quaisquer problema. Nenhuma explosão, nenhum erro havia sido anteriormente detectado, era impossível dizer que o foguete foi simplesmente abduzido. A ciência não computa achismos, sentimentalismo e muito menos teorias da conspiração. A nova missão era entender o fracasso da anterior.

As lágrimas rolavam como um ácido a destruir seu interior à medida que se exteriorizam. Dois meses antes do lançamento, quebrou as regras da missão: tornara-se amante de uma tripulante. Mas isso já não importa à agência espacial, tampouco ao país que a comanda. As respostas são essenciais para remediar o problema, há urgência na sua obtenção.

Quando algo desmorona sobre sua cabeça, tudo que precisa fazer é tentar desligar-se e recompor suas memórias. Lukas enviou uma nova sonda para uma área antes incomunicada. Convocou os agentes de resgate, estudou o plano de lançamento e pouso. O resultado: um asteroide esteve próximo ao planeta 3B5415JH exatamente nos dias estimados para a aterrissagem.

- Isto é muito grave. Estamos buscando os responsáveis pelo erro. Não poderiam ter esquecido de fazer essas previsões. Pessoas estavam lá. Algum de vocês pode ter matado todas elas. - Falava através de um microfone, sua voz alterada. A raiva, a dor da perda, a ansiedade, todas em um coral trêmulo que insistia em expressar-se num momento tão crítico.

Quem ouvia do outro lado da linha assustou-se com tantas acusações. Mas a culpa era de todos. Não se deve colocar vidas em risco pelo nome de um país que não se preocupa com ninguém. Em nome dos poderosos, estavam sete pessoas numa nave. Cinquenta e duas trabalhavam na base no momento que receberam o esporro do chefe de lançamento.

"Quem ele pensa que é para responsabilizar apenas a nós?" - O coro se formava em contrapartida aos gritos robóticos de Lukas, que ressoavam em todas as salas ao mesmo tempo.

As ligações começavam a chegar em seu telefone. O caos estava instaurado, e seus nervos estavam a ponto de explodir. Até ouvir o barulho de uma sirene. Um sinal foi interceptado. O telefone foi desligado e finalmente parecia que tudo voltava a fazer sentido. Uma luz que havia iluminado seus pensamentos.

A nave havia sido desviada do caminho após ter se chocado com o asteroide, a depender da direção, poderia ter refeito o caminho e pousado em um outro planeta. Restava agora um relance de esperança em seus olhos. Nem tudo estava perdido. Era necessário pensar que não. E como se tomado pelo efeito de uma droga fortemente estimulante, tornou todos os seus esforços para o encontro da grande máquina que comportava o seu coração.

Fazer contato agora era sua prioridade. Do outro lado da linha, Louise tentava o mesmo. Talvez os dois devessem ter sucesso, como anteriormente conseguiram antes de serem separados pelo espaço, ou fosse mesmo o fim de toda a esperança e o início de uma grande dor.

 Talvez, o amor seja também o princípio de toda dor.

Das flores, dos amores e das dores.Where stories live. Discover now