Capítulo 3

2.3K 331 58
                                    


Alessandro

No porão tinha dois garotos que eu conhecia muito bem. Pude ver que eles estavam com medo. Queria dizer que tudo ficaria bem, mas conhecendo meu pai não tinha certeza.

Não sabia qual sua razão para me punir como vinha fazendo, pois fazia tudo o que o velho asqueroso queria. Ele não podia me ver fazendo nada que ficava de olho em mim.

Jairo e Amisteg eram meus colegas, os salvei algum tempo atrás e nos tornamos amigos.

— Como disse uma vez Alessandro: sem laços! Mas aqui está você fazendo amigos com um pessoal que não é do nosso círculo social — começou ele vindo até mim e lançando um soco tão forte na minha boca que o sangue desceu.

Não gemi ou fiz som algum; a dor era algo que fazia parte de mim há muito tempo.

Embora nesse momento estivesse tenso por vê-los ali, além de Rafaelle escorado na parede de braços cruzados; ele fez menção de vir na minha direção assim que fui nocauteado. Supliquei com os olhos para que não viesse ou apanharia também.

— Preciso que seja um capo um dia, mas sem emoções para que não afunde a nossa máfia — ele se referia a nossa organização como máfia, mas eu chamava de família. Confiava em muitos dentro dela, sabia quem eram a meu favor e não dele. Um dia teria todos do meu lado e as coisas iriam mudar de vez.

— Não desobedeci a nenhuma tarefa sua! Cumpri tudo à risca — falei em tom calmo, embora tudo em mim quisesse explodir e acabar com ele.

Riu com desdém.

— Não me lembro de mandar você fazer amigos — ele praticamente grunhiu a palavra. — Hoje essa escolha que fez vai mudar, você precisa quebrar os laços de vez.

Um gelo tomou conta de mim. Claro que matava pessoas, bandidos ou devedores que não pagavam, mas nunca eliminei um inocente.

Os dois garotos estavam paralisados no lugar com medo do que estava acontecendo ali e me olhando com esperança de que eu fosse tirá-los dessa, mas como faria isso?

— Mate-os Alessandro — ordenou Marco num tom que me dizia para não desobedecer.

Algo em meu coração parecia querer rachar; fazia anos que eu havia trancado minhas emoções, mas ouvir que teria que matar esses garotos foi como se ainda sentisse algo. Às vezes, eu chegava a pensar que não era humano, acho que foi por isso que me aproximei deles para tentar mudar isso.

Peguei minha arma fazendo com que arregalassem os olhos e suplicassem, algo que meu pai odiava por sinal, ele não suportava ouvir isso.

Tentei levantar as mãos, mas não consegui; tinha algo que me impedia de atirar. Eu não conseguia desviar os olhos deles, pois via confiança que tinham em mim.

Meu pai rosnou com fúria e sabia que eles morreriam e tudo por minha culpa, pois se tivesse me mantido longe deles, ambos estariam com suas famílias.

— Seu covarde! Mate-os ou vou fazer com que se arrependa.

Não conseguia fazer, teria que ter essa fraqueza e não pretendia mudar.

— Talvez precise de um incentivo maior. — Olhou para o homem, Gael. — Traga a Jade e Luna aqui...

Um medo nunca sentido antes se apossou de mim e eu soube o que iria acontecer. Antes que eu reagisse dois tiros soaram e os garotos caíram no chão com tiros no peito.

Alessandro, completo por 24 horas, será retirado dia 12/05Onde histórias criam vida. Descubra agora