- Se você me liberar, eu te dou uma barra de chocolate - Pierre Gasly sorriu para mim e minha resposta foi uma sobrancelha arqueada - De qualquer marca, sabor, tamanho... - completou sugestivamente, sabendo que ele poderia me comprar facilmente com comida.
Revirei os olhos e parei atrás dele, ajeitando a sua coluna em uma linha reta, enquanto ele fazia (lê-se: enrolava) os alongamentos que eu havia pedido. Pierre era um homem incrivelmente querido e engraçado, porém extremamente preguiçoso quando o assunto era as sessões de fisioterapia comigo.
Eu estava trabalhando há duas semanas e logo depois do primeiro dia decidi que fazer sessões em conjunto com Pierre e Max Verstappen juntos era uma péssima ideia, principalmente porque eles não paravam de falar por um segundo sequer. Nenhum dos dois ficou feliz quando eu sugeri sessões individuais, principalmente quando descobriram que Esteban e Alex iriam continuar com as sessões coletivas.
"Não tenho culpa se vocês se comportam como duas adolescentes fofoqueiras" foi a minha resposta aos protestos de Max, no início dessa semana.
E agora, Pierre estava tentando me convencer a liberar ele mais cedo, para que ele pudesse encontrar a namorada que estava chegando de viagem, e por isso ele estava usando a chantagem do chocolate.
Eu poderia aceitar? Mas é claro que sim. O único problema dessa história é que duas semanas atrás eu havia feito uma promessa que erradicava o chocolate da minha vida até o fim de maio.
- Não, sem chocolate, sem saída antecipada - falei e ele ergueu a cabeça para que pudesse olhar nos meus olhos, mesmo que eu estivesse parada atrás dele - Eu to falando sério - avisei enquanto ajeitava a posição de seu pescoço, com uma mão de cada lado da sua cabeça.
- Por favor, Chelsea, a Cate está chegando de viagem e eu to morrendo de saudades - ele resmungou emburrado
- Pierre, pelo amor de Deus, faz o exercício e para de reclamar - eu bufei e ele revirou os olhos - Agora, deita e alonga as pernas - entreguei uma fita de elástico para ele que deitou e iniciou o alongamento de uma de suas pernas, porém sem vontade nenhuma.
Sem paciência para birra, fiquei na frente de seus pés e forcei a perna esquerda de Pierre em direção ao seu peito, e ele resmungou em protesto.
- Ai cacete, eu preciso da minha perna para andar - ele xingou e eu indiquei que trocasse a perna
- Faz o exercício direito e eu não preciso forçar - sorri cínica
- Para alguém com o rosto tão amável, você saber ser um pé no saco, Chelsea Herrera - ele falou e eu ri alto com seu comentário.
Quase todo paciente que eu tinha me falava algo do gênero: "Como você pode ser tão fofa e agir como uma louca?" ou "Você está treinando para matar alguém?" e certamente os apelidos carinhosos como "Bruxa"; "Monstra" e o mais recente, que Pierre e Max inventaram: "Lúcifer fêmea".
- Você reclama tanto que nem percebe o tempo passar - falei estendendo as mãos em sua direção e ele automaticamente as segurou. Forcei minhas pernas contra o chão para que pudesse ajudá-lo a se sentar. Pierre apoiou as mãos nos joelhos dobrados e me olhou, de baixo
- Acabou? - sorriu como uma criança e eu revirei os olhos antes de concordar
- Sim, Sr. Gasly, acabou - falei, ironizando seu nome e ele riu. Em um salto, ele ficou de pé e me abraçou forte
- Aleluia, irmãos, a liberdade existe - comemorou enquanto pegava sua jaqueta em cima da mesa. Antes que ele pudesse sair, o chamei
- Pierre? - ele virou em minha direção - Pelo amor de Deus, não faça nenhuma lesão muscular hoje a noite. Vocês têm corrida esse fim de semana, e Christian arranca meu fígado se você estiver lesionado por causa da sua namorada - ergui a sobrancelha sugestivamente e foi sua vez de rir alto.