𝑭𝒐𝒓𝒈𝒊𝒗𝒆

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Eu me apaixonei por Jungkook por acaso. Num dia estranho, em pleno nono ano, numa segunda-feira nublada e sem cor. As pessoas costumavam me dizer que nunca me imaginavam chorando, ou então de cabeça baixa, e eu gostava de saber que eu era sempre visto com uma aura positiva por elas, assim como meu avô tinha dito para ser. Uma pessoa que sempre aparece com um sorriso no rosto. Foi assim que ele conquistou a minha vó, na verdade.

Mas naquele dia eu não consegui me manter assim. Eu era um garoto de quinze anos, e no momento eu havia tido certeza de uma coisa que prometi a mim mesmo que era só uma probabilidade idiota: eu gostava de meninos. Naquele tempo, eu achava que isso era algo que eu devesse me envergonhar. Eu andava com garotos que faziam piadas sobre isso como se fosse algo horrível, algo que fosse motivo para virar chacota. Então, quando me dei conta que isso estava acontecendo comigo, eu senti raiva de mim mesmo.

— Não era para ser assim. Não era para eu me sentir assim, Jimin! — chorominguei para o garoto que na época tinha os cabelos pretos.

— Calma, cara. Deve ser puberdade, sei lá. — jimin folheava algum livro sobre a segunda guerra mundial, parecendo não me levar a sério.

— A gente tá estudando e em nenhum momento vi que querer beijar garotos é uma característica da puberdade masculina, Minnie!

— Oh, grande coisa.

— Você ainda vai me amar né? — fiz um bico, dramático.

— Meu Deus, eu não vou responder isso! — ele perdeu a paciência com minha falta de maturidade, então saiu de perto de mim. Chutei o chão e cruzei os braços, sempre muito crescido.

Eu estava frustrado comigo mesmo. Eu me sentia... Errado.

Mas foi bem naquele dia, naquele dia em que estávamos todos ensaiando para o coral da escola, foi aí que me achei por completo. Quando entrei na sala vazia do nono ano, e sentado sozinho na sua carteira estava Jeon Jungkook.

Eu já havia notado ele algumas vezes. Ele estava sempre sozinho usando um capuz preto, parecendo se esconder do mundo, parecendo ter medo dele. Já tinha escutado boatos (justo sobre o lance de sexualidade) sobre o garoto, mas não acreditava tanto já que eram motivos extremamente idiotas para comprovar algo. Tipo, quem é gay só porque não aceita ficar com algumas garotas da escola? Não tem cabimento.

Mas, Jeon Jungkook parecia sozinho, e aquilo me deixava incomodado de alguma forma.

E quando eu abri a porta da sala e escutei aquela voz cantando suavemente a música que deveríamos ensaiar para o coral da escola, eu não consigo descrever o quanto meu coração quis pular para fora do peito. A voz de Jeon Jungkook era... Perfeita. A voz mais linda que eu já havia escutado em toda minha vida. Por um momento, foi como se nada importasse a não ser aquele garoto tímido ali, deixando sua voz voar. E foi aí que eu percebi que não me importava se eu gostava de garotos. Eu era assim, e me sentir daquela forma por Jeon Jungkook me fez notar que não tinha nada de errado. Era um sentimento lindo, que me fez prender a respiração por uns instantes e enxergar um brilho a mais ao meu redor.

Porque eu teria vergonha de sentir isso?

E a partir daquele dia eu apenas me permitir ser. Eu beijei alguns garotos bonitos, saí com alguns também. Nada muito sério, eu gostava de saber que tinha mais meninos como eu, com isso fui aprendendo mais sobre mim mesmo.

Bom, sair com outros garotos era legal, mas...

Eu não queria sair com outros  garotos.

Eu queria sair com aquele garoto.

Quando eu comecei a me sentir seguro comigo mesmo, após aquele dia, comecei a observar mais Jeon. Comecei a notar o quanto seus cabelos pareciam fofos quando caíam em cima dos seus olhos e ele os jogava para o lado. Quando ele ficava nervoso antes de apresentar um trabalho e mordia o lábio inferior várias vezes, tenso. Até mesmo quando estava olhando a janela, com a cabeça dispersa. Jeon era uma pintura linda, melancólica e apaixonante, assim como as artes de Van Gogh. E eu me apaixonei por ele. Não pela sua voz, ou seu rosto, não por um motivo.

Cinza É A Nova Cor Do Arco-íris | Kth + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora