𝑷𝒂𝒓𝒕𝒚

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Sábado finalmente chegou, o dia do baile, depois de uma longa semana como as outras, porém um toque diferente: Taehyung ao meu lado.

Não era o tempo todo, porque eu sempre tentava evitar ao máximo me trombar com ele na escola, e nunca virava para trás na hora da aula, evitando que nossos olhares se encontrassem e que isso desse brecha para ele se aproximar. Apenas teve duas vezes perdidas em que ele chegou em mim para perguntar se eu realmente iria com ele, afinal, tinha aceitado de uma forma super repentina. Eu sempre assentia de forma rápida e cortava o assunto, saindo de lá o mais rápido possível.  Era uma coisa ignorante, insensível — e sim, eu era. Mas tudo isso era causado por minha insegurança, pois eu achava muito estranho Taehyung agir daquela forma tão "legal" comigo da noite para o dia. Eu ainda tinha um receio que havia algo por trás.

O baile começaria às nove da noite. Noah não se encontrava em casa porque havia viajado para uma cidade perto, e de acordo com o que eu ouvi, só voltaria no dia seguinte. Então, não tinha chances de eu ser completamente rebaixado quando voltasse, apenas pelo simples fato de ter saído.

Combinei de encontrar Taehyung no jardim do clube às dez horas, e quem chegasse primeiro ficaria esperando até que o outro aparecesse.

Eu estava pronto exatamente às nove e cinquenta e quatro. Eu não vestia nada de muito especial, porque eu não tinha roupas para ocasiões formais — as únicas mais arrumadas que eu tinha era uma blusa branca com uma jaqueta de couro em cima, junto com uma calça de pano preta e sapato vans. E era esse outfit que eu usava naquela noite.

Saí do meu quarto, onde Mary já estava no seu oitavo sono, mumurrando palavras desconexas; parecia estar sonhando. Alisei de leve sua cabeça e me retirei, indo em passos silenciosos até o quarto de Noah e minha mãe. A mesma estava penteando seus cabelos longos e negros em frente à penteadeira, e eu tentei ser o mais discreto possível pegando um perfume feminino no seu armário.

— Jungkook — sua voz fraca me chamou.

Apertei o frasco vermelho em minhas mãos.

— Está muito bonito hoje. Onde você vai?

Como se você se preocupasse para onde vou ou deixo de ir

— Eu vou ao baile de boas-vindas da escola, mãe — respondi baixo.

Pude ver seu sorriso refletido no espelho, então ela pegou sua bolsa de couro ao lado das suas maquiagens espalhadas pela penteadeira e começou a procurar algo nela, e depois de curtos segundos, virou seu corpo para frente e estendeu sua mão em minha direção.

— Cinquenta reais para você poder pegar um táxi, Jungkook.

Levantei meus olhos e encontrei os dela. O que está fazendo?

— Não precisa. Eu vou voltar andando.

Ela fechou o punho, dando um sorriso mínimo. — Entendi.

Quebrei o contato visual e comecei a andar em direção à porta, porém, antes que eu pudesse ao menos abri-lá, novamente minha mãe me chamou:

— Jungkook.

Parei meu corpo, sem virar minha cabeça para trás.

— Eu... eu não vou contar à Noah — disse baixo. — Eu não vou contar para Noah que você saiu.

Um aperto no meu peito me fez segurar mais forte a maçaneta que eu tocava, e eu mordi o lábio.

— Eu sei. — susurrei, finalmente abrindo e saindo dali.

Eu ainda tinha como correr atrás. Ainda tinha tempo de parar e tirar toda aquela roupa arrumada, e voltar para meu quarto. Mas era angustiante ver minha mãe depressiva pelos cantos, e era mais ainda ver Mary com certo medo de falar comigo, e tudo isso por culpa de Noah. Eu precisava sair daquele ambiente completamente melancólico, e demorou um pouco para eu constatar para mim mesmo que esse era o único motivo pelo qual eu havia aceitado o convite de Taehyung; eu precisava respirar um pouco, ou então afundaria mais do que já estava, e apenas eu sabia o que onde isso me levaria.

Cinza É A Nova Cor Do Arco-íris | Kth + JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora