há exatamente um ano e sete dias, eu senti o gosto de um primeiro amor concretamente assustador resvalar na minha pele rachada de porcelana. durante mais de 365 dias de cortejo, o meu coração derreteu e se solidificou tantas vezes pelo celeste do meu peito que hoje em dia acredito ser feita de argila.
no quarto mês de sorrisos, você me pediu as adegas dos meus olhos e sabor da minha boca. eu fiquei tão insegura sobre tudo. tive medo da presença dela, e de que eu não te arrebatasse tanto quanto as noites pretas e muito vivas que respiravam no pé do seu ouvido sempre que ia se deitar. e, através do meu medo racional, eu te entreguei tudo de bandeja, na súplica de um beijo que atormentaria os meus sonhos de luares tropicálios por meses após tudo que aconteceu. as estrelas banhadas de mel que escorrem da minha boca muito me recordam das promessas de madrugadas frenquentes à distância, e de todos os encaixes mais bonitos dos nossos dedos incertos.
você era só um anjo que jamais ostentara asas na linha da coluna, e nos seus dois braços vermelhos haviam tantos números incapazes de me fazer desviar os olhos da sua figura sorridente que eu ensaiava uma cegueira lastimável na maior parte do dia. e eu amava conhecer a carne da sabedoria intrínseca que as suas contas matemáticas mostravam quando um problema inteiro saltava do papel e você só dizia que as coisas eram mais fáceis do que aparentavam.
outro dia a nostalgia abateu os meus dedos e mudei o seu contato inabalável pra "saudade". repeti a nossa música na cabeça por horas incontáveis e lembrei de cada detalhe do seu beijo, e de como nem de longe alguém já conseguiu me fazer sentir de forma tão assustadoramente real. penso em tanto e de repente não consigo me lembrar nem de como se escreve o seu nome, e a ideia de que você nunca me pertenceu parece tão próxima e eu tenho medo de arrebentar os laços tênues que circundam os nossos braços.
sinto saudade do meu garoto-matemática, e de como todas as questões mais ínfimas das minhas lágrimas se tornavam triviais dentro daquele abraço quente e seguro. queria sentar do seu lado de novo, porque ainda sinto tanta dificuldade com números...
você me ajuda a resolver mais um problema se eu te pedir?
não quero que se esqueça do meu nome nem em um milhão de anos, hyunjin...
eu te amo por todos os infinitos do seu conjunto universo
rabiscado naquela carteira
da sala 112.espero que se lembre.
𝐝𝐞𝐝𝐢𝐜𝐚𝐝𝐨 𝐚𝐨 𝐚𝐦𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐮𝐢́ 𝐚 𝐩𝐮𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐞 𝐠𝐚𝐫𝐠𝐚𝐥𝐡𝐚𝐝𝐚𝐬: 𝐦𝐞 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐨𝐚 𝐩𝐨𝐫 𝐧𝐚̃𝐨 𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫?
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ENSEMBLE UNIVERS
Fanfictionanos depois, arrastando carteiras sobre os meus ombros marcados de beijos, eu desejo ouvir a sua voz mais uma vez. 𝗒𝖺𝗇𝗀 𝗃𝖾𝗈𝗇𝗀𝗂𝗇 𝗑 𝗁𝗐𝖺𝗇𝗀 𝗁𝗒𝗎𝗇𝗃𝗂𝗇, 𝗌𝗍𝗋𝖺𝗒 𝗄𝗂𝖽𝗌. 𝖼𝖾𝗇𝗍𝗋𝗂𝖼. 𝗈𝗇𝖾𝗌𝗁𝗈𝗍. bonniecoeur, 2020.