Capítulo IV

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Eu já estava acordado quando o despertador tocou, às cinco e meia da manhã. Nem mesmo dormi depois daquele dia, foi tudo muito... repentino? Acho que é a melhor palavra que posso usar para descrever toda a bagunça que ocorreu naquela noite. Park naquele parapeito... argh, não consigo pensar nisso, toda vez que o faço parece que alguém colocou um bloquinho de gelo dentro de minha camiseta. Me perguntava frequentemente se ele estava bem, se estava seguro. Ou se me odiava por ter salvado a vida que ele queria acabar tão cedo, nunca se sabe. 

Fui cortado de meus pensamentos depois que o alarme cor de vinho caiu no chão de tanto vibrar. Pulei na cama com o susto, me levantei e peguei o aparelho com o intuito de ver se teve algum dano na queda.

— Credo, seu surtado — murmurei. Sim. Chamei um objeto de surtado. É, eu sei.

De qualquer modo. Suspirei fundo e espreguicei meu corpo. Abri a janela e vi como estava lá fora. O céu ainda parcialmente escuro, começando a se iluminar com as primeiras pinceladas do dia, então, percebi: é primeira vez em meses que não me atraso. Pensei em sentar na cama e tocar alguma música, continuar a produzir o que eu estava fazendo, dormir, ou... ou ir pra escola e checar se Park Jimin estava bem. E, bem, foi isso que eu fiz. Deus, pelo teu amor, não me deixe ficar obcecado por esse garoto, amém. 

Desci as escadas, ainda de pijama e abri a geladeira para procurar algum pedaço de queijo, até que...

— Eu tô vendo direito? — Uma voz rouca pelo sono preencheu a cozinha. — Jeon Jungkook acordado a essa hora? Tem algo de errado...

— Cruzes, Yoongi, falando assim até parece que eu só durmo. —  Respondi a ele. Yoongi é meu irmão mais velho... de parte paterna.

— É porquê é só isso que você faz, mesmo. Aposto que nem dormiu de noite.

— Não mesmo. — Ele andou até a geladeira, me tirou do caminho, pegou a caixa de leite e deu um tapinha no topo da minha cabeça. Se ele está na Terra por algum outro motivo que não seja me irritar, eu desconheço qual seja. — Ei! Eu só ia pegar o meu...

— Não vai comer queijo, não é café da manhã. Pega o cereal no armário que eu tô procurando as tigelas.

Bufei e ouvi a risada de Yoongi em resposta, mas fiz o que ele falou. O que resultou em um cafuné na minha cabeça, o qual eu respondi com um olhar daqueles que diziam "Minha filha?!" e o desgraçado só me respondeu um "Bom garoto". Olha, se um dia eu ter a oportunidade de deitar o Yoongi na porrada eu juro por Deus que não responderia por mim.

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Tomamos o café juntos, e quando bateu a hora fomos para nossos respectivos quartos nos trocar. Vesti uma calça jeans de cor escura, calcei uma bota Timberland de cor amarela e pus uma camiseta totalmente branca, escovei os dentes e tentei arrumar meu cabelo para que não me deixasse parecendo um mendigo ou algo do tipo. 

Desci as escadas e Yoongi estava no sofá de moletom preto e calça jeans também escura. Tinha calçado um par de tênis com uma quantidade absurda de cadarços , mas que, com alguma magia oculta, ficava bom e até estiloso com a roupa dele. Eu nunca consegui entender o peculiar gosto de tênis que ele tem.

Bati na cabeça de meu irmão, como ele mesmo fizera comigo naquela manhã e parei em frente à porta.

— Vamos, jaburu.

— Se você fosse uma criança de doze anos eu até diria que tá apressado assim porque quer encontrar a paixãozinha e trocar bilhetinhos. — Ele levantou do sofá, destrancou a porta e passou por ela. Fui logo atrás.

— "Paixãozinha", "trocar bilhetinhos"... você parece um tio falando desse jeito.

— Me respeita, otaku fedido. —  Ele trancou a porta atrás de nós e começamos o caminho até a escola.

Future Love [JJK + PJM]Onde histórias criam vida. Descubra agora