| PARTE III

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PARTE III

Uma da madrugada. Não estou com sono e já é Natal, fico vendo vários status de amigos da cidade grande, todos eles vivendo altas emoções em baladas natalinas. Bem... Preciso mostrar a eles que também tenho um Natal (relativamente) bom. Gabriel me disse que o único lugar nessa casa que tem decoração de Natal é no quarto de Vitor.

Se eu for lá rapidinho, tirar uma foto com a árvore ninguém nunca vai saber que eu entrei no quarto dele, afinal, não tenho o número de ninguém dessa casa salvo no meu celular para eles verem meu status.

Me levanto e subo as escadas. Onde deve ser o quarto de Vitor?

Ando pelo corredor, primeiro como é de lei eu acabei encontrando o quarto de Geraldina e Rômulo. Eca, que nojo, e depois o de Vitor. Ai, eu vou confessar, achei que ele fosse mais organizado, mas o quarto está uma zona. Gavetas da cômoda aberta, abajures ligados, e pequena árvore de Natal em um canto acesa.

Passo por cima de algumas peças de roupa, tiro meu celular, abro a câmera e faço uma selfie minha sorrindo em direção a árvore de Natal. Pronto, postei no meu status.

O quarto pode ser desorganizado, mas não fede não. Que quarto cheiroso. Eu sei que falei que vim só tirar a foto e que isso é bem errado, mas fiquei curioso agora. Eu prometo que não vou tocar nada. Caminho até as gavetas da cômoda que estão abertas e olho para dentro delas.

Oh my God. Não acredito no que eu vejo.

Me desculpa senhor quebrar a minha promessa, mas assim eu não aguento. Com a ponta dos dedos eu pego a peça de roupa para fora. É uma jockstrap. Aquelas cuecas que a bunda aparece. Ai, eu consigo até imaginar Vitor Hugo usando ela... Minha boca até saliva. Olho de volta para a gaveta enquanto devolvo a jockstrap, e vejo...

Eu rio comigo mesmo dentro desse quarto enquanto pego a cueca com tromba de elefante. E que tromba hein...

— O que você tá fazendo aqui?! — deixo a cueca cair no chão enquanto me viro e vejo Vitor Hugo (molhado) na porta.

— O que você faz aqui? — eu digo.

— Eu moro aqui. — diz ele. — Está fazendo o que no meu quarto?

— Eu hã... Você não deveria estar viajando? — pergunto.

— O carro quebrou no meio do caminho e tive que voltar. — responde ele.

— Sei que você deve estar pensando que estou roubando alguma coisa, até eu pensaria isso, mas não é nada disso. — respondo. — De verdade, é muito pelo contrário eu posso te explicar.

Vitor cruza os braços sobre o peito fazendo o volume aumentar.

— Pode começar agora. — responde ele.

— Hã... — digo. — Minhas amigas...

Ele puxa a camisa de esporte para cima.

— Mas que porra você está fazendo? — pergunto.

— Eu estou molhado. — ele dá de ombros. — Vou me trocar. Te incomoda?

— Hã... De forma alguma, pode continuar. — digo.

Vitor sorri.

— Continue sua história. — diz ele.

— Bem. — respondo. — Meus amigos da cidade de onde eu moro agora estavam postando fotos de Natal, e eu me senti um pouco excluindo. — paro enquanto ele puxa o calção até o chão e vejo ele de cueca boxer preta, justinha.

— Então? — ele pede para eu continuar enquanto caminha em minha direção.

— Hã... — minha bunda bate na cômoda enquanto ele fica na minha frente e pega alguma coisa em cima da cômoda, e com essa coisa (uma toalha) ele começa a secar o cabelo louro. — Gabriel me disse que o único lugar com decoração nessa casa era o seu quarto. Eu só vim tirar uma foto.

— E porque estava mexendo na minha gaveta de cuecas? — pergunta ele.

— Apenas curiosidade? — sai mais como uma pergunta, droga, droga, mil vezes droga.

— Curiosidade com o que? — pergunta ele largando a toalha em cima da cama e levando as mãos até a cintura.

— Hã... Que noite linda né? — digo.

— Fernando... Quer apimentar essa noite? Afinal, nossas noites foram estragadas juntas. — diz ele. — Minha viagem deu ruim, sua noite deu ruim sendo babá em vez de estar com os seus amigos.

— Sim... — minha voz sai rouca.

— Então... Que tal...

— Você quer fazer sexo comigo? — pergunto.

Ele levanta uma das sobrancelhas.

— Isso. — diz ele.

— Você me xingava no fundamental. — digo.

Vitor dá de ombros.

— Eu era um menino terrível, confesso. — responde ele. — Mas eu mudei. Mudei para melhor. Somos dois adultos, ou melhor, quase adultos. E podemos sim fazer um sexo sem compromisso. Eu quero, e parece que você quer também. Eu não estou forçando a barra. Só se você quiser.

— Quê? — pergunto abrindo os botões da minha camisa.

É... No fim eu não fiz a chuca a toa.

* * *

Babá de Natal | Conto ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora