CAPÍTULO 1

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Jenny passou a manhã toda recebendo ligações. Já estava me irritando. Queria poder me livrar daquele celular, mas preciso continuar com ele se quiser ajudar o meu amigo.

Comprei passagens para Londres. Essa foi a última vez que alguém olhou o Will. Pode ser que ele esteja hospedado em algum hotel. Totalmente bêbado.

Estou caminhando em direção ao famoso "Moon". Sei que ele gostava desse local. Ao chegar à entrada do hotel, me deparo com uma multidão eufórica. Parece que alguém famoso estava saindo.

- O que está acontecendo? – Uma garota de cabelo lilás se aproxima de mim, seus olhos castanhos encontram os meus – Esta tudo bem com você?

- Sim. Não sei ao certo o que esta acontecendo, mas deve ser uma celebridade.

- Pois é. Desculpa, não quero parecer grosseira me chamo Luna.

O quê? Luna? Impossível. Existem milhares de Luna, não podia ser a mesma garota da carta. Isso só acontece em filmes. Não somos personagens de filmes para do nada nos encontrarmos por aí, e no mesmo local.

- Perdão, você disse Luna?

- A própria, em carne e osso! Sou Luna Green, você me conhece? – Merda. É ela mesma a maluca que me enviou a carta.

- Bem, sou Wendy. Wendy Smith – Minha voz falha.

- PORRA! – Ela começa a sorrir – Que mundo pequeno, deve esta aqui pelo seu namorado certo?

- Sim, mas ele não é meu namorado é somente um amigo.

- Que seja florzinha. Estamos aqui pela mesma causa, o garoto sumiu faz um tempinho, foi visto aqui pela última vez no dia 05 de março – Faz uma semana, sabia algo esta errado.

O que quer que esteja acontecendo essa é a única pista que tenho. Will esteve aqui no dia 05 de março, provavelmente só veio para dormir e saiu. Preciso ser rápida.

- Aonde pensa que vai? – Ela segura meu braço esquerdo com força – Não vai conseguir passar por essa multidão.

- E o que pretende fazer?

- Sou uma das mais famosas críticas de Londres, acha mesmo que não conheço minha cidade?

- Desculpe, estou preocupada.

O semblante de Luna muda. Estamos caminhando até a porta dos fundos, havia pessoas dormindo na entrada, a multidão aqui era menor, dava para ter acesso. Essa é nossa oportunidade.

Seguimos em frente. Era possível ver as garotas tentando invadir o Hotel, os gritos estavam insuportáveis. Queria apenas colher a informação necessária e sair desse inferno.

- Ei, acha que devemos perguntar apenas se ele esteve aqui?

Ignoro o fato de Luna esta presente comigo. Meu foco mudou. Quero entender o que esta acontecendo aqui, porque as meninas pararam de gritar e de repente estão todas com o semblante triste.

Dou pequenos passos em direção a multidão e me surpreendo ao olhar a mãe de Will entrando pela porta principal, ela esta com roupas de luto, seu cabelo loiro esta com um rabo de cavalo, ela esta usando óculos escuro o que deixa claro que seus olhos estão inchados. Meu coração aperta. Não pode ser o que estou imaginando.

De repente sinto minha respiração ficar ofegante. Minhas mãos estão trêmulas. Parece que meu coração quer sair, a dor esta aumentando a cada pensamento que tenho sobre ele. Meu corpo esta começando a esfriar.

- L-Luna.

- Ei, o que foi? Você esta bem? – Ela toca meu ombro.

- Não – Tento falar mais uma falta de ar me consome naquele instante.

- Droga. Você tem problemas cardíacos algo parecido? – Merda será que da pra parar de falar – Se tiver me diz que levo você para o hospital.

- Não.

Não consigo dizer nada além disso, eu vou morrer aqui. E uma garota nada convincente esta diminuindo minhas chances de sobreviver. Não da pra respirar.

- Droga Wendy. Acabei de ler na internet, você deve esta tendo uma crise de ansiedade. Merda. Agora? Aqui? Vou te levar para o hospital, não sei o que fazer e ficar aqui não vai ajudar – Finalmente ela leu meus pensamentos.

Luna me apoia em seu ombro, damos pequenos passos devido ao estado em que estou. Na saída é possível ver um Renault Clio azul, um carro extravagante para uma gótica. Comecei a gostar de você.

- Olha quer deitar no banco de trás ou prefere ir na frente?

- Frente – Ainda não estou nada bem e esta piorando.

Sento. Fico em silêncio tentando controlar meus pensamentos. A mãe de Will de luto. Meninas tristes. Minha mente esta sobrecarregada. Nunca tive uma crise assim.

- Vamos chegar rápido, meu pai é médico em um hospital aqui perto, com certeza poderá nos ajudar – Luna acelera o carro, fazendo ultrapassagem. De vez enquanto xinga os motoristas.

Lágrimas começam a querer surgir. A droga dos meus pensamentos somente piora tudo. Como já não consigo ver nada, fecho os olhos. Preciso me concentrar. Tenho que controlar meu corpo. Respire Wendy. Você consegue.

- Chegamos! – Luna desce ferozmente do carro.

Minha visão esta turva. Mas consigo ter noção, de que tem uma pessoa vindo em minha direção com uma cadeira de rodas. Estou aqui enfim, de fato tenho uma crise desesperadora de ansiedade.

- O que aconteceu filha? Consegue descrever o que ela esta sentindo?

- Acho que ela esta tendo uma crise de ansiedade pai.

-Hum. Levem ela para o quarto de observação e preparem uma máscara de oxigênio.

- Ela vai morrer?

- Não. Ninguém morre assim, é só uma crise de ansiedade dura em torno de 20 a 40 minutos, depende muito de pessoa para pessoa.

Sinto o tumulto de enfermeiros ao meu lado, ouço passos largos, é possível ouvir os gritos. Mesmo que esteja de olhos fechados, consigo imaginar como deve ser o caos.

- Você vai ficar bem. Sou o Dr. Green o pai da Luna. Vou ajudar você a tentar controlar sua respiração. Já teve crises assim? Assinta com a cabeça se sim.

Faço que não. E um silêncio toma conta do ambiente. Estou sendo colocada em uma cama. E tão de repente começam a me encher de equipamentos. De preferência o cardíaco, o bipe do aparelho esta bem alto. Sinto as mãos geladas da enfermeira tocarem a minha.

Parece uma cena de filme onde o personagem principal se encontra entre a vida e a morte. A máscara de oxigênio chegou com tudo. Minha respiração fica mais descontrolada, sinto a leve impressão de que irei desmaiar a qualquer momento, meus batimentos não estão ajudando muito.

O Diário de WendyWhere stories live. Discover now