Freya
- Vais continuar a evitar-me?
Desviei o olhar, mordiscando o interior da bochecha.
Estava neste momento, atrás do pavilhão de educação física com o Oliver. Precisava de tratar disto, mesmo que custa-se.
O rapaz aproximou-se de mim, pousando a mão no meu braço como se estivesse a tentar dar-me apoio.
Afastei a sua mão bruscamente, deixando-o confuso, mais uma vez.
- Pára!
- Paro o quê? De tocar em ti? - assenti. - De manhã não posso beijar, á tarde não posso tocar na minha namorada...
O que é que mudou? Fui eu?- Oliver, o nosso namoro acabou.
- ele arregalou os olhos. -- Acabou? Como assim?
- Acabou, pronto!
- Freya, sê mais explícita. Eu não posso virar costas assim. O que é que aconteceu para mudares de ideias?
- Não é nada, ok? Não há motivos!
- Não há motivos? Desculpa, se queres que eu aceite isto eu tenho de perceber! O que é que mudou?
- Nada. Chega. Eu não tenho de te dizer nada, Oliver. - disse bruta. -
- E achas que eu não mereço saber? Freya, tu hoje não acordas-te e decidis-te que ias acabar comigo! Há que haver uma razão! - o rapaz elevou o tom de voz, já de irritado. - É outra pessoa? - fiquei a olhá-lo. - É isso?
- É só que... - olhei-o desesperada, engoli em seco e respirei fundo. - Oliver, eu já não sinto o mesmo. Eu já não te amo. - falei receosa. -
O Oliver desviou o olhar, rindo-se irónico. Depois, passou a língua pelos lábios, devido á irritação.
- Eu já sabia. - encarei o chão. Ele acabou por me encarar, chateado. - Quem é o gajo? É o Justin?
- Isso não te diz respeito, Oliver. Segue a tua vida, como eu vou fazer com a minha. Adeus.
Ia passar por ele, mas ele agarrou o meu braço. Olhei para ele, que estava a ficar com os olhos arrasados em água. O Oliver era muito sensível.
- Podes deixar-me á vontade, mas isto não vai ter mais volta acredita. - fiquei a olhá-lo. - E se for o Bieber, fica com ele á vontade. Mas quando começares a ser o centro das atenções no mundo inteiro, não venhas com merdas. - vi algumas lágrimas a fugirem lhe dos olhos. - Sê feliz.
O rapaz passou por mim, e observei-o a seguir caminho levando as mãos aos olhos, limpando as lágrimas.
Não chorei. Mas senti uma dor estranha, que me obrigava a correr para ele. No entanto, tinha de seguir em frente se o meu foco era outro.
Respirei fundo, mentalizando-me que a partir de agora era solteira. Ia ser estranho habituar-me a essa rotina.
Á rotina de não receber um beijo, um abraço e todas aquelas conversas lamechas. Mas se o fiz, foi para o bem de ambos. Para que nenhum de nós se magoasse mais. Principalmente ele.