Goma de Mascar [COMPLETO NA AMAZON]

uno

Me hace tanto mal tu humor errático

Te sigo sin pensar en automático

Si doy un paso más ya no lograré volver

Ya no sé como retroceder

Una y otra vez tengo que luchar conmigo

(Peligro - Reik)

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Melanie respirou fundo pela milionésima vez naquele dia.

Seu temperamento não era um dos melhores, mas no geral conseguia passar pelos acontecimentos diários sem grandes estresses. Quer dizer, isso se considerasse a grande capacidade que ela possuía em jogar tudo aquilo que lhe incomodava para um canto trancado de sua mente e assim ignorá-lo até que ignorar já não fosse uma tática possível.

Não foram poucas as vezes em que ela se retirou no meio de conversa ou em que tapou os ouvidos com fone para evitar ser tomada pela raiva. Ela era mestre em tacar o foda-se e bloquear a mente para qualquer um que a irritasse. Não se orgulhava de agir dessa maneira, porém era o único modo que encontrava para conseguir manter a própria sanidade. Aplicava-o com todos que conhecia. Com exceção de Vinícius.

O insuportável Vinícius.

Assim como a kriptonita era a fraqueza do Superman e madeira era uma incógnita para a sonic screwdriver, Vinícius era a última gota d'água que fazia todas as emoções submersas de Melanie transbordarem. O único capaz de fever-lhe o sangue e segundos depois fazê-la proferir impropérios a decibéis elevadíssimos. Para o desprazer de toda a família, nos últimos meses o garoto parecia ter adquirido algum fetiche em perturbá-la.

Aliás, muitas coisas haviam mudado nos últimos dez meses. Coisas que nenhum dos Moraes, nem dos Sousa conseguia compreender.

Quando sua irmã, Rebeca, anunciou que se casaria, Melanie não poderia ter ficado mais feliz. Por anos, presenciou a infelicidade da garota entrando em relacionamentos destinados ao fracasso. Na verdade, denominar como relacionamentos todos aqueles casos rasos que mais pareciam encosto seria um puta eufemismo. Foi um alívio para toda família Moraes, quando Bernardo surgiu. Uma festa quando ele propôs casamento. E uma explosão quando Sofia nasceu.

Melanie estava contente de verdade com a felicidade da irmã. O que não a impedia de por vezes desejar que sua alma gêmea fosse outra que não Bernardo. Não que o marido de Rebeca lhe desagradasse, muito pelo contrário, considerava-o quase como um irmão que nunca tivera. O único problema era que o casamento vinha com um pacote. E para a infelicidade de Melanie, o pacote Bernardo incluía o mala do seu irmão, Vinícius.

A princípio a convivência deles tinha sido amigável e pacífica. Contudo, como tudo o que envolvia o ser humano era frágil, o elo que existia se rompeu e desde então o garoto parecia ter apenas uma motivação na vida: importunar Melanie. Fosse com algum apelido estúpido, fosse fazendo perguntas inoportunas, fosse existindo. Porque àquela altura da convivência, até mesmo a respiração de Vinícius tinha se tornado motivo suficiente para fazer o humor de Melanie cair vinte pontos na escala Grinch.

Não era normal que alguém fizesse tanto barulho respirando. Ou ele tinha problemas respiratórios graves ou ele fazia questão de mudar o ritmo somente para perturbá-la. E, considerando que todos os seus familiares concordavam de que não havia problema algum com a respiração do mais jovem, Melanie só podia acreditar na última opção. Afinal, não fosse isto, por que um simples respirar tomaria tanto de sua atenção?