cuatro

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Entre tú y yo hay viejos sentimientos

Pensé que no volverían jamás

Sé que tú y yo tenemos una historia

Que nos dejó en medio de la soledad

(Aún Hay Algo - RBD)

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— Tá atrasada.

Melanie ouviu assim que a porta do apartamento se abriu e sentiu uma pequena ponta de felicidade se agitar dentro de si ao notar que a afirmação carregava um leve toque de irritação.

O modo tranquilo e descompromissado com o qual Vinícius encarava a vida colocava seus nervos à flor da pele. Algumas vezes a garota tinha a impressão de que nada poderia de fato estressá-lo por muito tempo. Então qualquer mínima perturbação que conseguia provocar em sua zona de equilíbrio causava uma grande onda de satisfação nela. Principalmente quando a perturbação ocorria sem qualquer planejamento prévio.

Nada poderia descrever a sensação que era ver o jogo virar para o seu lado. Naqueles raros momentos sentia que o universo estava consigo, castigando-o pelo tormento que ele a fazia passar toda semana.

— Desculpe se não estou ansiosa para ficar na sua companhia. — Inclinou a cabeça para o lado e abriu um sorriso de escárnio. Vinícius chegou para o lado, lhe dando espaço para entrar, mas não o suficiente para que não se encostassem no processo. Melanie atravessou rápido, esbarrando com o ombro no braço dele.

— Engraçado... — disse, seguindo-a com um olhar atento. — Você não dizia isso um ano atrás.

O sorriso de vitória de Melanie murchou no mesmo instante com a mera menção ao passado. Aquela era uma das razões pela qual estar ao lado de Vinícius se tornara tão insuportável. Para piorar, entrar naquele apartamento era o mesmo que ser invadida por memórias indesejadas. Desde a última vez que pisara ali foram poucas as coisas que haviam mudado, lhe causando de imediato uma sensação de familiaridade.

— Pra você ver como opiniões mudam. — Jogou a mochila no chão, sentou-se no sofá e alisou inconscientemente o estofado que sempre achara tão macio. — Agora vamos logo com isso que não quero passar o dia todo respirando o mesmo ar que você.

— Você não... Quer saber? Deixa pra lá! Por onde começamos?

Ao invés de responder diretamente, Melanie abriu a bolsa e retirou um papel. Em seguida, entregou-o a Vinícius. Ela tinha resgatado seu caderno de planejamentos da festa dos quinze anos na noite anterior e feito uma lista com todas as coisas que eles precisavam fazer — desde contratações a lembrancinhas a serem compradas. Havia calculado também uma média geral de quanto eles poderiam gastar, porém era uma estimativa sem muita base devido à diferença de estilos entre uma e outra e aos anos que se passaram nesse meio tempo.

— Mas isso tudo? — Após ler as inúmeras coisas listadas e verificar o valor final suposto por Melanie, Vinícius estava de olhos arregalados. — É só uma festa de criança. Pra que gastar tanto?

— Porque não é uma festa qualquer. É uma festa de um ano. Um marco na vida da criança. Se houvesse um ranking de festas mais importantes na vida de uma pessoa, o primeiro ano estaria em terceiro lugar, perdendo apenas para o casamento e a festa dos quinze anos.

— Não acha estranho fazer algo tão grande pra alguém que nem mesmo lembrará no futuro?

— Isso é besteira! — Fez um barulho de desdém e balançou as mãos. — Todo mundo sabe que as festas não são feitas para as crianças e sim para que os adultos tenham uma desculpa pra se empanturrar de doce e salgadinho. Além de, é claro, poder se gabar do sucesso que foi.

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