Capítulo 2 Confusão

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Austin Walker observava, do alto da escada, a festa acontecendo na sala da sua casa, que fora transformada numa espécie de pista de dança improvisada. Antes da festa começar, ele havia colocado os sofás, poltronas, TV e mais alguns móveis da sala empilhados na garagem, tinha muita gente, a maioria ele não fazia ideia de quem eram e tentou, criar o máximo de espaço possível e ao mesmo tempo manter os móveis intactos.

Todos dançavam ao som da música eletrônica que seu amigo Smitty estava tocando. Era o único DJ que ele encontrara que aceitara receber duzentos dólares e dois comprimidos de ecstasy para tocar na festa. O cara mandava bem, e por enquanto tinha que servir.

Austin pensou na sorte que teve quando sua mãe e seu padrasto precisaram viajar para outra cidade, sua tia estava doente e a mãe de Austin se dispôs a cuidar dela. Ele sorriu, foi na hora certa. Neste último mês aproveitou para dar o máximo de festas possíveis, quanto mais grana entrasse, melhor para ele. Sabia que quando ela voltasse teria que descolar outro lugar para dar as festas. Estava planejando comemorar seu aniversário de vinte anos no próximo mês em um lugar maior, com mais gente e mais privacidade.

No começo achou que a polícia iria acabar com o esquema, mas eles não haviam aparecido até o momento. Ficou surpreso com isso, mas Ashley garantiu que eles não apareceriam, ela tinha dado um jeito nesse possível problema.

Ashley Mitchell era a razão de tudo isso estar acontecendo. Ele nunca havia ganhado tanto dinheiro na vida, logo teria grana suficiente para se mudar para Los Angeles, comprar seu próprio apartamento, e quem sabe conseguir um contrato com uma gravadora de música.

Antes de conhece-la, Austin trabalhava em uma lanchonete, servindo os pedidos dos clientes, e aguentou muita coisa dos seus antigos colegas de turma metidos a playboys que passavam na lanchonete apenas para provoca-lo, fazendo piadinhas e chamando-o de "garçonete". Era uma vida de merda, e ele tinha que aguentar tudo calado, porque realmente precisava da droga do dinheiro, pois sua mãe Rose, vivia sob ameaças do seu padrasto Michael, um cara abusivo, que maltratava ela e Austin.

Mas ele sabia que ela aguentava tudo apenas para manter um teto sob a cabeça e comida na mesa, Michael era delegado tinha grana e era influente na cidade, sabia que ninguém acreditaria nas denúncias de Rose contra ele. Da última vez que ela e Austin tentaram mudar para uma outra casa, Michael conseguiu o endereço, invadiu a casa e ameaçou Austin com uma arma na cabeça, no meio da madrugada, ele nunca havia visto sua mãe tão desesperada como naquele dia, teve muita raiva de si mesmo por nunca ter enfrentado Michael.

Austin havia terminado o ensino médio há dois anos, nunca foi um bom aluno, faltava aula para fumar maconha escondido com seus amigos, nunca se importou de verdade com os estudos. Isso não era para ele. Também porque, no fundo, tinha medo de deixar sua mãe sozinha com Michael, e alguma coisa acontecesse com ela enquanto ele estivesse em uma faculdade. Por isso arranjou um emprego na lanchonete, lá pelo menos poderia proteger sua mãe dos ataques de Michael.

Mas tudo mudou quando Ashley Mitchell entrou em sua vida, ele a conheceu em uma balada a cerca de quatro meses, ficou apaixonado por ela no segundo em que seus olhos encontraram os dela. Nunca tinha sentido uma merda dessas antes, e achou que ela não corresponderia, mas depois de algum tempo acabaram juntos, o que ele achou que seria quase impossível, pois não era nem um pouco interessado em ter um relacionamento, preferia estar disponível para todas. Mas não foi o que aconteceu, em poucos dias estava namorando. E foi a melhor coisa que podia ter acontecido com ele. Era determinada e corajosa, e montava como nenhuma outra, essas eram algumas das principais características que Austin apreciava nela .

O apoiou quando soube do seu sonho de ser cantor, e logo se dispôs a ajuda-lo. Ashley tinha alguns contatos, e para conseguir a grana que Austin precisava, sugeriu dar festas para vender drogas. O negócio era arriscado, mas se desse certo, ia funcionar muito bem. Só precisavam ser cautelosos e manter a polícia fora. Ele estava ciente do risco que os dois corriam de serem pegos, por isso quase nunca conseguia aproveitar a festa. Ficava a maior parte do tempo bebendo e fumando, em pé no andar de cima, olhando as pessoas dançarem, atento a qualquer movimento que indicasse a chegada da polícia no local. Sabia que as festas ali em sua casa eram extremamente arriscadas e precisava encontrar um lugar seguro o quanto antes.

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