3:00 a.m.
Acordei
Olhei no relógio e vi que são 3 da manhã.
Não consigo! Não posso!
Por que esse sentimento não sai de mim? É horrível sentir algo que eu não consigo explicar. Já faz tanto tempo que sinto isso que eu já nem sei o motivo.
Levanto da minha cama e vou em direção à janela. Sento-me na cadeira que ali estava e observo as luzes da cidade. Olho para o céu estrelado e imagino o que haverá além das estrelas. E só penso que eu gostaria de estar lá; ou em qualquer lugar que não fosse aqui. Olho novamente para a cidade; as luzes são tão bonitas, mesmo a essa hora da moite. Posso ouvir barulhos de motos e de sirenes. Imagino o que cada pessoa deve estar fazendo agora. Provavelmente dormindo.
As lágrimas que escorrem sobre o meu rosto deixam evidente a minha fragilidade.Já nem sei mais porque choro.
Simplesmente me sinto assim ou talvez não sinta nada.
Estou desesperada para sentir alguma coisa ou para parar de senti-las.
Abro a janela e respiro fundo, o ar gelado da madrugada entra em contato com meu rosto fazendo-me fechar os olhos e continua a chorar.
Volto para a minha cama e sento-me. Olho para meu guarda-roupas que estava aberto e logo avisto uma caixa azul. Decido pega-la para ver o que tem dentro.
E encontro um álbum de fotos de quando eu era pequena, um diário e uma carta fechada da minha avó, a única pessoa que me amou de verdade.
Resolvo olhar o álbum.
Enquanto passo as folhas e vejo minhas fotos não sei bem o que pensar. Eu era tão pequena, tão inocente. Minha mente ainda não tinha sido dilacerada pela maldade do mundo. As pessoas são más, eu não acho que seja, de fato, culpa delas. Elas são desse jeito porque não sabem ser de outro jeito. Uma pessoa que fere é uma pessoa ferida. A gente não nasce sabendo nada. Apenas reproduzimos aquilo que vemos. A fala, os gestos, os costumes. Nossa maneira de pensar é baseada no ambiente em que vivemos. Definimos prioridades com base nas nossas necessidades. Para uns a necessidade é de um iphone novo, para outro um prato de comida seria mais que o suficiente.
Sempre me perguntei porque me odeio tanto. Talvez seja pelo ambiente em que vivo. Por que as pessoas odeiam o próprio corpo? Por que as famílias brigam tanto? Será que é mesmo tão necessário gritar para alguém entender o que eu falo?
Se as pessoas avaliassem suas próprias ações e começassem a pensar antes de falar o mundo seria um lugar melhor.
Eu sei quando comecei a me odiar. Foi quando me falaram que eu era feia. Que meu nariz era estranho, que eu tava gorda, que eu era estranha. Tais palavras causaram um enorme alarido na minha mente.
E em meio aquela balbúrdia eu tentei acabar com tudo. Felizmente Luana estava lá e me disse que tudo era fugaz e que eu ia ficar bem. Ela me ajudou a ver um outro lado da vida, um que eu não via desde que tinha 6 anos. Um que eu possa sorrir, mas mesmo descobrindo a parte feliz ainda me sinto vazia.
Nos sentimos vazios por que estamos ficando parecidos com o mundo.
Já são 4:00 a.m.
resolvo ir tomar um banho.
(...) Na escola
Mesmo ao longe avisto Luana e Júlia
-Oi -eu falo
-Oi -elas respondem, seus rostos estão vermelhos
-Que caras são essas? -pergunto
-Você não vai acreditar no que Will fez?- fala Luana
-O que?
-Júlia, mostra a ela!- diz Luana
Ela tira o celular e me mostra um vídeo de Carlos cantando.
-Ele canta bem, por que estão rindo então?-Pergunto.
-Ele não sabia que Will estava filmando-o e ficou furioso. Fez vários hilários
Enquanto vejo Will aparece e nos dá um susto
-Búuuu!
-AHW!- elas gritaram, eu já me acostumei
-Eae? O que acharam do vídeo?
-Ótima edição- diz Luana
-Carlos vai te matar- Afirma Júlia
-Foi só uma brincadeira. Não é pra tanto- ele diz tranquilo
-Fala isso pra ele então. Ele está vindo bem ali- eu falo e aponto para o portão.
Ambos correm. Carlos atrás de Will
Eu e as meninas entramos. Guilherme aparece
-Oiee! -ele diz
-Oi -falamos
-Então Sabrina, posso falar com você
-Claro
Vamos para uma mesa
-Sobre o que você quer falar?- pergunto
-Bem eu falei com sua amiga e pedi ajuda com a matéria, já que entrei no meio do ano e não estou conseguindo acompanhar e ela disse que você é muito boa. Será que você poderia me ajuda?
-Sim, posso
-Obrigado então. A gente se vê.
Ele levanta e vai ao encontro do outro novato. Ele parece estar bem mal humorado.
Vou em direção a sala de aula e me sento. Continuo a ler meu livro.
Aquele foi só mais um dia normal de escola.
Chegando em casa eu ouço gritos e choro, embora seja normal nessa casa eu vou verificar.
Quando chego próxima a escada vejo Sara, minha irmã mais velha, descendo-as com duas malas. Minha mãe está aos prantos.
Embora eu quase nunca veja Sara já que ela estuda muito eu a amo. Ela era a única pessoa que não me deixou enlouquecer nessa casa.
Do alto da escada meu pai grita:
-Se você sair por aquela porta, NUNCA MAIS PISE EM MINHA CASA!
-NÃO SE PREOCUPE, EU NUNCA MAIS VOU VOLTAR AQUI!
Minha mãe tenta impedir que ela saia, mas não consegue
Ela passa por mim e fala:
-Desculpa mana. Eu te amo, mas não posso mais suportar isso.
E assim ela foi-se... para sempre? Talvez. Eu nunca tinha visto ela assim.
Parei de pensar. Minha mente agora só quer desligar. Embora eu saiba o motivo, prefiro fingir que não sei.
De novo me pego boiando nos sentimentos. Sem minha irmã aqui, eu estou perdida.
Novamente quero voltar aos 6anos.
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Se eu soubesse que amaria você
Roman d'amourEssa é a história de uma garota normal, em mundo normal vivendo uma extraordinária história de amor. Sabrina tem apenas 17 anos e ainda não sabe lidar com seus sentimentos. Não sabe o que é amor, não sabe o que é amar, mas sua jornada será longa e c...