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No caminho de volta para casa o som ia tocando Alleyways do The Neighbourhood, a letra me inundando de nostalgia de coisas que sequer vivi. Envolto pela melodia, minha mente divaga para a voz que falava antes da chegada do professor e todos os sentimentos que ela carregava. Era como se o que fosse implícito por ela fosse quase palpável, como se cada palavra dita estivesse sido vivenciada e todo processo doloroso também.
De fato não sou uma pessoa curiosa, afinal já bastam meus próprios problemas que quase não sou capaz de carregar. Pensar em aderir mais ao meu acervo já é capaz de me deixar tonto, mas por alguma razão algo em mim foi instigado naquele momento. Talvez, por aquelas cicatrizes se parecerem tanto com as minhas.
A tontura repentina me lembra que já era quase hora do jantar e em casa não havia muita coisa para se fazer, desvio e passo no supermercado mais próximo e sigo meu caminho.
Por mais que tento acalmar meus pensamentos, algo em mim não se sente em paz e sempre volto para aquela voz. Após alguns minutos estaciono na frente de casa, pego as compras e sigo para dentro.As chaves dançam em meu bolso e quando finalmente consigo entrar sou surpreendido por uma bola de pêlos miando sem parar. Desvio e sigo para a cozinha para começar a preparar o jantar, mas o gato continua a miar como se não houvesse o amanhã.
- Mas o que você quer em garoto? - acaricio a sua cabeça e verifico sua tigela de ração - Você tem ração, olha lá. Qual é a do desespero?
Como se o estivesse insultado ele começa a me arranhar e miar como se o quisesse que o acompanhasse, faço e subo as escadas o seguindo e após um momento ele para frente a última porta do corredor. Ao abri-la vejo meu sobrinho inconsciente caído no chão, me aproximo rapidamente e ao tocar sua testa noto que está ardendo em febre.
- Maçãzinha, por que não me avisou antes? - não, nada disso poderia estar acontecendo. - Jin Ling, acorda... - o agarro pelos ombros - Jin Ling, por favor...
Nesse momento o medo do pior vem e me apunha-lá, meus pensamentos se tornam confusos e tudo o que faço é lutar contra uma vontade esmagadora de chorar. Quando tudo parece distante em minha mente, o miado ansioso de Maçã me trás de volta ao momento.
- O hospital - digo, limpando a garganta. - Jin Ling precisa de um médico, agora. É isto.
Pegando ele no colo desço as escadas o mais cuidadosamente que consigo e sigo para o carro, agradecendo por não o ter colocado na garagem. O deixo no banco de trás e tomo meu lugar, o hospital não ficava tão longe e isso já me acalmava o bastante para poder dirigir sem me preocupar em bater em nenhum veículo a minha frente. Aquela altura todos os tipo de pensamentos rodeavam minha mente, e todos de alguma forma se relacionavam com a fragilidade humana. O quão frágeis somos? Era a pergunta que me perseguia a dias mas que naquele momento específico me assombrava com tamanha força. O quão inútil eu sou a ponto de não cuidar direito de uma criança?
Ao chegarmos, o tomo meu em meus braços e assim que cruzamos as portas os enfermeiros vem rapidamente me ajudar.
- Vamos, tragam uma maca rápido! - um dos enfermeiros ordena, enquanto o pega em seus braços. Ao chegar eles o deitam e volta sua atenção para mim. - Quantos anos o garoto tem?
- Ele têm 15 anos.
- A quanto tempo ele está inconsciente? - pergunta, enquanto checa a pressão arterial.
- Eu... eu não sei, - digo me sentindo culpado. - cheguei em casa por volta das 19:47 e ele já estava assim.
- Se acalme, - disse gentilmente - aparentemente não parece ser nada grave mas para prevenir vamos fazer alguns exames e quando ele acordar dependendo do resultado já poderá voltar hoje mesmo para casa.
- Ah sim, muito obrigado.
- Não se preocupe, só faço meu trabalho. - sorriu. - Mais uma coisa, seu filho é alérgico a algum tipo de medicamento?
- Ah não, ele é meu sobrinho. Ele só é alérgico a nimesulida.
- Me desculpe, pode preencher a ficha e aguardar na recepção. Assim que os resultados dos exames ficarem prontos o avisaremos, poderá levar de uma a duas horas. - Assenti e tratei de preencher tudo o que era necessário.
A sensação de estar em um hospital não era nada acolhedora para mim, para ninguém acredito. Aquelas paredes brancas, o ambiente rígido e frio sempre traziam a superfície lembranças dolorosas, e não havia nada a se fazer além de esperar. Me sento no sofá mais próximo, pego meu celular e tento me distrair jogando alguma coisa e de fato ajuda até que o cansaço do dia começa a me afetar e pesar minhas pálpebras.
- Mamãe - ouvia-se ao longe o choro estridente de uma criança. - Mamãe, por favor.
Naquele momento na cabeça daquela pequena criança estava tudo uma confusão. Lágrimas e soluços eram acompanhados ao som assustador de vidro se estilhaçando, o leve fedor de álcool pairava no ar transformando o ambiente em uma bomba relógio.
- Suba! - gritou a mulher da cozinha - Agora...
Sua voz enfraquecida de tanto lutar já se perdia meio aos barulhos horrorosos, sua respiração começava a falhar por conta do esforço que ela fazia e sua visão já estava turva. O som de corpos caindo no chão despertou o pequeno de seu estado de choque.
- Ligue, ele ajudará. - sua respiração descompassada estava repleta de medo.
Abro meus olhos rapidamente enquanto meus pulmões buscam ar, como se por um breve momento eles se esquecessem de como respirar. Era um péssimo momento pra essas malditas memórias voltarem, e nunca haveria um bom momento. Ao me acalmar, decidido a não me deixar levar pelo sono levanto para procurar alguma coisa para comer. Sigo para a cafeteria e peço um café preto, na esperança de que a cafeína me ajude a espantar essas malditas memórias. Olho no relógio e já são 20:36, como odeio este lugar, o tempo não passa. Com meu café em mãos, sigo de volta para a sala de espera mas algo chama minha atenção assim que estou prestes a chegar ao meu destino. Uma exclamação de dor seguido por um xingamento baixo parece vim de uma voz conhecida. Paro a poucos passos da porta.
- Aí, merda, vai com calma. - soou uma voz masculina.
- Se dói tanto, por que é que sempre se envolve em brigas? - perguntou a voz feminina.
- Não importa, mas acaba com essa tortura logo.
- Tá, da próxima vez...
- Quem disse que vai ter uma próxima vez? - interrompeu o homem.
- Me desculpe, esqueci que você é um modelo a ser seguido. - a voz feminina estava cheia de sarcasmo - Se tratando de você a probabilidade de acontecer de novo é bem grande. - mas dessa vez soou sincera e tinha algo a mais como... preocupação?
O silêncio repentino que se fez na sala me fez recobrar a sanidade e me dar conta de o que eu fazia não era lá educado e muito menos da minha conta. Francamente, ultimamente ando muito disperso ao dar atenção a questões de terceiros. Quando a porta foi aberta recuei uns bons passos para trás, rapidamente peguei meu celular do bolso e voltei a andar como se nada houvesse acontecido, uma figura masculina saiu e parou em minha frente me fazendo parar abruptamente e derrubar o copo em minhas mãos.
- Ótimo. - praguejei.
- Qual é seu pro... - mas ele não terminou a frase.
Pronto para sair dali o mais rápido o possível, decidi levar o olhar mais acusatório que poderia fazer para a pessoa em minha frente mas naquele momento algo há muito tempo adormecido se contorceu em meu peito. O vazio que a muito me sondava, agora, se concentrava em um único ponto em meu abdômen, o frio percorria minha espinha deixando meu corpo amortecido. Seu olhar me fez pegar fogo, eu estava em chamas e não poderia fazer nada para parar esse incêndio que já irradiava por cada parte de mim. Tudo se resumiu a frames de momentos, e ao olhar naqueles olhos minha visão ficou turva. A faísca foi acesa.
Era ele.
Mas quem era ele?
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Je t'aime, L. / WangXian.
Fanfiction"- O amor pode ser definido por você." Nada mais importava e não fazia mais sentindo esperar, naquele momento eles se reconheceram. O amor a muito tempo guardado tinha voltado como uma força indestrutível da natureza, levando suas almas e enrijecend...