PRÓLOGO - QUEBRANDO.

634 58 13
                                    

A inconstância de nossas ações criam infinitas realidades para o futuro, nas quais poderíamos ser bem sucedidos ou, grandes fracassados. E pensar em todas as possibilidades é de extrema importância pois o menor erro poderá nos levar ao declínio total: uma palavra dita em hora errada, uma interpretação mau feita, a falta de empatia, a falta de compaixão, e principalmente, a falta de nós mesmos.

A falta de nós mesmos é o pior dos males da humanidade, sentir-se vazio. Apenas uma casca. Os poetas sabem disso, os bêbados, a artista sorridente na capa da revista também sabe, conhece bem a sensação. Explica-lá é esmagador, sentir o vazio ecoando em cada dimensão de si é torturante, é amedrontador.

Estamos quebrados. Nós faltam peças.

Em certo momento de nossa existência estamos fadados ao fracasso, a escassez de nós mesmos nos leva a tomar medidas catastróficas fazendo que até o homem mais confiante caia em decadência. Fazemos de tudo para nos sentirmos vivos nem que seja por míseros segundos, por que no final do que valerá nossa existência? De nada valerá, nossas riquezas, sentimentos e vontades serão rapidamente esquecidas por aqueles que mais ansiamos que nos lembre, nem que seja por nossa pior lembrança, nem que seja para sentir a mísera fagulha que nos torna humanos.

Ninguém sente por nós. Sofrimentos são necessários pois assim nos tornamos mais fortes, consequentemente, menos vulneráveis. Pessoas são como marionetes tão cheias com suas próprias mentiras, tão narcisistas, manipuláveis... vazias. Suas rachaduras são facilmente cobertas por belas palavras que inflam o seu ego frágil, querem se sentir úteis e por isso buscam incansavelmente aceitação. E apenas uma única coisa te separa do manipulado e do manipulador: suas emoções.

Aquele inverno veio antes do esperado, o frio congelava tudo o que tocava, as ruas, o ar, as pessoas. Tão poderoso e impetuoso. Minha casa continuava quente, mesmo com a temperatura que fazia lá fora. Mamãe e eu assistimos nosso programa de comédia favorito aquela noite, como de costume ela fizera chocolate quente enquanto ríamos de algo que na época pareceu tão engraçado, logo após sabia que adormeceria no sofá e ela me levaria para o quarto, daria um beijo em minha testa e desejaria bons sonhos. A vida não cumpre nossas expectativas, a rotina nem sempre vem a se repetir. Naquela noite, um estrondo na porta de entrada nos fez desviar a atenção, e tudo aconteceu muito rápido.

Esse foi o gatilho, minha destruição. Meu destino. Meu juramento.

Je t'aime, L. / WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora