O garoto do porão

Capítulo 19. ☀️ Be here, now.

Músicas recomendadas:
- Bruises • Lewis Capaldi
- Masterpiece • Danny Gokey
- Why God • Austin French

(Traduções ligadas fortemente ao capítulo.)

◇

"Me disseram, para te tirar da minha cabeça
Mas espero que eu nunca perca as feridas que você deixou pra trás.
Oh meu Deus, oh meu Deus, preciso de você ao meu lado.
…
Deve ter alguma coisa na água
Porque a cada dia ela fica mais fria
E se eu pudesse te abraçar
Você me impediria de afundar."

◇

Você costumava ser a minha alegria, todos os dias pela amanhã, você aquecia o meu peito frio como a luz do sol aquece a pele.

Todos os lugares me lembravam você, tudo ao meu redor me lembrava você, tudo era sobre você, e tudo sobre você parecia suficiente.

A cada dia que passa, me sinto mais distante de você, eu sinto meu coração esfriar, e agora tudo aqui parece gélido como uma enorme pedra de gelo.

Uma pedra de gelo jogada ao chão e quebrada em mil pedaços. É assim que me sinto todas as manhãs atuais.
Será que isso tem algum conserto?

Eu me sinto cada vez mais longe, e cada vez mais confusa sobre o que devo fazer.

Quero pedir desculpas, quero pedir paciência, quero chorar, quero abraçar você, e ao mesmo tempo me sinto errada demais para isso.

Eu costumava ver você em tudo ao meu redor, mas agora, eu só vejo todos os meus problemas, eles parecem monstros enormes que me impedem de ver qualquer outra coisa. Todos eles se passam repetidas vezes na minha cabeça como um filme assustador onde eu sou o meu próprio mostro, e meu passado é o meu fantasma.

Todos os meus erros, minhas escolhas ruins, meus pensamentos errados ou extremamente negativos, minhas fraquezas, minha infância solitária, as brigas, as perdas se repetem, e se repetem, e o vazio parece maior, parece me engolir para dentro. Me afogar.

Eu queria saber como seria a sensação de poder deixar de lado todo esse peso.
Oh, como seria a sensação de se sentir livre de tantos medos?
Eu queria simplesmente largar essa bagagem tão pesada.

Queria viver só aqui, dentro do agora, com o que tenho nas minhas mãos, e decidir só o que preciso fazer nesse exato momento.
Sem pensar em um passado que não posso mudar, ou em todos os pontos de interrogação no futuro.
Queria que o passado fosse apenas passado e que o futuro fosse só algo distante, mas agora eu me sinto perdida no tempo, minha cabeça parece estar em todos os lugares, menos aqui, menos em você. Oh, eu sinto muito por isso.

Yan tinha ficado comigo um tempo na noite passada, mas foi para casa depois de um tempo, já era bem tarde, mas ele disse que não queria que as pessoas pensassem maldades sobre mim ali sozinha com ele, e que precisava dar uma ajuda ao pai dele de manhã antes dele sair para o trabalho.

Me despedi e o observei ir através da janela. Depois que ele foi, não consegui mais fechar os olhos, o silêncio gritante que se passava dentro de mim e todos os ruídos do mundo lá fora cada vez mais altos me impediam mais e mais de sentir o meu raio de sol, ou de pensar nele.
Eu queria ficar bem, eu precisava ficar bem, mas eu não conseguia fazer isso, faltava alguma coisa, um espaço que nada podia preencher, e por mais distraída que pudesse ficar, quando ficava sozinha a dor do vazio voltava a arder na minha alma.