Capítulo I - O salão das decisões

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19 anos depois

O rei Taehyung caminhava impaciente pelo seu escritório. Não era um espaço de grandes amplitudes, mas não era pequeno, apenas confortável o suficiente para ele resolver questões que reivindique o seu reino e o Trono de Ouro. O rei de Leus sempre fora o simples de sua maneira, e aquele cômodo – com estantes nas paredes portando livros de política, guerra, economia – era o exemplo disto. Mesmo o chão forrado por inteiro com um tapete vermelho de camurça não parecia extravagante, parecia o suficientemente belo, com simplicidade e sofisticação que todo o recinto tinha. Contudo o chão já estava ficando sujo e a bela escrivaninha – de madeira de lei, com poucos detalhes – já estava reclamando dos golpes impaciente deferidos a ela.

De fato o rei estava estressado, estava no seu limite. Já não sabia mais o que fazer, já vinha há 19 anos com os mesmos pensamentos: Onde estava o seu filho? O rei Taehyung sabia que o seu filho poderia estar morto, já se fazia 19 anos. Os 19 anos completavam-se ainda hoje. Dia trinta de dezembro, o dia em que seu filho perdido nascera, dia trinta de janeiro o dia em que ele fora tirado da família que tanto o amava. Kim já chorara, gritara, ordenara, e mesmo já matara em nome do seu filho. Tinha perdido as contas de quantas expedições com generais, guerreiros, e tantos outros, já havia mandado em busca do seu filho. Já chegara ao desespero de colocar outro garoto em lugar do seu filho, porém sua esposa, a rainha Dawon, não permitiu tal mentira. E o desespero voltava, com mais um ano seu filho faria 20 e o prazo para a coroação real acabava, logo a linhagem dos Kim de Leus se findaria, tanto o reino quanto o Trono de Ouro ficariam instáveis, a coroa passaria ao próximo na sucessão.

O desespero do rei era baseado na crise que o seu reino estava passando. Crise política, econômica. Os cofres de Leus estavam quase vazios por conta das expedições em busca do príncipe Taehyung, o povo e os outros reinos queriam uma reposta quanto à linha de sucessão do trono. Leus estava ficando instável, nessas condições não teria mais em suas mãos o Trono de Ouro, isto se não se afundasse em uma crise que destruísse o reino. E pior: perderia todas as chances de ter novamente seu filho em seus braços.

Suas pernas reclamando por descanso pararam assim que ouviu a porta se abrir. Dawon, a rainha apareceu diante dele com um semblante envelhecido, em seus olhos não havia mais o brilho da maternidade nem em seus lábios a felicidade juvenil, residia ali apenas um olho seco e uma boca fina, uma reta exata de sua tristeza.

— Eles chegaram, já estão a aguardar a nossa entrada para dar início à reunião. — Soprou com uma fala baixa e, amargurada, só Deus sabia o quanto havia sofrido e o quanto não queria aquela reunião, não na data de nascimento do seu único filho.

Infelizmente, Dawon não dera novos herdeiros ao reino, o seu corpo se fechara para novas vidas. Havia falado para seu esposo deitar-se com concubinas e dar novos filhos ao reino, seriam legítimos perante a lei. Contudo, da mesma forma que ela não queria pessoas fingindo ser seu filho, o rei não almejava amar mais nenhuma criança que viesse de outro ventre.

— Então vamos.

Ofereceu o braço a rainha, sua esposa, que aceitou com um sorriso pequeno, um dos poucos que sobrara para dar. Caminhavam lento para o salão de reuniões ambos com pensamentos divergentes que se ligavam em um único ponto: seu filho.

O barulho do salto de madeira e seda da rainha criava um soneto triste, porém firme para o momento. Visualizando a grande porta de calvário, que os dividiam do silêncio para o tormento, ambos suspiraram, dando em silêncio a ordem para abri-la. E assim que aberta viram os representantes dos reinos. Os reis, rainhas, príncipes, princesas, ministros e chefes dos mais poderosos clãs de Eroica. Mesmo os companheiros reais, ou guardas estavam presentes, em pé, mas estavam. De longe a rainha pode ver os Jung e o seu filho Hoseok em pé servindo aos Kim, eram fiéis em um momento como aquele.

O trono de ouro - O príncipe perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora