5. Oásis

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Da última vez que te vi, eu achava que você sorrindo seria a única lembrança que teria do nosso nós, mas eu estava terrivelmente enganado.

Porque eu poderia esquecer do meu próprio nome, de quantos dedos eu tinha na mão direita ou há quantos anos eu vinha sobrevivendo nessa vida, mas jamais esqueceria do jeito como você pronunciava vida, me chamando.

Superar, mesmo depois de seis meses soava como uma grande piada na minha cabeça. Era como se eu fosse uma criança e quisesse recitar poemas antes de aprender a falar. Mas não tinha como recitar poemas para um outro alguém quando, antes de dormir, eu lembrava de você recitando tuas palavras pra mim.

Sorte teria eu se te encontrasse somente em lugares, mas até nos meus atos você aparece. E eu continuo repetindo-os incontáveis vezes, torcendo pra que isso signifique que você ainda está aqui comigo, torcendo pra que eu não os esqueça. Os conselhos que você me dava depois de eu ter feito algo absurdamente inconsequente... Eu ainda lembro de todos eles e isso me mata por dentro porque não tenho mais suas palavras gentis.

É puro eufemismo eu dizer para as pessoas que eu esperei mês após mês que a gente voltasse enquanto eu sei que, depois que a gente terminou, eu contava cada minuto, esperando uma mensagem sua dizendo que voltaríamos igual a todas as outras vezes que voltamos.

Minha mãe uma vez me disse, quando eu era criança, que sofrer por amor iria ser algo que eu não poderia fugir. Naquele dia, eu ri, desacreditado. Quando eu conheci você, eu achava as palavras dela ainda mais mentirosas, porque como você, tão... lindo, poderia me fazer chorar? Quando tudo aconteceu, eu ainda me recusava a acreditar que toda aquela dor vinha de algo tão bonito que a gente tinha criado. Por isso, nas primeiras semanas eu beijei bocas que eu sabia que não beijaria e bebi bebidas que eu sabia que não queria realmente beber e gritei aos quatro cantos do mundo que você não fazia parte do meu presente mais.

Que tolo que eu fui, você faz parte do meu passado, presente e futuro.

Li uma matéria que dizia que de sete em sete anos, nosso corpo troca de pele. Eu pensei, de imediato, que isso seria o meu oásis. Mas logo percebi que o tempo era mundano demais pras sensações celestiais que você me vez sentir.

Nosso amor transcendeu o tempo.

Um semestre inteiro depois, eu sinto que te amar faz parte da minha existência e não existe caminho algum que eu possa seguir para mudar isso.

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