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NÃO. Imagienei a cena de meu irmão chorando no colo de minha mãe agora.Observei a minha imagem no telão. Olhos amedrontados e meu rosto incrédulo.Com as mãos tremendo e os joelhos ameaçando falharem, eu subi no palco ao lado de Jacob.

-Alguém se voluntaria para substituir esses dois?

O local ficou tão silencioso que eu ouvi o zumbido da mosca que voava a três netros de mim.

-Bem.Voltem para suas casas que os Pacificadores os acompanhão até a estação de trem amanhã para irem até a Capital.  Maldita Capital.Desci do palco e quase caí. Mas aquela era a única coisa que não podia acontecer. Tinha que me manter de pé. Me manter forte.E sobreviver na arena.

Fui caminhando até em casa.Abri a porta e segui para o quarto sem falar nem com o meu irmão nem com a minha mãe.Entri no meu quarto e fechei a porta o mais silenciosamente possível.Tirei as botas, a calça e a camiseta e coloque um short e uma blusa sem mangas. Ia aproveitar meu último dia em casa dormindo. Que beleza.

Me joguei na cama e deixei que minhas pálpebras se fechassem sem que eu me desse conta.Adormeci e mergulhei em um sonho nem um pouco agradável.
Eu estava entrando na arena.Enquanto corria em direção à Cornucópia, fui atingida por uma faca, no meio da barriga. Caí no chão, em uma poça de sangue e fiquei lá, me contorcendo, sangrando até morrer.Morrer.Ali.Sem chance nenhuma de voltar para casa.

Acordei de repente, no fim do sonho.Na verdade, era mais um pesadelo.Eu suava, e respirava com dificuldade. Me levantei lentamente e fui para o banheiro. Despica roupa e entrei no box.Liguei o chuveiro e deixei que a água gelada escorresse pelo meu corpo. Não lavei o cabelo, já que seria obrigada a tomar outro banho depois.Puxei a toalha e a enrolei em mim.Coloquei outra roupa, pois a que tinha usado pra dormir estava pingando suor.

Fiquei olhando para o teto por horas . Não consegii dormir.Simplesmente não conseguia.Antes que me desse conta, o meu despertador tocou, e um raio de sol atravessou a janela e iluminou o ambiente.Tentei me levantar, mas tombei para o lado.Estava com sono, mas não conseguia dormir.

Fui assim, me apoiando nos móveis do meu quarto  até chegar no banheiro. Lavei o rosto com água fria,me dando uma leve despertada.Abri mais os olhos.Penteei os cabelos cor de caramelo, relutantes em ficar direitos.

Depois de tentar dar uma arrumada na minha aparência deplorável, saí do quarto.

Cambaleei em direção à cozinha. Me sentei,os cotovelos apoiados nos meus joelhos . Não estava em condições de sair para caçar. Que meu irmão e minha mãe se contentem com a comida do mercado mesmo.

Bebi um copo de água, e saí da cozinha tropeçando nos meus próprios pés. Era choque demais para  dois dias só.  Me sentei no sofá, com os joelhos trêmulos. Nunca, jamais, eu tinha pensado na ideia de abandonar a minha família, sair do meu Distrito. Sair da minha vida normal, para ir para a arena. Para ser entregue nas mãos da morte.

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