Chapter 4

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"Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada...
E, no meio do intervalo entre a vida e a morte, brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos..."

Era isso o que estava na tela. Fizeram pesquisas na casa de Joseph e encontraram o seu diário, aparentemente ele adorava escrever coisas poéticas e profundas. Já era 2:17 da madrugada e eu ainda estava pesquisando. Por que eu estou tão interessada nessa história? Não sei... Mas algo me diz que eu devo continuar nisso. Já planejei ir na casa.

Meu pai já havia chegado e ele estava dormindo, disse que amanhã ele sairia e iria voltar no mesmo horário então eu já sabia quando poderia sair. A lanchonete do Quim não vai abrir, posso ir sem levantar suspeitas. Minha preocupação é com Dominik e os outros, eles não podem saber que eu saí para uma casa abandonada visitar um possível espírito adolescente bonitinho. Eu precisaria inventar algo como... Dizer que iria ver minha tia do outro lado da cidade ou sair para algum compromisso. É uma pena que não tem nenhuma foto do Joseph na internet, só uma foto antiga em família onde ele aparentava ter 9 anos ou coisa parecida.

Estava ficando tarde e eu precisava dormir, limpei o histórico para meu pai não desconfiar de nada, coloquei o notebook para carregar, levei as louças para a cozinha e subi para meu quarto. Troquei de roupa, fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal e me deitei após isso.

Fico imaginando como seria o Joseph e sua irmã, Linda, eles estavam tão novos na foto, Linda parecia ter 4 ou 5 anos... Seguindo esse pensamento, na época do acidente, Joseph teria 15 ou 16 anos, e Linda teria 9 ou 10. Aquela foto não tinha muita qualidade, mas aparentemente, ele tinha o cabelo enrolado, deve ser marca de família, já que todos tinham o cabelo assim. 

Agnes, a mãe estava segurando balões sorrindo, e David, seu marido, estava ao seu lado, com Linda no colo, ambos estavam sorrindo. Joseph estava no banco atrás de todos, na ponta dos pés e apoiado nos ombros de seus pais, ele ria. O céu estava crepúsculo, havia um lago atrás dos mesmos, e ao lado, uma árvore totalmente carregada de folhas secas, aparentava ser outono. As roupas eram simples, Agnes e Linda estavam de vestido, o da maior, era amarelo com um laço ao lado, e da garotinha, era azul, com bolinhas na parte da saia, e, junto com seu vestidinho, ela usava uma tiara de rosas do mesmo tom de azul. Já, os outros dois, estavam ambos com camisa e short jeans. A estampa na camisa de Joseph era um tanto cômica, nela, estava representado um garotinho andando de skate sobre fios de eletricidade de uma cidade pequena. A camisa de David não tinha muitos detalhes, porém, ela era de um tom verde encantador, quase igual a cor da grama onde eles estavam.

Essa foto era linda... Eles pareciam ser felizes juntos. Admito que sinto um pouco de inveja.

Desde pequena, eu sempre vi meus pais ocupados com seus trabalhos, eram raras as vezes em que nos reuníamos para nos divertirmos como uma família. Isso nunca me abalou muito, já que, na maioria do tempo, eu ficava com minha tia Diane, ela me dava a atenção que precisava. Quando jovem, ela engravidou de um menino, e quando seu namorado soube, ficou louco da cabeça, eles brigaram e ela apanhou muito, e depois disso, ele a abandonou. Infelizmente, meses depois ela passou mal e sofreu um aborto instantâneo, ficou desolada e descontente com a vida. Nós deixamos ela no nosso apartamento até ela conseguir um emprego e uma casa, e nesse tempo, quando meus pais saíam, ela cuidou de mim.

Se esse menino tivesse nascido, ele teria uma mãe maravilhosa.

Eu precisava pensar em como conseguir entrar na casa, não tenho certeza de como a porta está, não consegui ver direito enquanto estava na lanchonete, dias atrás. Mas, aparentemente, eu conseguiria entrar de boas.

Amanhã mesmo eu irei lá, tenho medo do que vou encontrar, mas eu vou mesmo assim.

Ghost of YouWhere stories live. Discover now