Ghost of You

Chapter 2

— Summer, depois da aula nós vamos no Tio Quim comemorar essa prova, quer ir? - Dominik me tirou dos meus pensamentos e eu o olhei.

Seus olhos cor de caramelo me olham com dúvida, sua leve franja aos poucos caía e escondia o piercing que ele tinha sobre a sobrancelha.

— Tô sem dinheiro, Nik — Respondi de cabeça baixa. Senti as mãos do maior afagar meus cabelos coloridos e logo ouvi sua voz

— Eu pago pra você, Summer. Não se preocupe.

Sorri levantando o olhar, minhas bolas azuis encontraram as suas carameladas. Logo Alisson e Gerard chegaram e começamos a comentar sobre a prova que fizemos algumas horas antes.

Era assim quase todas as vezes que fazíamos prova, comemoramos na Lanchonete do tio Quim, nosso vizinho. Ele é um senhorzinho muito dócil e fofo, sempre vamos lá comer pois os lanches são maravilhosos e baratinhos.

— Como foram na prova? — Alisson perguntou.

— Das 50 questões eu acertei 40, as 10 de matemática eu simplesmente não consegui resolver então pulei — Eu respondi olhando pra baixo.

— E todas aquelas aulas extras que eu te dei Summer? — Gerard disse com as mãos na cintura e um olhar incrédulo.

— Que aulas? A gente não estudou matemática nenhuma aqueles dias que fui na sua casa — Respondi o encarando

— Hmmmm... O que vocês fizeram então? — Nik disse num tom malicioso, mas ao mesmo tempo, parecia bravo.

— A gente jogou video games e ficamos nos espancando... — Respondi rindo

— Hm... Que bom — Nik cruzou os braços e me encarou

— Oshi oshi oshi, e esse ciúmes ai? — Dessa vez, Alisson disse, também rindo

— Não é ciúmes, só não quero que algo de mal aconteça com ela — Ele se levantou e começou a andar em direção ao portão principal, nós - Todos sem entender - fomos atrás, porque todos estavam com fome.

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— Boa noite tio Quim! — Alisson chegou já o abraçando, enquanto nós apenas sorríamos vendo a cena.

— Boa noite meu amor! — Ele retribuiu o abraço e deixou um beijo na testa da mesma — O que os trás aqui nessa manhã tão bela?

— Viemos comemorar. Nós fizemos a última prova do ano hoje, e todos foram muito bem! — Alisson respondeu ao tio, ela sempre é tão animada... É impossível ficar triste ao lado dela.

— Aaah pois bem, sentem-se, irei caprichar nos lanches.

Ele sorriu e saiu enquanto nós nos sentávamos nas cadeiras. Eu fiquei na parede, ao lado de Nik, e Alisson e Gerard se sentaram no outro banco, de frente pra nós.

Eles estavam conversando sobre algo que não prestei atenção. Eu estava olhando para a casa abandonada, em frente a lanchonete.

Flashback on

Hoje aconteceu um trágico acidente na rua Dawon, em frente a lanchonete do Quim.
A casa de uma família de 4 pessoas pegou fogo e não houve sobreviventes.
Segundo os vizinhos do local, era por volta da hora do almoço quando começaram a sentir um forte cheiro de gasolina e gás de cozinha, e em menos de 10 minutos, a casa toda pegou fogo.
Não se sabe se o fogo foi ocasionalmente feito, também não se sabe como o fogo se acendeu.
Na casa moravam Agnes e David O'brien, pais de Linda e Joseph. Ainda na mesma casa, o primo de Joseph, Stevan Benson estava presente no momento do incêndio.

Flashback off

Isso aconteceu já faziam 10 anos, lembro me de acompanhar essa notícia com meus pais, estavam todos jantando no momento em que assistimos a isso.

Todos pareciam tão novos e felizes....

— Summer! — Gerard gritou, chamando minha atenção.

— Hm?

— Seu lanche vai esfriar, melhor comer

— Eu não to com fome... Posso guardar e comer em casa?

— Pode ser... Você está bem?

— Sim, estou — Segurei sua mão e sorri fraco

— Tem certeza disso?

— Sim senhor, Mr. Gerard — Disse em um tom de brincadeira, e todos riram

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Já era 17:30, eu cheguei em casa um pouco depois da hora do almoço, e nesse tempo livre, fiquei jogando em meu pc e limpando minhas coisas.
A música em meu quarto estava alta, enquanto eu limpava meu guarda-roupa, cantei algumas partes da música:

"We scream
We shout
We are the fallen angels
We scream
We shout ooh
Oooooh"

Fallen Angels do Black Veil Brides me deixa animada, sempre que a ouço, me sinto um anjo caído que teve forças para se levantar e seguir em frente

...É incrível o poder da música sobre a gente...

Já havia acabado tudo, eu poderia relaxar agora na internet.
Estranhamente, me lembrei daquela casa queimada, quis pesquisar mais sobre ela, foi assim que eu passei a noite

Eu fiquei estranhamente curiosa e atraída pela história. Eu nunca liguei muito para esse tipo de coisa mas... Algo nessa história me chamou a atenção, e eu vou descobrir o que é, nem que eu morra por isso.

 Meu pai chegou em casa, pude ouvir a porta de baixo sendo aberta e sons de sacola sendo postas no balcão. Minha relação com ele até que é boa, ele é carinhoso e legal comigo, mas por conta do trabalho dele, a gente não se vê muito.

— Summer? Filha já são 00:15, deveria estar dormindo — Ele disse abrindo a porta do meu quarto.

— Já vou pai, só vou terminar de ver umas coisas aqui e já me deito.

— O que está vendo?

— Umas coisas de fantasmas, nada de mais.

— Você acredita nisso? — Pude perceber um tom de ironia na sua voz.

— Não... Só acho interessante.

— Entendo... Já comeu?

— Já sim, fiz umas coisas lá, tem sobras na geladeira se quiser.

— Certo... Boa noite Summer, durma bem — Ele veio até mim e deixou um beijo em minha testa.

— Você também, pai — Respondi sorrindo e ele saiu do quarto.

 Depois de ler tudo, desliguei meu pc, escovei meus dentes e deitei. Como todas as noites, pensamentos ruins chegaram em minha mente.

 Sempre tenho a impressão de que sou um peso, um incômodo na vida das pessoas. É complicado de explicar... Sempre que preciso mandar mensagem ou ligar pra alguém, sinto que esse alguém está fazendo algo muito mais importante ou interessante, e quando recebe minha mensagem fica tipo "Ah... é ela de novo". Por essa razão, eu quase nunca falo dos meus sentimentos para ninguém, nem mesmo para o Nick, que é quase um irmão pra mim.

Eu me sinto vazia na maior parte do tempo, não tenho mais expressão nenhuma. Eu não consigo pedir ajuda, nem eu sei exatamente o que sinto, mas isso me destrói, me machuca, me mata... E eu não posso gritar, não sei se ouviriam, não sei se eles se importariam comigo.

Apesar de que nem eu me importo comigo mais...