SEVEN

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EU PODERIA ESTAR APRECIANDO algumas vistas bastantes privilegiadas no momento, estou dentro de uma cachoeira com uma corrente de água translucida que está gentilmente me abrigando da chuva, e ao meu lado esta um projeto de homem exageradamente bonito com braços musculosos a mostra que está prestando todos os cuidados ao meu médio constrangimento e possível torção de alguns momentos atrás.

Tudo poderia ser confundido com uma tradicional e maravilhosa cena clichê, daquelas que os filmes saturam o público adolescente, mas é de mim que estamos falando, e eu infelizmente não fui agraciada com o dom da sorte.

- AAAI, paraparapara. – Grito.

- Ok. – Jean para e me olha. – Tenho algumas noticias boas e ruins, você pode escolher a que quer primeiro.

- O que teria de tão pior para acontecer nesse momento? – Digo com voz de choro.

- Você torceu o tornozelo. – Afirma como se não fosse obvio e como se pra comprovar aperta o inchaço do meu pé me fazendo resmungar alguns palavrões, o que o faz sorrir. – E parece que essa chuva não tem previsão de parar.

- Isso não faz sentido, não estamos no verão para termos essas chuvas repentinas e malucas. – Digo indignada, afinal o Outono ele é perfeitamente equilibrado, por isso é uma estação maravilhosa, são as folhas que caem não à água. - E quando ela decide cair o jornal está preparado para nos avisar. – Surto.

Olhando para tudo isso de uma forma mais racional percebo que Jean é o problema e possível pé frio da relação, jamais o universo permitiria o pacifico e alegre dia na presença de um cara lindo sem me punir por tamanha ousadia na fila da talaricagem, o karma... é algo realmente pesado.

- E podemos esperar por uma noticia boa de verdade? – Pergunto.

- Você não vai perder o seu pé! O que é uma grande alegria – Brinca. – E tem uma trilha atrás da cachoeira, aberta e com iluminação que eu ouso dizer ser a que deveríamos ter pegado desde o principio. Podemos esperar a chuva passar e voltar por ela. Ou nos arriscamos na chuva, mas aí se você ficar resfriada não vai poder me culpar.

- Considerando que eu vou de cacunda e você vai sofrer a maior parte das consequências da minha falta de sorte e distração, pode decidir não me importo com a chuva, só sei que hoje não é meu dia e assim que eu chegar em casa não vou mais sair. – Digo sincera.

- Não parece ser muito longa a caminhada e julgando pelo inicio da trilha eu não diria que vai ter mais complicações, o grande problema é a chuva e você não conseguir andar, mas vamos tentar. Vem sobe. – Jean se abaixa na minha frente, o que me faz bem sensitiva do quão próximo nós vamos ficar, e estende a mão para me ajudar a subir nas suas costas.

Por mais que molhado de chuva seu corpo está quente, encosto minha cabeça no seu ombro e inalo seu perfume, droga, ele cheira bem. A brisa fora da caverna é gelada e as gotas de chuva não demoram a me molhar o que me faz estremecer e me aconchegar ainda mais nas costas de Jean.

Damos a volta na cachoeira indo para o lado oposto do qual chegamos e realmente a trilha é bem melhor em comparação da mixuruca que pegamos, bem mais larga e distribuída com iluminação, algumas partes até com corrimão.

- Por que pegamos uma trilha tão barra pesada se esse paraíso estava disponível para desfrutarmos? Sinto que fui enganada pelo tiozinho do condomínio.

- Lembra de todas aquelas bifurcações? Acho que leva a outras opções de trilha, ele deve ter sugerido por conta do seu espirito esportivo contagiante.

- Pode ser que sim. – Digo. – Era para ser algo simples e proveitoso, mas tudo se tornou tão complicado, me desculpe por ter metido você nessa. – Desembucho antes de perder a coragem. – Você tem sido uma pessoa bem legal comigo, mas eu continuo sendo arisca e desagradável. Não estou acostumada a pessoas como você, espero que não leve a mal. Lara não é de fazer amigos a torta e a direita ver que você se deu bem com ela em tão pouco tempo me deixou com ciúmes. – Completo meus devaneios brincando com o cabelo dele.

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2020 ⏰

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