01

20 0 0
                                    


Ana era uma garota feliz. Não parecia, mas era. Sua vida era simples, sem luxo, mas amava tudo que lhe fora dado de bom grado. Sempre tentava achar um lado bom para todas as coisas, todos os acontecimentos, ela tentava ao máximo enxergar um lado positivo naquilo. Pois segundo seu raciocínio peculiar, tudo tem um lado bom e um lado ruim, está nos olhos de quem vê ou na direção que você está olhando. Existe um arco-íris em cada canto.

Ela gostava de coisas simples, mas ao mesmo tempo, profundas. Gestos simples ganhavam seu coração, mas ele era frágil como uma pétala de flor. Era 8 ou 80. Tudo ou nada. Não venha com desculpinhas, caso ainda queira sua companhia. Se jogue. Se jogue de cabeça nesse tanque cheio de sereias famintas por carne de homens ingénuos e com feridas tão frágeis, que com um simples canto, os levam para o fundo do mar. Se jogue, se prenda, aguente. E eu aposto que ela não vai deixar nenhuma dessas sereias sem coração tocar em você. E a última coisa que você irá sentir é arrependimento.

Ela não sabia quanto tempo poderia aguentar, mas tentava ser firme. Ainda não tinha visto o lado positivo, mas se as pessoas morrem, é porquê seu tempo na terra já foi suficiente. Mas porque tão cedo? Ela sabia que um dia isso iria acontecer, mas estava cedo. Sua avó se foi cedo.

A única pessoa que amou de verdade. Uma senhora de idade, que já estava na beira da passagem, Ana aproveitou cada momento, e não os trocaria por nada. Mas em uma manhã no hospital, quando foi acordada por um barulho agudo e irritante. Viu médicos entrarem na sala as pressas, equipamentos foram usados, ouviu um deles gritar "afastem-se". Ela sabia oque estava acontecendo. E foi nessa hora que percebeu que sua velha tinha atravessado a passagem e entrado na cidade prateada.

Ela pensava nos momentos bons vividos por si ao olhar as estrelas, sempre ia ali. Era seu refúgio. Seu cantinho da paz. Com seus fones, distante de tudo e de todos.

Se levantou devagar, dando um "até mais" silencioso para o céu estrelado e para o bosque, saindo em passos leves e tranquilos.

Ao chegar em sua residência, retirou sua jaqueta assim como os fones e os colocou sobre a mesa. Olhou o horário, e ao perceber que eram 19 da noite deu um suspiro.

— Vamos lá.. — disse para si mesma. Pegando a mala de cima do quarda-roupa a pondo no chão. Suspirou mais uma vez antes de começar a colocar seus pertencesses na mala.

Ao finalizar pôs a mala no batente da porta do quarto e seguiu para cozinha e preparou um miojo e comeu. Escovou os dentes e foi-se a deitar.

Amanhã sua rotina mudaria. Não sabia se seria bom ou ruim. Mas Ana sabia que no fundo precisaria dessas mudanças, e que ficar sozinha não seria bom para si, remoendo as coisas ruins da sua memória sem ter ninguém para assistir um filme ou contar como foi seu dia no trabalho. Ana só tinha uma pessoa, e ela se foi a dois dias atrás. E ainda estava de luto. Mas sua rotina não poderia parar.

Então amanhã seria movida do local que trabalhava, sairia de sua cidade e amanhã partiria para outra.

Alguns dias de viajem vão ser bons para esfriar a cabeça! — Ela pensava assim

O sono não veio rapido, ela ficou por um longo tempo de olhos abertos. Mas quando ele fez presença ela o abraçou e dormiu leve.

E quando era aproximadamente 6:00 da manhã ouviu seu dispertador do outro lado do quarto tocar, com um barulho agudo e irritante. Se levantou e foi até ele e o desligou.

Foi tomar um banho morno, lavou o cabelo sem ânimo. Colocou a roupa que tinha separado na noite anterior. Não tinha fome, mas sabia que precisava comer, então apenas pegou duas maçãs e colocou uma na bolsa em suas costas e comeu a outra.

The GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora