3|Cabelos brancos

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O sol entra pelas cortinas brancas do nosso quarto e sorriu ao ver os teus cabelos brancos ao redor da tua almofada e sentir a tua respiração calma bater na minha cara.

As tuas feições envelhecidas pelo tempo estão tranquilas e fico tranquilizado ao ver que dormes calmamente.

Sorriu ao lembrar-me das recordações com que sonhei e ter a sensação que foi ontem e ao mesmo tempo noutra vida.

Mas o meu peito enche-se de carinho e felicidade ao constatar que te amo ainda mais do que amava naquela altura, e depois.

Passo a mão levemente no teu cabelo com medo de te despertar, e lembro-me da nossa vida até este momento.

O momento em que caminhas-te até mim ao altar e uma lagrima me escapou ao saber que finalmente era definitivo e agora eras a minha mulher, mas mais que isso eras a minha melhor amiga e parceira. Relembrei a sensação que senti ao me aceitares como teu e eu aceitar-te como minha.

Sorriu ainda mais ao pensar na primeira vez que vi a Maia. Um pequeno embrulho, que descansava nos teus braços. Com cabelos claros como os meus e aqueles olhos iguais aos teus, com uma galáxia inteira neles. Era Maia Salvatore Lancaster, e então como o pateta que sou e sempre foi chorei ao pegar nela e te agradeçer e dizer que vos amava. E ainda amo.

Estavas suada e com uma expressão cansada mas para mim nunca estiveste mais bonita. E se for possível eu acho que te amei ainda mais nesse momento, afinal tu tinhas me tornado pai da tua filha e eu ia ser te eternamente grato por isso.

Sorri ao pensar nas brigas que tivemos ao longo dos anos e quantas vezes acordei com dores nas costas por ter dormido no sofá mas no fim ia ter contigo ou tu vinhas ter comigo e me abraçavas e eu beijava o teu nariz.

Percebo que a vida que vivi contigo foi a mais feliz que podia ter tido. Pensei nas manhas quando te encontrava a fazer o seria a nossa primeira refeição depois de termos estado ate tarde na cama e eu te abraçava por trás para ver o que estavas a fazer, era ai que essa felicidade se refletia. Nos gestos simples mas que faziam toda a diferença.

Nas vezes que ficaste desolada por ter de chumbar um aluno ou ter de dar uma nota baixa.
Nas vezes que chorei abraçado a ti, por não ter conseguido salvar uma vida e por não ter conseguido evitar uma perda em alguma família.

Ainda estava perdido em recordações, quando abres os olhos e me saúdas com um sorriso sonolento.

E eu percebo que tu és uma galáxia inteira e eu era apenas um ser maravilhado com toda aquela magnitude. Que tu foste e sempre vais ser quem me trouxeste de volta à vida e iluminaste-me o caminho. Tu eras o sol e eu a lua. Tu tinhas brilho próprio mas trazias e sempre trouxeste brilho à minha vida, eu brilhava por tua causa Niccoleta. E nunca vou ter vergonha de o admitir, porque toda a gente o nota a milhas de distância.

Tu és o meu sol, afinal ele também é uma estrela. E ela ilumina o planeta assim como tu iluminas a minha vida. Eu amo-te por isso e sempre o vou fazer.

Tu eras a minha familia, e foste quem me deu a oportunidade de ter uma familia, de ter a chance de amar e ser amado, em todos os sentidos possiveis. Como amigo, namorado, marido e pai.

- Que foi querido?

- Nada amor, nada...- sorriu para ti - amo-te muito Nicol.

- Eu também te amo John, desde que me observavas a pensar que eu não sabia que estavas a olhar para mim, descaradamente.- Ris e eu suspiro de pura felicidade - Eu amei-te desde que te vi pela primeira vez na tua bicicleta bege pela janela do meu quarto.

As estrelas do teu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora