A Seiva Ilusória

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As sombras do quarto a envolviam, enquanto o som de asas a acalmava lembrando o rugido mudo das palavras mortas em sua boca

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As sombras do quarto a envolviam, enquanto o som de asas a acalmava lembrando o rugido mudo das palavras mortas em sua boca. Descalça, caminhou pelo chão frio de olhos fechados, sentindo a essência da terra abaixo do concreto, imaginando as raízes das plantas, agora secas, envolvendo seus pés e seu corpo até ficarem inertes, sugando a sua vitalidade em um socorro silencioso.

Um filete de luz da lua adentrou por um buraco no teto e, abrindo os olhos que se ajustavam à meia-escuridão, encarou o espelho encostada no canto que desenhava a sua silhueta. E visualizou a energia que a envolvia, inebriante, ávida, sinuosa. Queria dar aos que sofreram calados a oportunidade de sentirem o mesmo. Ergueu a mão direita e proferiu um feitiço que havia lido na noite anterior, não sabia se era apenas conto de fadas, mas tentaria. A dor que sentiu após ler aquela frase, dos esboços de folhas secas e árvores curvadas no papel, recordou-a dos sonhos inacabados que a estrangulavam. Então, proferiu:

Queria. Temia. Sentia.

"A seiva que corre no corpo sem pudor, do amor fragmentado ao chão, dou à vida a deusa que jaz em meu âmago. "

Depois de três tentativas, desistiu. O sorriso límpido aos lábios ressecados evitou que a escuridão a devorasse, como o fez com as suas raízes e as raízes da terra. Lágrimas rolavam, anunciando a tempestade dentro de si e das sagradas palavras esquecidas da vida. Nas primeiras horas da madrugada, deitou no chão gélido e adormeceu. 

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⏰ Última atualização: Apr 09, 2020 ⏰

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