(𝑛𝑜𝑡) 𝑜𝑛𝑒 𝑜𝑓 𝑦𝑜𝑢𝑟 𝑓𝑎𝑖𝑟𝑦 𝑡𝑎𝑙𝑒𝑠

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Durante o período que deveria ser circundado por uma magia encantadora aos sentidos infantis, apresentam contos de fadas na hora de dormir para os inebriar com finais felizes só para a contradição em suas almas malditas enfiar teus pés em sapatinhos de cristal pequenos demais para seu número na manhã seguinte.

Mamãe agora persegue a promessa mentirosa de felicidade contida na beleza de diamantes com seu novo homem e papai está ocupado demais com uma nova mansão para manter para oferecer o mínimo de atenção a você. Aparentemente, suas finanças são mais importantes que retornar a porra de uma ligação.

Qual a necessidade, se para ele alguma coleção limitada de uma marca de luxo pode suprir a falta de presença? Eles dizem que dinheiro não pode comprar felicidade, mas objetos caros animam-na o bastante para esqueceres teus problemas até o próximo deslize ser cometido.

Dinheiro, dinheiro, traga-me mais dinheiro! Não é engraçado, amor? A vida é uma alegria quando você obtém tudo o que precisa, mas crias raízes cada vez mais profundas nesse conto pessoal que desenvolveste na tua cabeça. Aprisionaram crianças no lado desgraçado da história da Cinderela e elas cresceram com a necessidade de se encaixar em um molde de irrealidade apertado e fútil que desde cedo são obrigadas a fingir. Dinheiro, dinheiro, sim, tragam dinheiro até que estejam sangrentos.

Alguns dedos do pé a menos não farão diferença se o que está em risco é a tua posição de destaque na vitrine da loja de desejos plastificados, certo? Quem sabe até mesmo resolves guardá-los em potes no armazém para costurá-los de volta quando decidirem que já arrecadaste todo o dinheiro possível para eles e está na hora de anunciar um brinquedo novo e mais atraente.

Não pareças tão chocada, tua obsolescência foi programada antes mesmo do instante em que teu choro ecoou pela primeira vez. Sintomas de gripe são só o primeiro indício do pouco tempo que te resta.

Alguns minutos de insatisfação são o suficiente para decidires que está na hora de buscar teus "amigos" em suas mansões, rumo a copos de licor e uma variedade de drogas, prováveis a resultar na destruição da Benz que ganhaste de teu pai em um daqueles pedidos de desculpa, como se fosse uma lembrancinha qualquer. Ah, esqueci que nenhum de vocês importam-se. Todos pegaram a gripe e estão condicionados ao pensamento de que a riqueza guardada ─ mas à mostra ─ em suas absurdamente caras bolsas de marca bastam para consertar os problemas criados pela inconsequência existente em tantas camadas de sujeira acumulada.

Claro que tua família não dá a mínima importância ao assunto ou a você (considerando que são tão deploráveis quanto), mas bolos de dinheiro podem até encobrir a podridão escondida com tanto afinco pela imagem de perfeição passada por seus papéis de bonequinhos de porcelana, porém a dor nascida de cada esperança enterrada a sete palmos debaixo da terra por suas mãos letais permanece no interior de cada vítima desses corações ambiciosos e inescrupulosos revestidos de ouro, belos por fora e carentes de vida por dentro.

Cada aurora é outro pretexto para tornar o dia teu aniversário e você agarra-se a uma lista de planejamento porque tens o privilégio da condição farta para poder vestires-te em superficialidade como forma de ignorar tamanho caos correndo por tuas veias. Tudo bem, foi a única coisa que te ensinaram; mas esqueces-te o quanto meio que odeias todos os teus amigos e essa multidão de sanguessugas sempre sedentas por um convite à festa sufoca-a. A única companhia verdadeira restante após ter levado à falência a única pessoa que estupidamente adentrou de cabeça teu mundo quebrado é uma das garrafas caras pegas da adega de teu pai e logo você estará desfazendo-se em lágrimas na garagem, matando o tempo e ficando chapada enquanto implora para que tudo acabe logo.

Não acabará, e é consequência exclusiva da tua insistência em mergulhar nesse ciclo vicioso mesmo tendo sido desprovida de aulas de natação, acreditando ingenuamente que seria puxada de volta à superfície por tuas crenças particulares para só então descobrir que era tarde demais porque chegaste ao fundo desse oceano de ignorância e todo o teu oxigênio já fora roubado.

Não sinto informar, mas nenhum peixe salvá-la-á e a transformará em uma sereia lendária, pois aqui não um final feliz para você. Oh, esqueceste-te que também contribuíste para envenenar suas águas?

Pode até ser que consigas retornar à segurança da terra firme, febril de luxúria e sentada no colo do consumismo escapatório, ainda carregando grandes pilhas de dinheiro frio. Você sempre teve um luxo real, de primeira classe; fundo fiduciário, língua de ouro, 80 mil em ambas as mãos... mas continuará sem amor.

Eles dizem que dinheiro não pode comprar amor, mas pelo menos pode proporcionar band-aids para tapar tuas feridas até você decidir que já não suprem sua necessidade e está na hora de trocá-los por outros bens.

Já escorreguei em tua poça de sangue uma vez; no entanto, estou disposta a quebrar cada um dos teus diamantes, pois não serei mais uma das vítimas de tua affluenza.

❝affluenza.❞┊clcOnde histórias criam vida. Descubra agora