Num lago descuidado pelas sociedades reside uma pequena torre, estando no exato centro do lago e conectada às terras da margem por uma ponte simétrica de mármore, no entanto ela parece intocada pela natureza como um prédio novo, e digo mais esta torre não ultrapassa o nível da água do lago mais que seis metros, circular também feita de peças geométricas de mármore, ela tem andares, e quando digo andares não pense que cerca de três ou dez, seriam algo como vinte ou trinta, a torre por mais que baixa é bem larga, caberia um navio pela sua frente, e isto ajuda a observar os andares abaixo, muito porém não se via acesso nem mesmo que uma pequenina escada vertical, ao canto da sala sem afetar a visão do fundo, fundo esse composto por uma evidente água contida num prato enorme ou fonte, o curioso é que podia-se ver que a água se mexia mas se olhasse bem parecia também estar parada, não fazia bolhas ou qualquer esbranquiçado de sal era uma enigmática água. se pensasse em tentar ver se surpreenderia com a quantidade de pessoa que não conseguiam entrar lá dentro nem mesmo um único minuto. um silencio estranho e corrompido pelos mais caóticos sons provindos do lago fazia a experiência tomar um estranho caminho mesmo para um músico que tenta conduzir uma orquestra de iniciantes sem planejamento ou ópera decidida... o som tomava a minha boca como se me beijasse a alma que por oras se esvai desde o fundo garganta até a ponta da língua ao contar alguma coisa sem muito pensar. era fenomenal tudo aquilo, por sorte atentei-me as coisas recorrentes de uma masmorra, mas não obtive boas percepções, pois aquilo era reto demais ate para nossos padrões atuais, os tijolos se conectavam por ranhuras quadriculadas milimétricas como quebra-cabeças de numerosas peças, a estrutura era limpa até demais, poderia falar até que onde eu não houvera andado estava limpo a ponto de eu andar e ver algo na lama tingindo o chão num cinza alaranjado levíssimo que mesmo com muito esforço não consegui limpar, nem mesmo meus sapatos, pois não importa o quanto eu limpasse continuavam a sujar mais e mais o chão... quando dei -me por conta de que os lugares que tocara também com certo olhar estavam também tingidos, em contraste leve com o resto da sala, onde não haveria visto nenhuma a mais... como se aquilo não houvesse sido tocado por nenhum outro humano, os moradores de próximo não ousavam entrar ali e quando alguém tentava não ultrapassava a porta, eu não acreditei de começo, não era de ser possível nem mesmo sorrateiramente numa desapercebida madrugada alguém ter entrado ali? ou mesmo que não como haviam sido feitos todos aqueles andares sem marcas de mão ou mesmo ranhuras de madeira nos tetos lisos e reflexivos à água do fundo? como seria possível aquela estrutura milenar ter resistido intocada ou não ser obra de nenhuma força que a corrompesse mesmo que pouquíssimo? mas, desesperei e tentei olhar de novo a fonte do fundo, segurando no apoio que acabara de limpar com sabão, escorreguei e cai no fundo, vi de relance cada um dos andares igualmente bem acabados como o primeiro, sem nenhuma marca de alteração mesmo do tempo, havia sido o primeiro sem duvidas a pisar ali dentro, os barulhos de meus passos ecoaram pela estrutura, o ultimo andar no entanto era pouco maior que os outros, a tarde passou lenta comparada as outras como uma lesma em comparar com um cavalo, e foi quando o ultimo andar escureceu por completo, ninguém ali na região tentou-me resgatar nesses mais de dois meses que mais pareciam 30 anos, e cada tentativa minha de sair daria errado por alguma coisa, não consegui sequer quebrar uma das estruturas dali, apenas tomar da água da fonte... a única coisa que parecia se mover ali... e então parei sentei para poupar energias e pensar o que raios teria feito essa construção, apensar três respostas carregava na cabeça, primeiramente alguma divindade, mas pelo que sei os deuses não fariam algo assim, mesmo assim preferiria essa às outras, em segundo tinha na cabeça que cada uma das coisas ali viera por simples aleatoriedade, cada pedaço da estrutura decorrente de acumulação no centro do rio numa especifidade tamanha que nenhum outro evento conhecido ou não no mundo teria tal grau de perfeição da aleatoriedade, e em terceiro tinha a alternativa que me assustava quanto mais se passava o tempo mais me parecia uma verdade auto-evidente... aquela maldita água da fonte, mesmo tomando dela ela não parecia acabar ou mesmo parar de se mexer do próprio jeito quando a deixava horas sem tocar, acaba-me por às vezes urinar ali na fonte como forma de puni-la mas ate mesmo minha urina se acumulava no fundo nos cantos e um pouco em cima, como se uma bolha haveria no meio da fonte de um material tão denso quanto a urina... isso me assustava mais que tudo... até que num indiferente dia pulei la dentro e percebi que a agua no centro era realmente tão pura quanto nos primeiros dias... e la fiquei, sentido ela penetrar em cada ar da minha magra pele e me misturar a grandíssima e bela torre.