ELIZABETH

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                 Infelizmente a grande chuva que caia sobre Astra nos últimos dias não foi capaz de amenizar o grande calor que Elizabeth enfrentava em seu quarto, suas aias constantemente traziam leite, suco e chá gelado, para tentar enganar o calor... sem sucesso.

Elizabeth olhava-se no espelho, os longos cabelos loiros caiam para baixo dos ombros, um belo penteado foi feito pela cabeleireira real, para deixa-la apresentável para seu pretendente, após a caravana escravista sair de Astra rumo ao Oeste, desde aquele dia Elizabeth não conseguiu pregar o olho, de um lado da cama estava o calor, do outro lado seus pensamentos mais tristes a respeito da escrava assassinada, sua aia disse na semana passada que os restos foram atirados aos cães, os cachorros que eram criados por seu irmão Sony, a dieta principal dos 4 cachorros era carne humana, Sony jurava ter deixado os cães sem comer depois disto, estavam famintos, por isto passavam grande parte da noite uivando.

- Esses pulguentos não se calam! – Reclamou uma das aias.

- Eles têm fome. – Respondeu a aia mais jovem – O príncipe Sony não tem os alimentado, desde a morte de...

A aia olhou com raiva para a que falava, calando-se imediatamente, Elizabeth percebeu que foram orientados a não contar nada a garota.

- Princesa, seu pai a espera no grande salão. – disse uma de suas aias mais confiáveis, entrando no quarto e a pegando pelas mãos, mudando rapidamente de assunto.

- Eu ainda posso fugir? – Sorriu Elizabeth.

- Para onde iria se seu pai é o homem mais poderoso de todo o mundo? – disse a escrava com medo no rosto.

Elizabeth detestava a ideia de casar com um homem mais velho, seu pai a prometeu para um grande senhor de terras, um dos governadores do Norte, um homem poderoso, porém velho, e feioso, Elizabeth quase vomitou quando ele a elogiou outra vez.

A mesa estava posta, na ponta da mesa na maior cadeira da sala, estava seu pai, com os cabelos loiros contrastando com as inúmeras velas espalhadas pelo local, ao seu lado sentava sua mãe, Ravena, deslumbrante, aparentando estar 30 anos mais jovem, sua mãe possuía a boa genética sulista: os cabelos ruivos, olhos amendoados e um sorriso tão belo que a fazia baixar a cabeça, ao seu lado, o irmão caçula Sony, o príncipe diferente dela, herdou os cabelos ruivos da mãe, mas não possuía o sorriso bondoso, Sony sempre foi cruel, e ardiloso, medíocre para a idade, Elizabeth chegou a cogitar inúmeras vezes se o irmão não seria um bruxo disfarçado de garoto de 10 anos.

De frente para o irmão estava o anão com calda de macaco, Trebbers, haviam mais alguns homens e mulheres dos quais Elizabeth não havia visto, havia apenas um lugar vazio na mesa, de frente para o velho nojento de nome Silvius.

- Libby! – Assim sua mãe lhe chamava, o apelido que cansava menos do que seu próprio nome. Ela ficou de pé com os olhos lacrimejantes, andando em sua direção, seu vestido florido era tão belo quanto ela – Filha, você está linda!

- Não se preocupe Senhora! – Disse o velho careca saltando de sua cadeira, forçando Ravena a senta-se – Eu trago, minha futura senhora!

Sua mãe sentou, a escrava que acompanhou a soltou e saiu, enquanto as mãos ásperas do homem tocaram as suas e levaram-na para sua cadeira, sua mãe sempre ensinou a agradecer pela educação dos cavalheiros, mas Libby não considerava Silvius um cavalheiro, e sim um ogro.

- Libby! – chamou Sony com cara de tédio – Diga logo "sim" e vamos terminar com isto! Tenho coisas para fazer, gatos para matar...

AS CRÔNICAS ELEMENTARES: E AS LÁGRIMAS DE GUERRAWhere stories live. Discover now