chapitre II

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Às duas da tarde, Seungwoo já tinha a cidade feita como sua. Andava pelas ruas com elegância e confiança, como se fosse um residente desde sempre. Como se o pequeno jardim de rosas no centro da cidade tivesse sido parte de seu crescimento, e como se o asfalto de cada rua tivesse sido o receptor de todos os seus passos desde que aprendeu a andar.

Às três saboreava um café com leite, um pouco mais cedo que o normal, mas não podia conviver com a expectativa de que a cada segundo se tornasse um pouco mais eterno. As agulhas não avançavam rápido o suficiente para acalmar suas ansiedades e logo depois de ver Seungsik pela manhã regando suas anêmonas e outras flores, prometeu a si mesmo que não iria ao restaurante. Proibiu a si mesmo de vê-lo já que isso o único que faria seria torna-lo ainda mais impaciente, se é que isso fosse possível.

Às quatro horas, ele se amaldiçoou enquanto circulava em volta do quarteirão onde estava localizado o café-restaurante que visitara. Por quê? Era a pergunta que não conseguia responder. Por que ele?

Seungwoo e seu coração não costumam entrar em conflito. O escritor orgulhosamente costumava se gabar de não entregar seu coração com facilidade. Aos vinte e seis anos ainda seguia com sua rotina de adolescente; relacionamentos fugazes, na maior parte fruto da paixão e da luxúria, e não de um interesse maior. Isso não era um problema para ele - o que não significa que não era para sua família, na qual toda vez que tinham a oportunidade encorajava-o a começar uma família ou conseguir um relacionamento estável. Seungwoo nunca se obrigou a encontrar a "pessoa certa", era mais do irá acontecer quando tiver que acontecer.

Mas... por acaso estava acontecendo? Como poderia garantir ou negar se nunca havia experimentado algo semelhante? Sua cabeça estava uma bagunça e a última coisa que podia fazer era escrever. Cansado e frustrado parou de dar as ridículas voltas e se deteve em frente a um espelho de uma loja. Encarou os próprios olhos e se perguntou, e agora?

Às cinco ele estava em seu pequeno hotel reclinado sobre cama e observando o teto. Na mesinha ao lado repousava o caderno e a caneta, mas não tinha escrito o dia todo. Era impossível fazê-lo estando assim, como poderia desmistificar a magia da França se havia se apaixonado por ela?

Fechou os olhos em frustração e dormiu para evadir seus pensamentos, mesmo que seja por pouco tempo. Às seis e meia estava entrando no chuveiro e dez minutos depois estava saindo com o cabelo molhado e algumas gotas descendo por seu pescoço. Se vestiu e saiu do hotel em direção ao centro com a esperança de deixar seus pensamentos sobre Seungsik de lado.

E assim o fez, pelo menos em partes. O menino costumava aparecer em sua mente recorrentemente, mas em vez de lutar sua memória apenas ignorou e continuou com o que estava fazendo, seja isso comer, beber ou apreciar a vista do rio Loire.

Às dez da noite pegou o caderno e finalmente conseguiu escrever. Não muito mais do que pequenas anotações para levar em conta no futuro, detalhes para adicionar e outros para remover, no entanto, era um avanço. Tudo que não fosse estar perdido pensando em Seungsik era um grande avanço.

Seus passos para o hotel eram lentos e preguiçoso, não queria chegar nunca, pois chegar significaria ter que ficar sentado na calçada emperando-o, e estava cansado de esperar. É por isso que colocou seus fones de ouvido e se perdeu na música enquanto avançava pelas ruas pouco iluminadas.

Às onze e meia seu corpo tremia ao pensar no que vestir. Não queria ser formal demais, isso seria demasiado óbvio; o garoto já havia o visto da maneira mais casual possível, então para que se preparar tanto? Ainda sim, queria estar apresentável. Não sabia com exatidão o que fariam ou o que não fariam, mas quis se preparar um pouco.

Uma camisa preta apertada em seu corpo e jeans brancos foram escolhidos. Não era nem casual nem formal demais, colocou o único par de sapatos que trouxe consigo e usou uma quantidade generosa de perfume. Penteou levemente o cabelo preto e depois de se ver no espelho por alguns minutos, decidiu que estava pronto. No entanto, ainda faltavam quinze minutos.

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