red ribbon ~ sugawara!fic

paint & friends

— Miyazaki-san, está tudo bem? - toda a imagem foi levada como um suspiro, trazendo novamente paz para o coração acelerado da loira. Shimizu estava parada a sua frente, com um olhar preocupado. Ela estava novamente no ginásio, os meninos estavam jogando e o barulho da bola em jogo era abafado pelos gritos de incentivo deles.

Ela estava suando frio, mas estava aliviada por tudo aquilo ter passado. Precisaria falar com Yachi sobre isso, sem dúvidas, mas a deixaria aproveitar esse momento de calmaria com seu clube. As mãos não estavam mais trêmulas e a sua respiração havia normalizado. Um sorriso escapou pelo seus lábios. Ela havia visto-os depois de tanto tempo, como se eles ainda estivessem nesse mundo. Sim, essa era a parte boa, e agora a calmaria depois da tempestade havia chegado.

— Está sim, Shimizu-senpai, eu só viajei por uns minutos. - riu fraco, passando a mão na testa e limpando o suor com a manga do uniforme. O olhar desconfiado da mais velha perfurou seus olhos verdes, fazendo-a engolir em seco.

— Bem, se você diz. - ela se levantou, ajeitando os óculos. Seu olhos fixaram na direção da sala de materiais, onde Yachi parecia estar, desesperadamente, procurando algo. As duas riram dos esforços da menor, que fazia caretas diferentes a cada segundo. - Se você não se incomodar, pode me ajudar com uma coisa? 

— Claro! - sorriu e se levantou. Kiyoko começou a andar na direção de Yachi, e Yumiko a seguiu, deixando rapidamente o caderno e seu estojo em cima de um dos bancos.

Chegando na sala, as três meninas começaram a procurar por um banner da equipe. Yumiko estranhou, eles só eram usados em jogos oficiais. Pelo que as gerentes explicaram, mesmo a partida de sexta ser somente um amistoso, eles a tratariam como uma oficial. As disputas entre Karasuno e Aoba Johsai eram famosas, então quem quisesse poderia aparecer, e torcidas estariam lá. 

Ao acharem o banner e o abrirem para verem se estava em bons estados, Yumiko soltou um suspiro de decepção. Mesmo "Voe!" sendo uma ótima frase de incentivo, sua alma de artista gritava contra tamanha simplicidade. Elas dobraram o tecido preto e Yachi o levou sem jeito. Era muito pano e a figura pequena dela sumia atrás dele, o que rendeu risadas das amigas mais altas.

Ao chegarem mais perto do time, viram-nos todos reunidos em volta dos bancos, com olhares curiosos e admirados. O coração dela parou na garganta, ficou parada sem saber como reagir. Havia deixado o caderno no banco quando fora ajudar as duas meninas. Havia deixado-o aberto. Seu rosto ficou no tom mais escuro de vermelho quando os olhares deles se viraram para ela. 

Ela apressou o passo e abriu caminho gentilmente entre eles, sibilando licenças e desculpas quase inaudíveis. Agradeceu a Deus quando percebeu que eles só estavam olhando de longe, sem tocar no seu caderno e ver outras páginas. Rapidamente, agarrou-o e observou os desenhos que eles haviam visto. Se xingou mentalmente por ter cometido esse erro, eram os desenhos que havia feito na última semana, cheia de enxaquecas e tentativas falhas de abrir seu cadeado mental.

O desenho da direita era um menina de joelhos. Ela estava ligeiramente virada para o lado, mas ainda era possível ver seus olhos arregalados e vazios, coloridos como se fossem galáxias. Suas lágrimas pareciam um rio de um líquido negro de aspecto viscoso, manchando o vestido branco que ela usava. Sua pele era de um azul arroxeado, com pingos brancos salpicando-a. As mãos estavam na cabeça, bagunçando os cabelos negros lisos. Ela estava ajoelhada nas próprias lágrimas, que formaram  uma poça em baixo dela. Ela estava em dor. Intensa dor.

O da esquerda era um menino desenhado de frente. Ele estava sorrindo, mas lágrimas saíam de seus olhos, que tinham flores como suas íris. Os cabelos rosas e uma blusa social da mesma cor. Ele estava usando uma calça jeans surrada e suas mãos estavam estendidas, como se ele estivesse tentando alcançar a pessoa que estava o olhando. Ele, porém, estava se desintegrando lentamente a partir do lado esquerdo, flores ao vento. Ele estava sumindo, mas parecia feliz.