ONLY

294 50 31
                                    


Uma chuva intensa caia por toda Seul.

Johnny sentia que os céus estavam se compadecendo pelos seus sentimentos, por isso não dava nenhuma brecha para que o rapaz desse meia volta e fosse embora para sua casa. Ele estava preso no saguão do prédio da única pessoa que ansiava de corpo e alma.

De vez em quando o porteiro direcionava um olhar penoso para o esguio rapaz, mas o mesmo não se importava; a única coisa que importava era como iria acalmar o seu abismo interior pela garota que, nesse momento, estava tranquilamente em seu apartamento, sendo acompanhada pelo vinho tinto que ele a presenteou e pela solidão da casa vazia que estranhamente ela gostava.

Johnny sempre deixava-a em casa nas sextas-feiras, pois a mesma tinha medo de ir sozinha para casa, por conta do horário tardio que finalizava as suas horas extras, no qual ela fazia sem perceber e ele a acompanhava no trabalho árduo antes do fim da semana.

Ele agregou essa responsabilidade, como uma forma de passar mais tempo com essa garota tão familiar, ao mesmo tempo, que tentava sanar esse sentimento que nutria a cada dia por ela.

Entretanto, hoje, por conta da chuva, não só deixou ela em casa como também a levou até o elevador pelo motivo de ser precavido e ter um guarda-chuva para tais ocasiões.

Infelizmente, hoje ele teve uma prova crua da evolução dos seus sentimentos a respeito da miúda, pois se ele fechasse os olhos poderia retornar naquele momento em que apenas estava dividindo o guarda-chuva com ela.

O roçar dos seus braços ao caminhar, a forma que sorriam enquanto tentava ajeitar o pequeno objeto para que ambos não se molhassem, mas mesmo assim Seo sentia os pingos molharem o seu ombro esquerdo. Os toques sutis que trocavam inconscientemente, mas que mandavam choques estimulantes pelo corpo esbelto do rapaz.

Tudo estava tão nítido nas memórias dele, que ainda podia sentir o cheiro adocicado que vinham dos longos cabelos dela.

Johnny sentia que estava ficando louco a cada minuto que esperava a chuva passar. Ele podia pegar o guarda-chuva e voltar ao carro? Sim, ele até poderia se o mesmo não tivesse emperrado e quebrado ao ponto de não abrir mais, por mais que o rapaz lutasse para o objeto se abrir.

Portanto, precisava esperar a forte chuva passar, pois não poderia fazer mais nada do que isso. Esperar. Bom, o que mais podia fazer? Então uma ideia louca passa pela sua cabeça, mas logo ele a dispensa com o coração batendo a mil – ela nunca deixaria ele ficar em sua casa até a chuva passar... Ele não aguentaria sufocar a sua ânsia pela garota por tanto tempo no mesmo lugar.

Certo, todo o seu raciocínio batia... Mas por que as suas pernas caminhavam em direção ao elevador tão involuntariamente? Bem, o seu coração parecia ter vencido na batalha contra a razão, ele só esperava não ter a represália que tanto temia.

Assim que chegou no andar da residência, caminhou pelo corredor silencioso do andar até parar em frente a porta do apartamento dela. Inspirou tentando acalmar as batidas do seu coração e expirou enquanto tocava a campainha dela.

Os segundos torturantes transformavam os segundos em horas e isso fez o seu interior despencar. O que ele estava fazendo? Apoiou-se no batente da porta e fechou os olhos, com o sentimento de derrota apossando sobre si.

Quando ela abriu a porta, a surpresa brilhou no olhar dela pelo rapaz alto a sua frente. Era uma linda visão; Johnny apoiado no batente de sua porta de entrada, vestindo o seu terno escuro e polido – com o blazer e os primeiros botões abertos –, com os olhos fechados e o semblante pensativo e concentrado em seus reboliços internos, os seus cabelos estavam bagunçados como se ele tivesse passando várias vezes as suas mãos pelos seus fios sedosos.

Only •Johnny• ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora