III - Sangue Ruim

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- Forsythe Pendleton? – Eu ria descontroladamente. – Eu jamais iria imaginar Jug. Olha esse nome é muito estranho mesmo. Jughead combina mais. 

- Eu sei, mas é a única herança que eu tenho do meu pai. O seu nome. – Ele disse beijando um cordão que estava em sua mão.  

- E Jughead surgiu como? – Eu segurei sua mão e comecei a acariciá-la. 

- Bullying. O maldito Bullying. 

Minha semana seguiu assim, eu ignorava o Archie enquanto transava com Jughead, e era insano como nos nos encaixavamos, eu sentia em jughead o que eu jamais senti com ele, e isso meio que me incomodava, eu sentia que estava atrasando a vida dele da mesma forma que ele atrasava a minha. Eu me sentia completa quando estava com Jughead mas ao mesmo tempo isso me destruía, não me entenda mal, ele me ofereceu tudo que o Archie não me oferecia, mas era perigoso estar com ele e eu estava estasiada e ao mesmo tempo com medo. Ele me mudou de novo, eu já não era mais a mesma. A essa altura nós cometiamos pequenos delitos eramos como Bonnie e Clyde nunca fomos pegos. Roubamos carros, que eu não precisava e ele sabia, só pra transar no banco de tras. Era coisa de louco mas fazíamos mesmo assim. Ele era um perigo pra mim e isso era excitante. 

Ele gritava "VAI, VAI, VAI… CORRE!!" eu corria e a adrenalina me tomava conta meu coração acelerava por completo. Ele era meu e eu era dele. Mas foi em uma noite em que assaltavamos um pequeno barzinho no meio da noite que tudo mudou pra mim. Ao chegar em casa lá pras 5h da manhã, Archie me esperava. Ele havia descoberto sobre Jughead de alguma forma e isso o deixou louco. Ele não suportava a ideia de ter sido traido, ironico não? Ele segurou no meu braço com força e me jogou contra a parede, eu senti meu ouvido zumbir e minha cabeça sangrou. Eu acordei naquela manhã e estava presa em nosso quarto. Eu gritei tanto e ninguém veio, ele havia me deixado presa sozinha, na manhã em que eu tinha decidido deixá-lo. Já tinha planejado tudo com Jughead nós fugiriamos juntos para o oeste do estado longe de tudo e viverii juntos. Mas Archie resolveu atrapalhar os nossos planos. A essa altura, Jughead deve ter pensado que eu desisti, espero que não. Espero que ele venha me salvar. 

Eu fiquei presa naquele quarto por semanas. Todo dia de manhã Archie me trazia comida e eu implorava pra que ele me deixasse sair, ele nunca me ouviu. Disse que era egoísta demais pra me deixar ir, um louco psicopata obcecado. Ele não suportaria ser deixado de lado a não ser que ele não me quisesse mais. Ele se importava comigo o suficiente, ele me trazia coisas para passar o dia, livros e filmes em DVD era o único acesso a tecnologia que eu tinha. Meu plano era a essa altura já estar com Jughead no nosso Mustang roubado viajando pelas estradas desertas do estado, extasiados com a beleza da natureza, seríamos hippies fugindo em sua combi. Archie acabou com meus planos, eu não o amava mais e ele também não me amava mas a ideia de ser abandonado por alguém o atormentava. Um dia ele se destraiu, a bandeja com pudim era de vidro. Num momento de distração eu o ataquei com a bandeja na cabeça ele caiu e eu corri, estava fraca. Eu consegui fugir mas ele veio atrás. Me escondi atrás de um arbusto que ficava embaixo da nossa janela no quintal e segurei o ar. Ele correu para a estrada achando que eu tinha corrido, e essa foi a minha chance. Quando ele voltou pra buscar o carro e sair atrás de mim, eu voltei pra dentro da casa e liguei pro Jughead mas assim que ouviu minha voz ele desligou. Ele achou que eu o deixei, que o abandonei na estrada. Por favor Jug, que você não tenha ido sem mim. 

Eu cheguei até o trailer onde Jughead mora, bati na porta aos prantos mas não adiantou. Eu sentei ali, chorando por alguns minutos até ser interrompida. 

O que faz aqui? - eu não pude acreditar, era ele na minha frente com sua jaqueta de couro e com os cabelos sobre os olhos. Ele estava mais lindo do que de costume. 

Jughead, por favor, me perdoe. - voltei a soluçar. - ele me prendeu, eu não consegui fugir. Eu não te abandonei. Eu juro. 

Ele me abraçou forte e eu sentia seu coração palpitar forte e suas mãos trêmulas. 

Eu vou matar aquele desgraçado Betty. - sua mão ficou fechada em punho. - eu vou matar ele. 

Jughead calma, está tudo bem agora. Eu consegui fugir. - falei pra acalma-lo mas ele estava muito nervoso. - vamos fugir, lembra? A gente segue o nosso plano. Nada demais aconteceu, eu estou bem. 

Eu pensei que vc tinha desistido. Que preferiu ficar com ele, mas na realidade estava sofrendo. Me desculpa de verdade Betty. Eu te amo demais, eu nunca senti isso por ninguém e quando você não apareceu, meu coração ficou em pedaços. 

Está tudo bem Jug. - não se preocupe. Ainda podemos fugir. Ele saiu atrás de mim, deve estar me procurando. 

Nós vamos fingir sim Betty. Mas antes eu vou tomar tudo que é dele. 

Não, Jughead, eu não quero nada do que vem dele. Não preciso do dinheiro dele eu só preciso de você. 

Não precisa ser tudo, só precisamos de dinheiro suficiente pra sair do país e construir a nossa vida Betty. Se não não iremos nem a 500m sem ele saber. 

Um golpe estaria por vir, Archie teria o seu tapete puxado, um soco certeiro que ele não saberia nem de onde vinha. 

Um plano audacioso, eu jamais pensaria em executa-lo mas Archie merecia. Eu sentia tanta raiva que não cabia dentro de mim. Mas o plano teria que ser perfeito e bem executado, nada poderia estar fora do script se não seríamos pego. 

Fechamos o trailer do Jughead e seguimos pra um hotel de beira de estrada um pouco distante da cidade. Pra podermos bolar o nosso plano e fugir, lá seria nosso esconderijo. Estava de tarde e no céu os abutres estavam rodeando formando-se em nuvens negras e do céu chovendo cinzas. Sabe quando tem algo queimando e aqueles estilhaços de papel queimado caem do céu? Este era o momento. O hotel não era nada bonito e nem mesmo tinha um banheiros particular, era preciso compartilhar com os demais hóspedes, era sujo e eu estava fora da minha zona de conforto. Jughead se divertia rindo de mim, mas o lugar era realmente nojento. Era um mal sinal. 

Os dias se passaram, eu não sabia dizer se Archie ainda procurava por mim ou se já havia desistido. Nós escondiamos no hotel e quase não saímos eramos como raposas fugindo dos caçadores, estávamos prestes a atacar. Acordei com as luzes neon fortes no meu rosto, Jughead não estava na cama. Levantei enrolada aí da na coberta sentido a porta e ele estava sentado na escada do hotel fumando. Sentei ao seu lado e o cobri, ele me abraçou e ficamos ali, sentados no frio enquanto o silêncio ficava cada vez mais alto, ele segurou minha mão, eu disse que estava com medo do que estávamos fazendo, ele sorriu, do jeito que me acalma esquentou minhas mãos as levando a sua boca e soprando ar quente e disse que tudo ficaria bem desde que tivéssemos um ao outro. 

O FUGITIVOOnde histórias criam vida. Descubra agora