Com toda aquela confusão, Victória nem tinha se dado conta de que não avisou João sobre nada do que tinha acontecido ali. E saber que a mãe dele era a pessoa que a pequena menina chamada de vó e tornou tudo ainda pior.
— O que você está fazendo beijando minha mulher?— João gritou vermelho de ódio...
Victória bufou e Heriberto fechou a cara no mesmo momento.
A sensação de escutar alguém tomar posse daquilo que nos pertence ainda mais se tratando de pessoas que amamos é quase como sentir uma cacetada na cabeça. Foi exatamente assim que os dois se sentiram quando perceberam que João estava parado aguardando explicações como se ele fosse de fato o marido de Victória.
Tantos anos haviam se passado e ele simplesmente queria reaparecerá ali? Bom demais para ser verdade. Victória ergueu sua cabeça. O modo como João tinha chegado ali para falar aquelas coisas parecia até uma cena de cinema. Heriberto observava tudo sem saber exatamente como reagir porque não conhecia Victória e não sabia o que dizer diante daquela declaração.
Será que os dois ainda tinham alguma coisa? Será que eles eram amantes? Ela não precisava ter nenhum amante e nem esconder uma relação com alguém porque era uma mulher solteira e desimpedida. Só que ao pensar nessa possibilidade, Heriberto ficava se perguntando como ela poderia ter beijado ele.
— Não diga tolices, João Paulo, você não é meu dono e nunca fomos casados! A única coisa que eu divido com você é a nossa filha que acabei de encontrar. Não há nada que eu queira dividir com você e portanto, não se atreva a dizer que sou sua mulher! Eu maldigo o dia em que me entreguei a você! Um homem sem cuidado comigo, sem medir as consequências de seus atos! Você foi a pior coisa que me aconteceu! Você é um homem que não sabe o que quer e portanto, sua chance comigo se perdeu há muitos anos atrás quando você me abandonou com nossa filha nos braços!
João ficou ouvindo tudo aquilo e seu coração partiu em dez pedaços, ela estava certa em tudo que dizia e aquele momento acertava algumas contas entre eles. Não tinha nenhum direito de reclamar Victória para ele, mesmo assim estava desesperado, queria recuperar a vida com ela, ter uma família.
— Eu errei e te peço perdão, Victória, agora que encontrou nossa filha podemos nos acertar.— ele olhou Heriberto segurando ela pegada a ele e sentiu uma raiva sem tamanho.— Você pode ao menos dar uma chance ao sentimento que um dia tivemos um pelo outro!
— Não há nada para ser resolvido! Nada para ser dito! Nada para ser pensado! Cale-se e vá embora, volte para a sua vidinha de padre feliz! Eu errei quando entreguei meu coração a você, errei quando ame um homem fraco, pequeno, incapaz de me dar abrigo quando precisei!— ela gritou com raiva dele.— Eu morei na rua, João! Na rua como um indigente! E você espera que eu te perdoe?
Ela se soltou de Heriberto e foi até João com toda frieza e calor do momento.
— É muito fácil pedir que se esqueça uma vida de dor quando é você que causou. Mas eu não vou perdoar nada, porque entre você e eu nunca existiu nada, só minhas ilusões e meu amor! Só isso que existiu, uma menina tola enganada por um homem que queria me usar, me tomar como um objeto, fazer de meu corpo sua recompensa. Você é como todos os outros! Você não é nada meu, e se eu descobrir que você sabia onde estava minha filha, nem pai dela você será!
Heriberto se aproximou de Victória, o homem não se atreveria a dizer nada ou a fazer nada com ela enquanto Heriberto estivesse ali, mas o gesto era para dizer a Vick que ela estava protegida e nunca mais estaria a mercê de ninguém.
— Você está nervosa e não me deixa ter a chance de mostrar que mudei, que me arrependo e que podemos apenas tentar!— ele falava com raiva.— Por Deus, Victória, você acha mesmo que eu te esconderia a nossa filha? Que faria algo assim com você?
— SUA MÃE CRIOU ELA! A menina me disse que sua mãe é a avó dela! Como você não sabia onde ela estava? Por Deus, digo eu, que bosta de filho você é? Não viu a menina lá? Não falou com ela.
João a olhou nos olhos e disse por fim. Estava ali para atuar com a verdade dos fatos. Ele sabia disso ou a verdade ou nada.
— Eu não vejo minha mãe a anos, Victória, desde que nos separamos me afastei de minha mãe e de todos. Eu te disse que não compactuei com nada que ela fez. Eu te amo!— ele disse suave e Heriberto bufou.
— Você pode ir embora? Victória tem problemas demais para que você seja mais um! Sai daqui e volte quando as coisas estiverem mais calmas.
— Eu não vou a lugar nenhum!— falou firme.— Quero falar com Victória a sós, ver minha filha e e você é quem para me impedir? Victória não é nada sua! Não pense que só porque deu um beijo nela isso te dá o direito de...
Um grito soou mais forte entre eles e Victória afirmou com toda categoria que exigia o momento.
— Eu sou uma mulher de Heriberto! Eu sou a mulher dele! Portanto, ele tem todo direito do mundo de dizer que não vamos conversar. Estou ocupada tentando entender toda essa loucura. Vá embora e quando nossa filha puder receber visita, você será avisado! Eu não sei quem te chamou aqui porque eu não te avisei e nem quero que esteja conosco! Você sempre foi ausente, volte para o buraco de onde você saiu e fique lá! Deixe que eu viva em paz!
Heriberto quase gritou de felicidade como se fosse um jogo de futebol onde ele pudesse comemorar aquela fala dela como um gol. A mulher era muito mais do que el tinha sonhado. Ela era muito mais do que qualquer home poderia sonhar, ela estava cheia de amor e decisão por ele. Um calafrio percorreu sua coluna e ele segurou Victória junto a ele.
— Eu vou voltar, Victória, pode apostar que essa conversa não acabou. Eu sei que esse é um momento delicado, mas eu vou ter a chance de mostrar a você que não sou um monstro! Eu mudei e quero o que é meu!
Vitória revirou os olhos e bufou. Estava bem tensa com tudo aquilo e ainda aparecia João e suas lamúrias.
— Você não tem nada aqui, João, você nunca teve nada! Agora suma daqui e não volte mais se tiver vergonha na cara!
João se virou com raiva e saiu dali do corredor com o coração acelerado. Victória se agarrou a Heriberto o mais que pode e ele alisou suas costas com carinho.
— Se acalme, ele já foi, está tudo bem!
— Me desculpe! Eu não queria te expor.— ela disse tensa, com medo, não queria que as coisas fossem assim, complicadas, que ele ficasse achando que ela era uma mulher sem classe.
— Está tudo bem, afinal você é minha mulher.— ele disse isso e ficou a espera do olhar dela.
Victória ergueu o rosto e o olhou com um sorriso delicado. Estavam juntos, ela disse aquilo no impulso e sentiu que ele estava tomando como um definitivo. Ela nem podia definir a quantidade de coisas que passava por sua cabeça naquele momento. Todos os sentimentos variados de questões de todo tipo.
— Eu não queria...— ela recuou e foi beijada, estava feliz demais.
Heriberto a tomou com todo carinho e a segurou junto a ele beijando com intensidade e quando as línguas se buscaram, ela deu um gemido e Heriberto gemeu de volta.
Os dois estavam intensamente ligados, era bom demais sentir aquele momento. Queria o amor e sentir que tudo estava se desenhando para que de fato ela fosse a sua mulher.
— Eu quero que seja a minha mulher, Victória, morro por te ter em meus braços e te fazer minha.— ele disse com atenção e cuidado.
— Eu quero ser sua, Heriberto, quero ser sua para sempre.— ela sussurrou se perdendo nos lábios dele.
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SUPREMO AMOR - TDA
RomanceVictória é uma mulher educada, elegante, cheia de dúvidas sobre sua vida. Ela espera com todo amor encontrar sua filha que sumiu há anos. A vida parece brincar com o amor que ela sente e mostra que algumas vezes, ser bom tem suas recompensas.